segunda-feira, 30 de junho de 2008

Felicidade





Não deseje a felicidade.



"Não deseje a felicidade"Ela é um ideal que a gente constrói e nunca pode ser atingido. Só atrapalha", reflete a filósofa Viviane Mosé. "O que você tem que buscar no relacionamento é alegria, que não exige nada, é apenas um estado de vibração e abertura para a vida...". Se você tem um plano que vai ser feliz em um dia que nunca chega, perde o momento que é uma mistura de tudo isso - alegria, dor, vibração, tesão... a vida é um kit completo! Ninguém atinge um momento de perfeição. Tem mosquito no paraíso, enjôo no transatlântico, não existe ausência de movimento.... (e a felicidade é ausência de movimento!)." Viviane Mosé (psicanalista e filósofa)



sábado, 28 de junho de 2008

A PROVA DE REDAÇÃO NO VESTIBULAR UNICAMP

Em maio, a Comvest (Comissão Permanente para os Vestibulares) realizou, no campus de Campinas, a oficina “A Redação no Vestibular Unicamp” para estudantes de graduação e pós-graduação e professores do Ensino Médio.

Os objetivos da Oficina foram divulgar a filosofia, o formato, as características e a correção da prova de Redação da Unicamp e eliminar mitos e desinformações sobre a Redação dessa Universidade. Hoje, trataremos brevemente da correção e apresentaremos alguns mitos.

Para corrigir uma redação, a Unicamp considera quatro aspectos:

Consistência Temática

Coletânea

Tipo de Texto

Coesão/Modalidade

Para ser bem avaliado em redação, é necessário:


. em consistência temática: atender muito bem às instruções da prova.

· em coletânea: usar, no mínimo, um dos excertos, integrando-o ao conjunto do texto.

· em tipo de texto: desenvolver bem os elementos constituintes do tipo de texto escolhido.

· em coesão/modalidade: utilizar os recursos coesivos de modo a garantir uma leitura fluida do texto e empregar um léxico adequado às exigências de cada tipo de texto.


Todas as redações passam, por no mínimo, duas correções, as quais poderão anular a redação em consistência temática, coletânea ou tipo de texto. Toda anulação requer confirmação, que ocorrerá após uma terceira (ou até quinta) correção.

Cumpre destacar que é o curso escolhido pelo candidato que determina se a redação, feita por ele na 1ª fase, será ou não corrigida. Se o candidato optou por um curso de alta demanda, sua redação só será corrigida se ele atingir a nota de corte nas Questões Gerais da 1ª fase (nota de corte é o número mínimo de acertos, por carreira, necessário para que o candidato passe para a segunda fase do vestibular); já se ele escolheu um curso de baixa demanda sua redação será corrigida, independentemente da nota da 1ª fase.



Para finalizar, vejamos alguns mitos ou algumas inverdades:

todos os textos da coletânea devem ser utilizados na redação;

letra de forma em redação é proibido;

dados estatísticos ou outras informações específicas semelhantes incorretos levam a perda de pontos (atenção: só ocorrerá perda de pontos se a menção a esses dados ou a essas informações não for pertinente no texto);

palavras “bonitas” ou “difíceis” aumentam a nota.

TÍTULO EM REDAÇÃO

Colocação de título em redação


1. O que é título?
É uma frase que sintetiza o pensamento contido num texto.

2. É obrigatório colocar um título em uma redação?
O título só é obrigatório se houver algum comando, na proposta de redação, solicitando-o. Se não houver tal comando, não é necessário colocar título. Sua ausência não é penalizada.

3. Se o título for solicitado na proposta, mas, por esquecimento, não for colocado, a redação será anulada ou perderá muitos pontos?
Nem será anulada redação (a não ser que esteja explícito na proposta que a ausência de título implicará anulação da redação), nem serão descontados muitos pontos (muitas vezes, nenhum ponto é diminuído devido à ausência de título).

4. Qual a função do título?
O título tem a função de chamar a atenção do leitor para a leitura da redação.

5. Antes de começar a escrever uma redação, é necessário já pensar no título?
O melhor é só se preocupar com o título depois de a redação estar escrita. É nesse momento, após a leitura e releitura da redação, que o título deve ser escolhido.

