terça-feira, 11 de agosto de 2009

ENEM - EXERCÍCIO DE REDAÇÃO

1 - O Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) exige que o candidato redija um texto do tipo dissertativo-argumentativo, cujo tema se relacione a questões sociais, políticas, culturais e/ou científicas, a partir de uma situação-problema.


2 - A avaliação é feita por critérios de competências, as quais, de acordo com o MEC (Ministério da Educação), são as modalidades da inteligência que usamos para estabelecer relações entre o que desejamos conhecer, e por habilidades, as quais são competências adquiridas e estão ligadas ao "saber fazer".


3 - São cinco as competências avaliadas na prova de redação, conforme se verifica a seguir: I- Dominar linguagens; II- compreender fenômenos; III- enfrentar situações-problema; IV- construir argumentações; V- elaborar propostas de intervenção solidária.


4.Entre essas competências, deve-se observar principalmente a de número 5, ligada à elaboração de propostas de intervenção com preocupações éticas e sociais ("no Enem o posicionamento ético e solidário vêm primeiro").


5. Análise da competência nº 5 (Elaborar proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural): partindo-se de uma proposta de redação que apresenta uma situação-problema, é possível concluir que toda a construção da argumentação deve ter como objetivo a apresentação de possíveis soluções para a questão levantada. A solução, ou soluções, porém, deve resultar de uma relação lógica e coerente com os argumentos, opiniões, informações e dados apresentados no desenvolvimento. Ademais, embora seja muito difícil que isso ocorra - até porque muitas formas de preconceitos e/ou desrespeito aos valores humanos recebem hoje algum tipo de sanção legal -, é aconselhável cautela diante de seu posicionamento a respeito de determinadas questões consideradas o calcanhar-de-aquiles das sociedades contemporâneas. Por exemplo, o preconceito racial, social e/ou religioso, a prática de tortura ou a apologia à violência de qualquer espécie. A razão é óbvia: idéias e/ou concepções retrógradas e pouco ortodoxas acerca desses temas vão contra as muitas conquistas, sociais, políticas e culturais sedimentadas depois de décadas ou até mesmo séculos de luta por justiça social e respeito à integridade humana.

* Nilma Guimarães é formada em letras clássicas e vernáculas pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Cursa o mestrado em educação pela Faculdade de Educação da USP, na área de metodologia do ensino de língua portuguesa. http://educacao.uol.com.br/ultnot/2007/08/22/ult1811u184.jhtm



EXERCÍCIO DE REDAÇÃO

Considerando as informações acima, para cada dissertação a seguir, redija um último parágrafo (5 a 7 linhas) apresentando proposta(s) de intervenção.


1ª redação:


Quando o sol da cultura está baixo, até os mais ínfimos seres emitem luz


Marcel Proust, grande escritor e exemplo máximo de uma vida dedicada unicamente à leitura e à literatura, disse em seus escritos “cada leitor, quando lê, é um leitor de si mesmo”. O que Proust evidencia nessa frase deixa em aberto uma série de interpretações que podem ser realizadas a partir do hábito entusiástico e não visto como uma obrigação, pela leitura.

Estar em contato com o universo das palavras e nele encontrar uma atividade prazerosa, ao mesmo tempo que nos leva a absorver todo o conhecimento exterior, também nos conduz a uma busca de tudo que representa algo de nós mesmos nesse conhecimento que chega até nós. Em cada nova leitura, ocorre algo semelhante a uma lapidação de nossos desejos e predileções.

Os livros constituem um tipo de transporte de conhecimento diferente da televisão por exemplo, onde as informações são transmitidas a todo o momento, e para tal, só precisa de nossa permissão para a passagem de suas imagens através de nosso córtex. O nível de saber que podemos extrair de um livro possui o mesmo limite de nossa vontade de fazê-lo. E, ao contrário das informações “prontas” da televisão, temos a total liberdade de interpretação, o que confere o aperfeiçoamento de nosso senso crítico e o melhoramento de como nos posicionamos diante do mundo.



2ª redação:


Benefícios da leitura

Como a leitura pode transformação nossa realidade? A leitura é extremamente importante, não apenas por ser fundamental em nossa formação intelectual, mas também por permitir a todos um acesso a um mundo de informações, idéias e sonhos. Sim, pois ler é ampliar horizontes e deixar que a imaginação desenhe situações e lugares desconhecidos e isto é um direito de todos.

A leitura permite ao homem se comunicar, aprender e até mesmo desenvolver, trabalhar suas dificuldades. Em reportagem recente, uma grande revista de circulação nacional atribuiu à leitura, a importância de agente fundamental para a transformação social do nosso país. Através do conhecimento da língua, todos tem (sic) acesso à informação e são capazes de emitir uma opinião sobre os acontecimentos. Ter opinião é cidadania e essa parte pode ser a grande transformação social do Brasil.

Os benefícios da leitura são cientificamente comprovados. Pesquisas indicam que crianças que tem (sic) o hábito da leitura incentivado durante toda a vida escolar desenvolvem seu senso crítico e mantém seu rendimento escolar em um nível alto. O analfabetismo, um dos grandes obstáculos da educação no Brasil está sendo combatido com a educação de jovens e adultos, mas a tecnologia está afastando nossas crianças dos livros.

