quarta-feira, 5 de setembro de 2012

CRÍTICA E PRECONCEITO


Redação 7

O racional e o insensato

Marina Zuccolotto Nogueira

Por definição, crítica é o julgamento racional e criterioso de algo. Sendo livre de convenções, a crítica se afasta muito do que vem a ser o preconceito, que se baseia numa análise generalizada e insensata. Aqueles que levarem as experiências pessoais e cotidianas em conta , saberão diferenciar a crítica do preconceito, pois a realidade e o bom senso encarregar-se-ão de mostrar o abismo que há entre eles e impedirão equívocos.

A crítica sempre é posterior a uma análise minuciosa que, geralmente, usa de critérios técnicos e artísticos para realizar o julgamento. Ela deve ser livre de pressupostos para cumprir com sua imparcialidade e agir com justiça. Desse juízo de valor pode-se esperar um resultado que, se não verdadeiro, seja aceitável, já que não se baseou em dogmas ou no senso comum. Sendo assim, mesmo quando a crítica condena e desqualifica, ela está cumprindo seu papel de examinadora imparcial.

Distante da racionalidade, o preconceito é insensato a ponto de fazer julgamentos baseados em aparências e estereótipos. Ele se esquece do confronto do ser “versus” parecer e não se preocupa em analisar a essência. Essa superficialidade torna o preconceito extremamente injusto, já que ele não estabelece um exame crítico, e sim um pré-julgamento sem critérios e até mesmo sem moral. Muitas vezes, o preconceito é hostil e bastante prejudicial para seu alvo. Quem sofre com ele é excluído socialmente, marginalizado e discriminado, sem ao menos ter a chance de revelar suas reais qualidades. Ele já foi usado diversas vezes durante a história da humanidade para que os povos que se prejulgavam superiores dominassem, escravizassem e subordinassem aqueles que para eles eram inferiores. O próprio Imperialismo do século XIX sobre África e Ásia baseou-se no preconceituoso e fraudulento Darwinismo Social, que propagava a missão civilizadora do homem branco, como pretexto para o domínio de territórios.

Se crítica e preconceito são tão diferentes e até mesmo opostos pela definição exata, equívocos que igualem os dois são, na verdade, pretextos para justificar a discriminação de minorias. Os conceitos divergem pelo esclarecimento intelectual do indivíduo, já que o segundo parte de intolerância e ignorância. Sendo assim, se alguém, ao julgar uma pessoa, utilizar suas experiências reais como parâmetro, dificilmente confundirá crítica com preconceito, pois as evidências lhe mostrarão que ser crítico envolve ética, enquanto que ser preconceituoso é tão insensato quanto julgar de olhos fechados.

REDAÇÃO 9

As relações entre crítica e preconceito

Raissa Lago Romero

O homem diferencia-se dos outros habitantes do planeta Terra por sua capacidade intelectual. Essa habilidade, apesar das inúmeras transformações que proporcionou – já que o homem, desde a Antiguidade, busca continuamente a evolução, a melhora através da crítica a modelos preexistentes –, também é responsável pela distinção, pela segregação entre a própria espécie humana, pois os que se julgam mais capazes intelectualmente têm, tradicionalmente, subjugado os que consideram mais fracos. A partir disso, pode-se perceber a lacuna existente entre a crítica, que promove o progresso humano em diferentes âmbitos, e o preconceito, que demonstra as limitações do homem, o qual não consegue agir em conjunto, com união, mas somente através da ascensão de uns que exercem domínio sobre outros.

Os benefícios alcançados a partir da capacidade humana de criticar, de não se acomodar, podem ser observados em diversos contextos históricos. O Renascimento é um dos melhores exemplos dessa característica da humanidade, pois essa época corresponde ao início das transformações que possibilitaram a passagem da Idade Média – período de quase completa dominação sobre a capacidade criativa do homem exercida pela Igreja – para a Era Moderna, que representou uma verdadeira “ebulição” de ideias, descobrimentos, invenções, do pleno exercício da intelectualidade humana. Essa passagem, no entanto, só foi possível por causa do espírito indagador do homem que não conseguiu aceitar por tanto tempo as verdades absolutas impostas pela Igreja, a qual condenava qualquer iniciativa transformadora que questionasse a ordem vigente.

Em oposição à crítica, aparece o preconceito. A própria palavra já indica seu significado, ou seja, a formação de uma opinião pré-concebida, sem fundamento racional. Este surge da necessidade humana de se diferenciar do outro, ao contrário da crítica que procura melhorar o outro. Um exemplo de preconceito, talvez o mais difundido em todo o mundo, é o da cor da pele. Objetivando a expansão de suas nações, alguns países europeus criaram a ideia de que os africanos eram seres inferiores por serem negros e, por isso, precisavam de sua ajuda. Essa foi a justificativa para respaldar a colonização desses povos. O imperialismo europeu ainda se reflete na miséria existente nos países da África negra. Além disso, esse julgamento sem qualquer embasamento científico, sem qualquer prova concreta se disseminou em todo o mundo, sendo responsável pelas dificuldades sócio-econômicas impostas a qualquer pessoa que sofra o “azar” de nascer com a pele negra.

Portanto, a maior diferença entre crítica e preconceito está nos efeitos que elas exercem sobre os homens. Não há como confundir os dois conceitos, pois um busca o progresso, a melhora da humanidade e o outro objetiva a diminuição do ser humano e a distinção entre os homens. Assim, enquanto a humanidade não consegue usar a sua intelectualidade por meio da crítica, superando os julgamentos preconceituosos, não conseguirá desenvolver uma evolução plena, abrangendo o todo e não só as partes.


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