6. Como escolher um título?
Entre as várias possibilidades, uma é resumir o último parágrafo da redação numa frase curta ou expressão ou então copiar (copiar, mesmo!) a última frase da conclusão.

7. É obrigatório pular linha entre o título e a introdução da redação?
Não. A introdução pode ser iniciada na linha seguinte ao título.


8. De onde surgiu o mito de que título é sempre obrigatório em redação e de que sua ausência sempre prejudica muito a nota da redação?
Entre outros fatores, surgiu da desinformação. Em geral, quem passa ou repassa esse mito não costuma acompanhar as publicações dos vestibulares ou ler atentamente as orientações das propostas de redação.

9. Se o tema for, por exemplo, “agricultura” e se o candidato quiser atribuir um título a sua redação, que título ele poderá colocar?
Esse tema foi solicitado pela Unicamp em 2007. Entre as redações, acima da média, apareceram algumas com títulos. Vejamos alguns:

· A melhor alternativa

· A semente de uma grande idéia

· Os biocombustíveis e a ação do Estado

· Agricultura planejada

· Opção pela energia

· Investir em bioenergia é investir em crescimento

· O ciclo do biocombustível

10. Deve-se usar pontuação (ponto final, interrogação, exclamação) em título?
Se o título for uma oração, convém utilizar a pontuação adequada. Se não, evite a pontuação. Mas, mesmo quando for oração, a ausência de pontuação não “acaba” com a redação como bem se observa no penúltimo título - uma oração.


Profª Márcia Garcia -
Mestre em Letras - é professora de Língua Portuguesa e Redação para Concursos e Vestibulares. e-mail: marciaagarcia@yahoo.com.br







REDAÇÃO






A seguir, apresentamos a lista dos gêneros textuais que poderão ser solicitados para a produção da redação nos vestibulares de 2008 e 2009.

1. Artigo de opinião.
2. Carta do leitor.
3. Carta de reclamação.
4. Carta réplica.
5. Crônica.
6. Relato.
7. Reportagem.
8. Resposta de questão interpretativa/argumentativa.
9. Resumo.
10. Texto instrucional.



RESUMO
"resumir é identificar as idéias centrais e secundárias de um texto; é apresentar uma síntese do texto que corresponde à compreensão do que foi lido."

Faça um resumo do texto abaixo, com 12 (doze) linhas, no máximo.


Definindo teoria


A palavra "teoria" vem aparecendo bastante na mídia, em parte devido ao debate entre criacionismo e ciência. Existem usos diferentes do termo, que acabam criando confusão. No seu uso popular, o termo descreve um corpo de idéias ainda incerto, baseado em especulações não demonstradas. Teoria, para muitos, significa um corpo de hipóteses esperando ainda por confirmação. Às vezes, o uso popular do termo distancia-se ainda mais do científico, significando idéias que são meio absurdas, fora da realidade: "Ah, esse cara sempre foi um inventor de teorias, não sabe do que está falando", ou "isso aí não passa de uma teoria, provavelmente é besteira".
Teoria em ciência significa algo completamente diferente. O termo mais apropriado para uma idéia de caráter especulativo é hipótese, e não teoria. Uma hipótese é justamente uma suposição ainda não provada, aceita provisoriamente como base para investigações futuras. Por exemplo, a panspermia é uma hipótese que sugere que a vida na Terra veio de outras partes do cosmo. Não sabemos se está certa ou errada, mas podemos tentar comprová-la ou refutá-la. Já uma teoria consiste na formulação de relações ou princípios descrevendo fenômenos observados que já foi verificada, ao menos em parte. Ou seja, uma teoria não é mais uma mera hipótese, tendo já passado por testes que confirmam suas premissas.
Quando cientistas falam de uma teoria, falam de um corpo de idéias aceitas pela comunidade científica como descrições
adequadas para fenômenos observados. A confirmação é por meio de observações e experimentos, o que cientistas chamam de método de validação empírica. Quanto mais sucesso tem uma teoria, maior o número de fenômenos que pode descrever. Quanto mais elegante, mais simples é.
Uma teoria de enorme sucesso em física é a teoria da gravitação universal de Newton. Ao propor que objetos com massa exercem uma força de atração mútua cuja intensidade cai com o inverso do quadrado da distância entre as massas, Newton e seus sucessores foram capazes de explicar as órbitas planetárias em torno do Sol, o fenômeno das marés, a forma oblata da Terra (achatada nos pólos), o movimento de projéteis na Terra e no espaço etc. Quando a Nasa lança um foguete da Terra ou o faz colidir com um cometa, a teoria usada no planejamento das missões é a de Newton. Testes em laboratórios e observações astronômicas mostram que a teoria funciona extremamente bem em distâncias que variam de décimos de milímetros até milhões de trilhões de quilômetros, a escala em que galáxias formam aglomerados atraídas por sua gravidade mútua.
Isso não significa que a teoria (ou qualquer outra) seja perfeita. Sabemos que ela deixa de ser válida quando objetos estão muito próximos de estrelas como o Sol. Correções são necessárias, no caso fornecidas pela teoria da relatividade geral de Einstein, que, em 1916, generalizou a teoria de Newton. O fato de teorias não serem perfeitas é fundamental para o progresso da ciência. Caso contrário, não nos restaria nada a fazer. E é justamente aqui o lugar da hipótese em ciência, tentando, através de idéias ainda não demonstradas, alavancar o conhecimento, desenvolver ainda mais nossas teorias. Para construir a teoria da relatividade, Einstein supôs que a velocidade da luz é sempre constante e que a matéria curva o espaço. Quando isso foi confirmado, a formulação ganhou o título de teoria. A pesquisa agora gira em torno dos limites dessa teoria e de como pode ser melhorada.
(GLEISER, Marcelo. Folha de S. Paulo, Mais!, 02 out. 2005.)
RESUMO