Permitir a uma criança sonhar com uma aventura pela selva ou imaginar uma incrível viagem espacial são algumas das mágicas da leitura. Ler amplia nosso conhecimento, desenvolve a nossa criatividade e nos desperta para um mundo de palavras e com elas construímos o que gostamos, o que queremos e o que sonhamos.


http://www.enem.inep.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=66&Itemid=101

terça-feira, 7 de julho de 2009

quarta-feira, 29 de abril de 2009

ESQUEMA DISSERTATIVO: A RETROSPECTIVA HISTÓRICA

Nesta aula, será desenvolvida uma dissertação por meio de retrospectiva histórica. Certos assuntos permitem esse tipo de análise, que pode ser realizada por meio do seguinte esquema:



INTRODUÇÃO

1º parágrafo: apresentação do tema e da tese.

DESENVOLVIMENTO

2º parágrafo: retrospectiva histórica (época mais distante).

3º parágrafo: retrospectiva histórica (época mais próxima e época atual).

CONCLUSÃO

4º parágrafo; expressão inicial (portanto, em resumo, dessa forma etc.) + retomada do tema e da tese (agora sob uma perspectiva histórica).



Obs: se você estiver escrevendo uma redação sobre um tema cuja retrospectiva histórica envolva três épocas diferentes, convém escrever um parágrafo para cada época.




Para maior compreensão desse esquema, escreva, para o tema abaixo, uma dissertação que utilize tal esquema.


TEMA


Vivemos atualmente a era da comunicação e recebemos todos os dias informações sobre os mais diferentes pontos da Terra, que nos chegam com a rapidez e eficiência dos veículos eletrônicos do mundo contemporâneo.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

A escolha

março 23rd, 2009 Posted in Filosofia, Igreja, Imprensa

Coluna de hoje, 23/03. Leitura obrigatória para quem quiser tomar parte no debate de forma séria (e não ao molde dos diletantes que palpitam por aqui aos montes). Chamo atenção para as referências ao iluminismo e convido à leitura do post imediatamente anterior.


TEMA DURO esse da menina estuprada em Pernambuco. O debate sobre aborto é difícil porque reúne forças sociais antagônicas. Os pró-aborto são tão duros quanto os católicos: é um diálogo de surdos. As crenças que alimentam a posição católica são nulas para os não-crentes.
Para os antiaborto, legalizar o aborto é legalizar uma forma de homicídio. Seria você menos radical se visse seu país tornar prática legítima um tipo de homicídio? Por outro lado, seria você menos radical se visse os religiosos te proibirem de se livrar de um problema (o feto) somente porque eles creem em algo que você não crê?
A violência dos pró-aborto vem da relação entre aborto e liberdade: proibir o aborto é tornar a mulher presa da mecânica reprodutiva. Sem precisar ir fundo na filosofia latente nessa posição, é evidente a negação da humanidade do feto nesse caso. O feto não seria mais do que um punhado de células.
Daí todo o infeliz debate acerca de uma definição "científica" da vida: os pró-aborto precisam se resguardar numa definição "científica" do que não seja humano (ou seja, desumanizar o feto) para não serem vistos como exterminadores de vítimas indefesas.
Do ponto de vista do Estado laico, legalizar o aborto pode ser visto apenas como um ato dentro do princípio político de tolerância, no qual o Estado "passa a bola" para o indivíduo e suas instâncias sociais: as pessoas que decidam, quem julgar "crime" não faça, quem não julgar "crime" que faça. Evidente que para os antiaborto, esse passo não é tolerante para com a vítima (o feto), que não tem voz ativa no processo. A própria ideia de crime de fato já desapareceu. De novo, seria como deixar ao assassino a decisão livre de matar ou não.
Outro fato que torna esse debate viciado é o preconceito contra a Igreja Católica, aliás, o único preconceito aceito pelos "inteligentes". Daí o desfile de expressões banais como "Inquisição", "Idade Média" ou "trevas". Puro senso comum. A igreja não é estúpida. Estúpido é quem pensa que ela o seja. Sua herança de 2.000 anos atesta a vida de uma instituição que soube atravessar séculos frequentando todas as trincheiras do mundo.
Para os pró-aborto, a máxima iluminista "O mundo só terá paz quando o último rei for enforcado nas tripas do último papa" continua sendo um princípio político. Infelizmente, grande parte dos estudos "científicos" sobre a Igreja Católica sofre do mesmo preconceito banal.
A identificação medíocre dela com mera instância de opressão vicia a reflexão, principalmente porque muitos desses estudiosos partilham da mesma máxima iluminista. Ao contrário, a igreja exerce hoje um (solitário) papel essencial como instituição que relativiza as obviedades modernas, entre elas o de nos lembrar da desumanização silenciosa do feto que opera no fundo dos argumentos pró-aborto.
Mas o caso da menina em Pernambuco tem dois agravantes: o suposto risco de vida da "mãe", uma menina de nove anos, e a violência sexual por parte do padrasto. Ambos tornam o aborto legítimo perante a lei. Aqui se agrava, aos meus olhos, o ruído de grande parte do debate. Fosse minha filha a menina de nove anos, eu não pestanejaria, faria o aborto. A ideia de ela correr risco por culpa de um canalha me levaria a fúria. Entre perder minha filha e a eliminação de dois bebês "estranhos", optaria pela eliminação dos bebês. Não usaria eufemismos. Não pediria para que me considerassem um guerreiro da luz contra as trevas nem pediria palmas. Aceitaria a culpa como parte da escolha. Fosse eu o médico envolvido no procedimento, tampouco pestanejaria. Mas não veria aí a vitória da ciência contra a religião, mas uma dura decisão num campo de batalha: qual das vítimas deve morrer?
Para além da insensibilidade do bispo e das banalidades de quem se julga um agente da luz contra as trevas, acho essencial que alguém continue repetindo, mesmo sendo enxovalhado, que em meio às agonias dos seres humanos sempre existem vítimas silenciosas. A história está cheia de exemplos de desumanização política e "científica" a serviço do extermínio. Logo existirão cientistas que gritarão em favor do uso de fetos abortados em pesquisa. Por que o desperdício?
De minha parte, repito, escolheria minha filha, sabendo que meu ato implicou a morte de seres inocentes, mas a paixão por minha filha me impediria o luxo de ter princípios. (Luiz Felipe Pondé)



http://www.gabrielferreira.com.br/index.php/luis-felipe-pond-no/
À espera da nova Lei de Imprensa


O leitor precisa saber que a lei, de 67, tem regras compatíveis com as boas normas sobre a liberdade de imprensa


É UMA PENA QUE a momentosa discussão sobre uma nova lei de imprensa -ou a dispensa dela- não tenha chegado ao fim na última quarta-feira, no STF (Supremo Tribunal Federal).O voto do ministro Carlos Ayres Britto, quando publicado, permitirá o conhecimento integral de sua sustentação, que, conforme os trechos referidos pelo noticiário (desta manhã de quinta-feira, quando a coluna é escrita) aponta no sentido da desnecessidade de tal lei.Uma das críticas que vêm sendo feitas é a de que a lei nº 5.250/67, a atual Lei de Imprensa, foi editada sob a ditadura militar, o que constituiria razão forte para ser inteiramente desconsiderada e não recebida pela Carta Magna. Não parece objeção razoável.Em 2009, a Constituição completará 21 anos. A lei nº 5.250 vem sendo aplicada desde então, sob a Carta democrática de 1988, com vantagem para o direito. Impede certos abusos das indenizações desproporcionais, como exemplo mais gritante.O leitor precisa saber que a lei nº 5.250/67 tem regras que -depois do fim dos atos institucionais- são compatíveis com as boas normas sobre a liberdade de imprensa. Defender parte de sua persistência até que nova lei seja votada é uma posição diferente daquela que reconhece o afastamento de textos ainda condenáveis, mas preserva quantos subsistem mesmo sob os artigos 5 e 220 da Carta.No tempo da ditadura, o governo dispunha de poderes absolutos para calar os meios de comunicação, mesmo em face do artigo 2º da lei, no qual se lê que: "É livre a publicação e circulação, no território nacional, de livros e de jornais e outros periódicos, salvo se clandestinos ou quando atentem contra a moral e os bons costumes". Esta última restrição acha-se, sob outra redação, no parágrafo 3º do artigo 220 e no inciso IV do artigo 221 da Carta de 88.O Supremo Tribunal Federal poderá afastar desde logo os dispositivos que arranhem a Constituição, no todo ou em parte. Não é estranho à Constituição que certos assuntos sejam objeto de regulação na lei ordinária. Os dispositivos que tolhem a liberdade continuarão suspensos até a aprovação de nova regra.Recentemente referi, nesta coluna, a posição de Judith Brito, presidente da Associação Nacional de Jornais, aceitando uma lei de conteúdos mínimos, de natureza instrumental, capaz de impedir a censura e as decisões judiciais suportadas pelo arbítrio de juízes em comarcas espalhadas pelo Brasil, contra emissoras ou jornais de caráter nacional.Sob outro ângulo, a ordem jurídica quanto aos serviços de radiodifusão vem sendo submetida a leis votadas já no regime democrático. As transformações geradas pelos meios modernos de transmissão eletrônica ou de informática podem ser acolhidos, mas outros hão de ser vedados em formas cuja natureza deve ser contida na lei.No debate a ser retomado pelo Supremo Tribunal Federal no próximo dia 15, muitos pontos estarão em aberto para rediscussão, entre os quais o da obrigatoriedade de diploma de jornalista em curso superior. O mesmo se diga da punição pelos abusos da liberdade de manifestação a serem contidos em limites de razoabilidade, pois o excesso não pode depender de vontades individuais contrastantes ou a interesses que terminem matando a liberdade desejável. (WALTER CENEVIVA)

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0404200902.htm
O Brasil pode ser a Suécia de amanhã?



OCTÁVIO LUIZ MOTTA FERRAZ e EMANUEL KOHLSCHEEN

Como reduzir os níveis de desigualdade de nosso país para que possamos colher os frutos que recompensam sociedades mais igualitárias?