A popularização da palavra teoria tem distorcido o seu significado. Popularmente, o termo implicaria em hipóteses não confirmadas, sendo basicamente idéias sem base sólida e distantes do real. Para a ciência, o termo adequado para uma idéia especulativa é hipótese. Uma hipótese é uma suposição que pode ser questionada representando uma base para estudos posteriores. Um exemplo de hipótese é a panspermia. Uma teoria apresenta princípios sobre fenômenos confirmados já observados por cientistas formando um conjunto de idéias aceitas cientificamente através do método de validação empírica, que as comprovam por meio de experimentos. Uma teoria de grande êxito é a teoria da gravitação universal de Newton, que através de testes e estudos astronômicos tem comprovado a sua utilidade. Embora tenha funcionado bem, isso não quer dizer que uma teoria não apresente falhas. Esse fato funciona como uma alavanca para o progresso científico. É exatamente aí que a hipótese entra em cena, aperfeiçoando as teorias através de novos questionamentos.
Criação ou descoberta?

Fala-se muito no grande abismo entre ciência e arte, a primeira lógica, objetiva, enquanto a segunda é intuitiva, subjetiva. O poeta inglês John Keats acusou seu conterrâneo Isaac Newton de ter "desfiado o arco-íris" com suas explicações físicas sobre a difração da luz. Ou seja, explicar racionalmente algo de belo que existe no mundo é insultar a sua existência, tirar a sua poesia.É o velho problema das "Duas Culturas", que o escritor e físico inglês C.P. Snow, em um pronunciamento de 1959, acusou de estar levando à desintegração sociocultural, à fossilização da criatividade moderna. Segundo ele, apenas a reintegração das duas culturas levará a humanidade a novas respostas para alguns de seus maiores desafios.Um leitor desta coluna me escreveu recentemente pedindo que eu esclarecesse a distinção entre descoberta e criação. Mais especificamente, a diferença entre as duas dentro da ciência.Nós criamos ou descobrimos a ciência? Será que as nossas teorias e os nossos teoremas estão codificados de algum modo na natureza e tudo o que faz um cientista é "des-cobri-los", levantar a coberta que os esconde, revelando seu significado? Ou será que os criamos, usando nossa intuição, observação e lógica?Complicada, essa pergunta. E profundamente ligada à questão das duas culturas. Se fosse prudente, parava por aqui, citando a minha sábia avó, que dizia que "criar é coisa de Deus, descobrir é coisa de gente". Mas por que não tentar inverter isso, fazer do homem criador e não só criatura? Afinal, descobrir é emocionante, mas bem mais passivo do que criar.Comecemos pelo "Aurélio". "Criar" significa dar existência a; dar origem a; formar; imaginar. "Descobrir" significa tirar cobertura que ocultava, deixando à vista; encontrar pela primeira vez; revelar etc. À primeira vista, a distinção entre as duas culturas está nessas definições.O artista é o criador, ele ou ela dá existência a algo que não existia, enquanto o cientista é o descobridor, aquele que revela o significado oculto das coisas, sem criá-las. Beethoven criou a sua Nona Sinfonia, certo? Ela não existia antes de ele existir. Já Newton descobriu as três leis do movimento --elas estavam lá, escondidas na natureza, esperando para serem reveladas pela mente certa.Muita gente pode se contentar com essa explicação e dar o caso por encerrado. Mas eu não. Para mim, a ciência é uma criação, tão criação quanto uma obra de arte. O fato de