MESMO QUEM não acredita que a redução das desigualdades socioeconômicas seja uma exigência de justiça social, conforme estampado na Constituição brasileira, tem razões de sobra para desejá-la ao menos instrumentalmente, isto é, como política pública comprovadamente eficiente no combate a várias mazelas sociais. Países menos desiguais ostentam em regra índices menores de criminalidade, melhores níveis de saúde pública, maior confiança e solidariedade entre as pessoas e maiores perspectivas de desenvolvimento sustentado. Essa relação, bastante intuitiva, vem sendo confirmada em diversos estudos empíricos analisados e divulgados em recentes relatórios de instituições internacionais (ver, como exemplo, o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2006: Equidade e Desenvolvimento, do Banco Mundial).A mensagem desses estudos é bastante clara. Ainda que não se acredite no valor moral intrínseco da igualdade, é melhor para todos viver numa sociedade mais igualitária. Mesmo nos países desenvolvidos, em regra muito menos desiguais que o resto do mundo, é possível verificar o fenômeno das patologias da desigualdade, como bem as denominou o filósofo político Brian Barry, da Universidade Columbia (EUA). Para citar apenas alguns dados, americanos e britânicos, apesar de viverem em dois dos países mais ricos do mundo, ocupam, respectivamente, a 36ª e a 46ª posições no ranking mundial de expectativa de vida, segundo dados do próprio governo americano ("CIA Factbook", 2008). Os EUA são também o país desenvolvido com a maior taxa de homicídios, quase dez vezes superior à média da Europa (Banco Mundial, 2002). A maior desigualdade das sociedades britânica e americana é apontada como fator contributivo importante dessas discrepâncias em relação aos demais países desenvolvidos. O Brasil, apesar da recente queda de desigualdade registrada por órgãos de pesquisa (Ipea, IBGE), continua a ser um dos países mais desiguais do mundo e a sofrer, consequentemente, das patologias da desigualdade. Como, porém, reduzir mais rápida e significativamente os níveis de desigualdade de nosso país para que possamos colher os frutos que recompensam sociedades mais igualitárias? Numa economia capitalista, o principal mecanismo de equalização é necessariamente a redistribuição, pelo Estado, das riquezas originariamente distribuídas de maneira desigual pelo mercado. E o mecanismo mais eficiente para isso é a combinação de impostos progressivos com investimentos sociais generosos nas áreas da educação e saúde públicas e nas redes de proteção social, como o seguro-desemprego (as políticas do chamado Estado de bem-estar social). Nada muito diferente, portanto, do que fizeram a Suécia e outros países que resistiram melhor à onda neoliberal nascida nos EUA e na Grã-Bretanha, hoje totalmente desacreditada pela grave crise financeira mundial. Assolada por níveis espantadores de pobreza no século 19, a Suécia investiu pesadamente na infraestrutura social e, principalmente, na educação dos seus cidadãos, o que continua até hoje, ancorando a competitividade do país na economia globalizada. Investimentos em pesquisa e desenvolvimento acima de 3% do PIB resultam na maior taxa mundial de registro de patentes de novos produtos per capita.A Suécia figura hoje entre os países mais ricos do mundo. É evidente que a manutenção dessas políticas tem custos que só podem ser financiados pela adoção de impostos progressivos -o outro lado da moeda. O Imposto de Renda na Suécia chega a quase 60% para os mais ricos, enquanto no Reino Unido chega a 40%, nos EUA, a 35%, e no Brasil, a 27,5%. Cidadãos e políticos suecos entendem que esse é o preço justificado da manutenção de uma sociedade desenvolvida, segura e saudável. Resta, então, responder à pergunta do título deste artigo: poderia o Brasil se transformar em um país tão igualitário como a Suécia e colher os claros benefícios dessa opção política? O último relatório da OCDE sobre a economia da América Latina traz um dado que talvez surpreenda a muitos: as desigualdades da Suécia não são tão diferentes assim das do Brasil quando analisadas pré-atuação estatal, ou seja, pela mera alocação do mercado. Implementar as políticas fiscais e sociais necessárias para nos transformarmos num país mais igualitário é, portanto, uma questão de vontade política. Parafraseando o novo presidente americano, a resposta é: "Sim, podemos!". OCTÁVIO LUIZ MOTTA FERRAZ, 37, mestre em direito pela USP e doutor em direito pela Universidade de Londres, é professor de direito da Universidade de Warwick (Reino Unido). Foi assessor sênior de pesquisa do relator especial da ONU para o direito à saúde (2006). EMANUEL KOHLSCHEEN, 35, doutor em economia pela Universidade de Estocolmo (Suécia), é professor de economia da Universidade de Warwick (Reino Unido).
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0904200908.htm
LUIZ FELIPE PONDÉ

A dúvida


O padre legal pode ser um pedófilo. Poderia existir amor ali onde existe pedofilia?



O FILME a "Dúvida", de John Patrick Shanley, debate uma das questões mais dramáticas da atualidade, a pedofilia. Não se trata, apenas, de um filme sobre os dramas internos a uma igreja católica em processo de modernização em meio ao Concílio Vaticano II. Trata-se sim de um dilacerante debate acerca das rotinas de nosso pensamento moral, que muitas vezes beiram o puro sonambulismo. Os personagens são um padre doce e pra frente, Philip Seymour Hoffman, a diretora e madre superiora antipática e careta, Meryl Streep, um triste aluno negro (estopim da trama), sua mãe e uma jovem freira ingênua. Estamos nos anos 60 -esse mito de revolução que fez das maiores utopias da modernidade um problema de quem transa com quem e quem fuma o que na era de aquários.Os anos 60, que inventaram bobagens como a figura do "jovem" como agente natural do "avanço", estão representados na trama pela tensão entre o padre legal e a freira opressora. Diga-se de passagem, os tipos funcionam: o padre é alguém que inspira esperança e amor pela humanidade, a madre superiora é mesmo alguém que não temos vontade de dar um bom dia no corredor.Tudo começa com as suspeitas da jovem freira de que algo esteja ocorrendo entre o padre legal e o menino negro -primeiro e único negro da escola. Uma série de eventos nos leva a uma cascata de dúvidas.A freira neurótica assume como verdade que o padre mente. Numa armadilha (jogando verde sobre uma suposta transgressão dele na escola anterior de onde saiu "misteriosamente", e colhendo a certeza acerca da vergonha desse "mistério"), a freira dá o xeque-mate, e o padre se demite. Entretanto, não teremos nenhuma prova de que tenha ocorrido algo entre ele e o menino negro.Sim, o padre legal pode ser um pedófilo. Poderia existir amor ali onde existe pedofilia? Perguntas assim apontam para um dos nossos piores pesadelos. As coisas pioram quando a mãe deixa claro para a feia madre superiora que sabe que o filho tem "uma natureza tal", e que se o padre gosta dele e o está ajudando, e se ele (seu filho) se sente bem com isso, que ela não atrapalhe as chances que seu filho negro tem de ter um diploma de uma escola que abrirá portas em seu futuro. Por que não aproveitar um amor útil? Quantas vezes amor e interesse se misturam numa forma de limites invisíveis?Quem combate a pedofilia no filme é aquele tipo de pessoa que os preconceituosos de plantão chamariam "a repressora", e não uma ONG de direitos humanos, esta, provavelmente, contrataria qualquer padre legal para rezar missas com rock and roll. Cabe a louca, a nojenta e mal amada fazer o papel da ética.Difícil esse mundo de adultos, não? Numa das cenas mais bonitas do filme, quando conversa com a jovem freira romântica, o padre amoroso e sincero afirma que o mal da madre superiora é optar pela virtude em detrimento do amor ("kindness", nas palavras do padre). Pergunta ele: não é nossa missão acolher e gerar amor no mundo?A freira feia é incapaz de imaginar que ele ame o menino sem maldade porque ela não ama ninguém. O amor é quase sempre improvável. O excesso de retidão moral nela a torna cega para a beleza improvável. O excesso de amor, por outro lado, nos lançaria num caos de amor? Lennon estava errado? "All you need is love" seria mais um clichê dos anos 60?Sendo ela feia, vê a monstruosidade em toda parte, e por isso a enxerga onde outros são enganados pela beleza imunda, assim como gatos facilmente acham ratos pela própria natureza que possuem -analogia "citada pelo roteirista" numa maravilhosa cena na qual a freira afirma "saber reconhecer" gente como o padre.É claro que o filme não está fazendo uma ode à "pedofilia com amor". Não se apressem almas superficiais, ansiosas por "escândalos de plantão". Voltem ao sono dogmático de suas tumbas. É justamente porque a pedofilia é um pesadelo que o filme é grandioso. Poderá haver, às vezes, um conflito entre o amor e a virtude? Em qual dos dois apostar? Nas palavras da horrorosa madre superiora: "às vezes nos afastamos de Deus (amor) para melhor servi-lo".É porque o padre é sincero em sua vocação para amar que a trama sai do banal. É porque a madre superiora é alguém aparentemente desprovida de amor, mas que realiza o que entendemos como ético no caso, que estamos diante de uma grande obra.Pode o amor ser uma face do mal? Mas, tampouco, seria a face da ética sempre bela?


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0604200915.htm
Brasil não é nem vira-lata nem rottweiler


País não depende de afago de Obama ou de quem quer que seja para se sentir importante, mas também não tem a vocação de ferocidade indispensável para comandar a matilha