arte e ciência obedecerem a critérios de validade diferentes, de a ciência ter uma aceitação baseada no método científico, que provê meios para que teorias sejam testadas frente a observações, não muda a minha opinião. Ciência é criação do homem, fruto de nossos cérebros e de nosso modo de ver o mundo. Para entender isso, basta examinarmos um exemplo de sua história.Aristóteles dizia que a gravidade vinha da tendência dos corpos de voltarem ao seu lugar de origem: uma pedra caía no chão porque foi de lá que ela tinha vindo. Newton, no século 17, propôs que a gravidade era uma força entre quaisquer corpos materiais, com intensidade proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado de sua distância. Einstein, em 1916, disse que a gravidade vem da curvatura do espaço em torno de um corpo maciço, reduzindo-a a um efeito geométrico.Todas essas teorias foram propostas para explicar os mesmos fenômenos. Imagino que Einstein não terá a última palavra: a gravidade será explicada de formas diferentes, na medida em que o conhecimento científico avançar. Junto com novas tecnologias e novos conceitos surgem novas representações do mundo natural. Pode-se descobrir um novo fenômeno, mas sua explicação é criada.Pensemos agora em uma outra história, a da representação gráfica da crucificação de Cristo. No século 13 era uma coisa, na Renascença, outra, no século 18, ainda outra, e no 21, outra completamente diferente. O evento é o mesmo, mas a sua representação gráfica muda, porque muda a perspectiva artística. É perfeitamente razoável para um artista recriar a crucificação como um amálgama do seu subjetivismo e dos valores culturais da época em que vive. A visão artística está sempre em transformação.A científica também está. Ciência é uma construção humana, criada para que possamos compreender o mundo em que vivemos. O que se descobre são novos modos de criar.Marcelo Gleiser é professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "O Fim da Terra e do Céu"
RESUMOS


Em seu texto publicado na Folha de São Paulo, Marcelo Gleiser levanta a seguinte questão: Afinal a ciência é uma criação humana ou apenas uma descoberta?
Para muitos, cientista é aquele que revela o sentido oculto das coisas pré-existentes, enquanto que o artista cria o que não existia antes. No entanto Gleiser acredita que a ciência é uma criação do homem, assim como a arte o é, apesar de obedecerem a critérios diferentes. Como exemplo ele cita a gravidade, que ao longo da história foi explicada de maneiras distintas por Aristóteles, Newton e Einstein, mas que poderá encontrar novas possibilidades de explicação à medida em que o conhecimento científico avança. Portanto, finaliza Marcelo, a visão científica é uma construção humana em constante transformação, e o que se descobre são novos modos de criar.



Marcelo Gleiser, que aqui desenvolve uma dialética entre arte e ciência, rejeita a idéia de que esta, por seu caráter lógico e objetivo, não constitua fruto de criação, como a arte. Para o autor, a ciência pode ser essencialmente uma obra de arte. O próprio cérebro humano é capaz de conceber o pensamento artístico tanto quanto o científico. Para sustentar seu ponto de vista cita o fato de que cientistas diferentes em épocas diferentes explicam o mesmo fenômeno de modos diversos. A concepção de mundo evolui em função do tempo e do conhecimento, os quais, equacionados pela extraordinária capacidade humana de pensar, convergem para uma criação que se renova.