Manifestantes com máscaras de Obama e de Lula durante protesto na Indonésia contra a reunião do G20, realizada em Londres CLÓVIS ROSSIENVIADO ESPECIAL A LONDRES Se estivesse vivo, Nélson Rodrigues babaria de ódio ao ver que o complexo de vira-lata que ele atribuía aos brasileiros saiu em bloco aos salões depois que o presidente Barack Obama saudou Luiz Inácio Lula da Silva como "my man" e o apontou como o presidente mais popular do mundo. O tratamento dado ao episódio por uma parte da mídia passa a impressão de que Lula só se tornou popular porque Obama disse que Lula é popular -e os microfones da BBC pegaram. Mais fantástica é a ideia de que Obama ungiu, com o gesto, o novo líder global, na figura de Lula. O próprio Lula, na entrevista coletiva que concedeu horas depois do episódio, pôs as coisas no seu devido e correto contexto: 1) Foi uma "brincadeira", brincadeira facilitada pelo fato de que Lula "trata as pessoas muito bem" e vê os presidentes como "companheiros" tanto ou mais do que como presidentes. É fato. Lula é cordial com todos, de direita e de esquerda, ricos e pobres, a ponto de ter conseguido a proeza de ser chamado de "meu amigo" por George Walker Bush e de "my man" por seu antípoda Barack Obama. 2) Essa história de liderança é "uma bobagem teórica", sempre segundo Lula, para quem "todos [os países] querem ser líderes e ninguém passa o bastão para ninguém". Bingo. Contexto explicado diretamente pelo personagem central da história, convém deixar claro que Lula é, sim, uma personalidade mundial, uma espécie de pop star, antes e acima de tudo por sua história de vida. De alguma forma, é até melhor que a de Obama, cuja eleição causou tanta excitação no planeta. Afinal, Obama tem diploma universitário -e de universidade de grife-, exigência não escrita para ser presidente em qualquer lugar do mundo. Lula não tem, mas seu governo não passa vergonha diante dos doutores que o antecederam (aliás, escrevi algo parecido muito antes de Lula se eleger ou de ter chances reais de ganhar). O prestígio de Lula se deve também a ter se convertido ao credo hegemônico no planeta. Só é aceito nos salões do homem branco e de olhos azuis porque assina textos como o do G20 que diz: "A única base segura para uma globalização sustentável e crescente prosperidade para todos é uma economia aberta baseada em princípios de mercado, regulação efetiva e instituições globais fortes". O venezuelano Hugo Chávez não assinaria algo parecido. Não é convidado para os salões que Lula frequenta, mas Lula é convidado para os salões que Chávez frequenta porque não tem preconceitos ideológicos. Nem cria caso. Popularidade e aceitação não se confundem, no entanto, com liderança. Para ficar apenas no âmbito do G20, o próprio Lula disse que, em seu discurso aos "companheiros" presidentes, apenas pedira que os países ricos resolvessem a sua crise. Não ofereceu, portanto, nenhuma luz, não abriu caminhos que os outros devessem seguir, como fazem os líderes. Mesmo o Barack Obama que o tratou como "my man", no exercício de humildade que foi a sua entrevista coletiva após a cúpula do G20, não citou o Brasil entre as potências que estão surgindo ou se consolidando. Mas citou a Europa, a China e a Índia. Nem é culpa de Lula, no caso. É culpa do país que ele representa, ainda pobre, além de profundamente desigual. O Brasil é o quinto mais pobre do G20, à frente apenas de China, Índia, Indonésia e África do Sul. Não quer dizer, no entanto, que o papel do Brasil seja irrelevante ou secundário. Ao contrário, foi ativíssimo, ainda mais pela coincidência de ter sido o presidente de turno do G20 até o ano passado. Por isso, os grupos de trabalho criados após a cúpula de Washington para preparar a de Londres foram comandados pela "troika": os co-presidentes eram um brasileiro, um sul-coreano, que terá a presidência no ano que vem, e um britânico, que preside o conglomerado em 2009. Posições brasileirasDe modo geral, aliás, as posições brasileiras acabaram contempladas no texto final: mais regulação/supervisão, enfrentamento dos paraísos fiscais, mais recursos para o FMI -todas essas eram posições brasileiras. Mas foram também empurradas por grandes potências (França e Alemanha, em especial, no caso da regulação e dos paraísos fiscais). Nem entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China, as potências mundiais até 2050, segundo uma empresa de investimentos) o Brasil consegue impor posições. Na véspera da reunião de ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais do G20, há três semanas, o ministro Guido Mantega defendeu, em encontro dos Brics, que o grupo deveria apoiar a estatização dos bancos. A tese foi derrotada e não apareceu nem no documento dos Brics nem nos textos finais dos ministros nem dos chefes de governo. Tudo somado, fica claro que o Brasil não é mais vira-lata e, portanto, não depende de um afago de Obama ou de quem quer que seja para se sentir importante, mas também não é um rottweiler -nem tem a vocação de ferocidade indispensável para comandar a matilha.



CLÓVIS ROSSI , colunista da Folha , cobre viagens presidenciais ao exterior desde que o general Ernesto Geisel visitou França e Inglaterra em 1976, há 33 anos, portanto.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi0404200921.htm
Prova sobre ambiente reprova 1/3 dos alunos



Exame feito em 57 países colocou Brasil na 54ª posição; 37% dos alunos apresentaram conhecimento mínimo sobre questões ambientais Jovens têm de estar preparados para lidar com o tema, diz relatório; para docente, país precisa investir em formação de professores ANTÔNIO GOISDA SUCURSAL DO RIO Mais de um terço dos alunos brasileiros têm nível mínimo de conhecimento sobre questões ambientais. Entre 57 nações comparadas, só três (Catar, Quirguistão e Azerbaijão) obtiveram resultados piores.Essas são as conclusões de um estudo divulgado na última terça-feira pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que, de três em três anos, organiza o Pisa, exame internacional que compara o desempenho de jovens de 15 anos em leitura, matemática e ciências.O último exame, aplicado em 2006, teve como foco principal o aprendizado de ciências. O estudo mais recente selecionou, dessa prova, apenas as questões relacionadas à preservação do ambiente, como consequências do aquecimento global, poluição, fontes de energia alternativas, entre outras.No Brasil, 37% dos estudantes ficaram abaixo do nível mais baixo de conhecimento sobre essas questões e apenas 5% ficaram na escala máxima.A Finlândia, país com melhor desempenho, teve 6% dos estudantes abaixo do menor nível e 25% no maior.A média dos países da OCDE (entidade que reúne principalmente as nações desenvolvidas da Europa, América do Norte e Ásia) é de 16% dos estudantes abaixo do menor nível da escala e 19% no topo.O estudo destaca a importância de preparar os jovens em conhecimentos para lidar com os desafios ambientais.Uma constatação positiva do trabalho é que a maioria dos estudantes em quase todos os países e níveis de renda, inclusive no Brasil, se mostraram preocupados e conscientes de que é preciso agir.Para 97% dos jovens brasileiros, por exemplo, a poluição do ar é um tema que exige séria preocupação da sociedade. Só 21% deles se mostraram otimistas com relação à possibilidade de melhoria nos próximos 20 anos, caso nada seja feito.O desafio, diz o relatório, é dar aos alunos conhecimentos e habilidades para entenderem melhor as questões ambientais.Um exemplo citado pela OCDE é o fato de que mais de 90% dos alunos que fizeram o exame em 2006 disseram estar familiarizados com o tema da poluição do ar. No entanto, numa questão sobre a chuva ácida, quando questionados a citar uma fonte de poluição -como emissões de gases por carros ou fábricas- metade não foi capaz de dar uma resposta correta.Para Marta Feijó Barroso, professora do Instituto de Física da UFRJ e autora de estudos sobre o ensino de ciências no Brasil, é preciso investir mais na formação de professores, que, disse, é um das principais características dos países bem avaliados, como a Finlândia."Os estudantes falam muito sobre ambiente, mas sabem pouco a respeito. Para isso, é fundamental preparar melhor os professores. Malformado e sem segurança para trabalhar questões complexas e que envolvem o conhecimento interdisciplinar, a tendência é esse profissional adotar a lei do menor esforço e priorizar o discurso político, sem se aprofundar no conhecimento", disse.Para ela, sem isso, de pouco adiantará introduzir questões no currículo ou cobrar dos professores melhores resultados em avaliações externas.Na última versão do exame, de 2006, os estudantes brasileiros ficaram nas últimas colocações nos rankings de ciências, leitura e matemática.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0404200926.htm
JOÃO PEREIRA COUTINHOO


ABC da Aids
O problema da visão do Vaticano é imaginar que o mundo é composto por anjos, e não por homens



TENHO UMA amiga que não gosta do atual papa. Razões? Ela responde: "Acho que ele é demasiado católico". A primeira vez que ouvi a tese, chorei de rir. Mas chorei com respeito. A tese expressa, com rigor e humor, o espírito do tempo sempre que o papa resolve ser papa. Mas, antes, vamos ao essencial: se eu fizesse uma viagem pela África, onde existem 22 milhões de infectados com o vírus da Aids (no mínimo), não teria dúvidas em aconselhar o uso da camisinha. Mais: hipocondríaco como sou, o mais natural era aconselhar o uso de várias camisinhas ao mesmo tempo, e ainda de uma roupa de mergulho, e de um escafandro, e de uma rede de apicultor. Eu nunca facilito. Acontece que, ao contrário do que possam imaginar, eu não sou o papa. E o papa, a caminho do continente negro, limitou-se a repetir o que toda a gente sabe mas finge que não ouve: que a Igreja Católica, com total legitimidade, tem uma particular doutrina sobre a sexualidade humana, onde a abstinência (antes do casamento) e a fidelidade (depois do casamento) constituem-se como valores centrais. Centrais e absolutamente lógicos. Não é preciso ser católico para comprovar a eficácia do método. Basta usar a cabeça, caso exista uma: se os seres humanos fossem capazes de trilhar a visão de perfeição proposta pelo papa, a possibilidade de contágio seria nula, ou quase. Acusar o papa de espalhar a Aids na África não é apenas insulto grosseiro; é irracionalismo grosseiro. Se as pessoas seguissem a doutrina da Igreja em matéria sexual, não haveria Aids no mundo. Só que os seres humanos, ao contrário do que pensa Ratzinger, não são perfeitos em suas condutas privadas. E o problema da visão do Vaticano sobre a sexualidade humana é imaginar que o mundo é composto por anjos, e não por homens. Uma lamentável falácia. Isso significa que o papa está absolutamente errado quando defende na África a doutrina católica em matéria sexual? Os profissionais da indignação, que espumaram ódio nos últimos dias, não têm dúvidas: o papa é um genocida/criminoso/irresponsável (riscar o que não interessa) ao "proibir" o preservativo na África. Infelizmente, os profissionais da indignação deveriam saber que o papa não proíbe, no sentido policial do termo, coisa nenhuma: ele fala para quem o ouve; e quem o ouve decide o que fazer com inteira liberdade pessoal. Além disso, os profissionais da indignação deveriam suspender os seus próprios dogmas e, olhando para a África, aprender alguma coisa. Sobretudo com os casos de maior sucesso no combate à Aids: em Uganda, na Etiópia, no Malawi, mesmo no Quênia. Fato: os casos de sucesso mostram que o uso de preservativo teve um papel fundamental na diminuição da epidemia. Mas esses casos de sucesso mostram também que a luta contra a Aids não se limitou ao uso alargado do preservativo. Como relembra qualquer especialista no assunto, vencer o flagelo no continente pressupõe um respeito e uma promoção do conhecido "ABC" da Aids na África: "A" de "abstinence" (abstinência); "B" de "be faithful" (fidelidade); e, finalmente, "C" de "condoms" (preservativos). Por outras palavras: sem a redução do número de parceiros; sem uma maior fidelidade dentro do matrimônio; mas também sem uma responsável educação sexual entre os mais jovens, o simples uso do preservativo não resolve a mortandade. Pelo contrário: os países africanos que acreditaram no preservativo como resposta única e milagrosa para o problema da Aids (é o caso trágico de Botsuana), viram aumentar o número de infectados. Paradoxal? Nem por isso: numa cultura, como a africana, que simplesmente não usa os preservativos disponíveis; ou então usa-os mal; ou, pior, usa de forma irregular, acreditando numa espécie de "compensação de risco" (palavras da ONU) que permite multiplicar o número de parceiros pelo uso intermitente de proteção, o preservativo cria uma ilusão de segurança que não é compensada por uma alteração responsável dos comportamentos. O papa está errado quando exclui o preservativo de qualquer estratégia de combate à Aids. O papa erra, no fundo, quando apaga a letra "C" do abecedário básico da luta contra a epidemia. Mas o papa não erra quando fala das letras "A" e "B". Tudo ao contrário dos profissionais da praxe, que sobre a matéria só conhecem a letra "I". De "indignação", sim. Mas, sobretudo, de "ignorância". jpcoutinho@folha.com.br

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

UNIFESP 2009







PARABÉNSSSSSSS

OI!!!! O NOME DELES ESTÁ NA LISTA!!!!!!!!!.


LISTA PARCIAL DOS APROVADOS EM 2009 (I)

UNIFESP
Aline Cristina Peluccio Martins – Medicina (lista de espera – vai chamada!!!!!!)
Renato Pierucci de Freitas – Medicina (lista de espera – vai ser chamado!!!!) – 95 (100) em Redação
Fernanda Tojeiro – Engenharia Química

FAMEMA
Priscila Peres Traskini – Medicina (lista de espera – vai ser chamada!!!!!)
Mariana Sayuri Zaha – Enfermagem – 2º lugar
Juliana Barretto Almendro – Enfermagem (lista de espera - vai ser chamada!!!!!!!)

UNESP
Laila Marie Francisco - Engenharia Biotecnológica
João Fiore Parreira Lovo– Engenharia Mecânica
Letícia Yassumoto – Medicina (lista de espera – vai ser chamada!!!)
Felipe Alvarenga Tavelin - Administração
José Eduardo Chicarelli Martin - AgronomiaVictor Zapparoli Padovani – Zootecnia
Beatriz – Medicina Veterinária
Bruno Almeida Maximino - Engenharia Civil (lista de espera - vai ser chamado)

UFPR
Geissi Mariane Ferreira - Nutrição
Anili Serapilha Mancuzo – PsicologiaLaila Mariê Francisco – Engenharia de Bioprocessos e Tecnologia
Rafaella Ramos Ratti – Direito
João Victor Rodrigues da Silva – Ciências Econômicas
Victor Antonio Fernandes Codognia – Agronomia (lista de espera – vai ser chamado!!!)
Marcelo Pastana – Agronomia (lista de espera – vai ser chamado!!!!)

UEL
Renato Pierucci de Freitas – Medicina
José Maria Balbo - Medicina
Ana Carolina Colgnaghi Montenegro – Agronomia
Agnes Silva de Araújo – Geografia
Julia Saraiva Avelino Silveira – Medicina Veterinária
Caroline Salante Plastina – Arquitetura e Urbanismo
Juliana Barretto Almendro – Enfermagem (lista de espera – vai ser chamada!!!!!!)

UEM
Agnes Silva de Araújo - Geografia – 1º lugar
Karina Caetano Prado – Engenharia Química
Tainah L. de Q. C. Bezerra - Engenharia de Produção – 6º lugar
Gabriela Fernandes Ribas – Engenharia de Alimentos

IBEMEC
Henrique Leal Teixeira – Economia (lista de espera – vai ser chamado!!!!!)

FGV
Henrique Leal Teixeira – Economia (lista de espera – vai ser chamado!!!!!)

UFSC
Bruno Almeida Maximino – Engenharia Civil
Lara Conti Ansanelli - Oceanografia

UENP
Ana Carolina Colgnaghi Montenegro – Agronomia
Fernando Peretti Guimarães - Medicina Veterinária – 6º lugar
Renan Moreira Candeloro – Direito – 6º lugar

ESPM
Tayla Salum - Comunicação Social

UNIFAL (UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS)
Rafael Pontes Sardi – Química (lista de espera - vai ser chamado!!!)
Laila Marie Francisco – Biotecnologia

UFLA
Débora de Oliveira Spila - Medicina Veterinária

MACKENZIE
Thais Lopes – Direito
Rafaella Ramos Ratti – Direito (lista de espera – vai ser chamada!!!!!!)

UNIVEM
Julia Rodrigues Sanches – Direito
Luiza Rodrigues Sanches – Engenharia de Produção
Tamires Fidêncio Frasson – Direito


UFABC
Daniel Medeiros Battistetti – Ciência e Tecnologia

UNICENTRO
Caroline Salante Plastina – Publicidade e Propaganda

CEFET
Rafael Pontes Sardi – Engenharia de controle e manutenção

UNIVERSIDADE POSITIVO
Anili Serapilha Mancuzo – Psicologia

SÃO TOLEDO
Maria Carolina Soares Santos Stefano – Direito

FACAMP
Priscila Abdalla Brandt – Relações Internacionais
Alisson Seije Michelc – DireitoThais Lopes - Direito

UNOESTE
Fernanda Rossi – Medicina

UNIMAR
Ricardo Haddad Auada de Oliveira - Medicina
Mary Elizabeth Sampaio de Oliveira – Psicologia – 1º lugar
Flávio Carmanhani Okagawa – Odontologia
Mariana Prevelato de Almeida Dátilo – Medicina

PUC
Anili Serapilha Mancuzo – Psicologia
Deborah Guedes Toledo Florêncio – Direito
Amanda Quintan Duarte Ferreira – Direito (PUC CAMPINAS e PUC PR)
Amanda Quintan Duarte Ferreira – Administração
Marcelo Cordeiro do Nascimento – Medicina – (lista de espera – PUC Campinas – vai ser chamado!!!!!)
Victor Zapparoli Padovani - Engenharia Civil

E AINDA haverá MAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIISSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS!!

MEU ENDERÇO NO ORKUT E NO E-MAIL

http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=3091302384279687843


MARCIAAGARCIA@YAHOO.COM.BR

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Aprovados 2009 - Escrever aqui é 10!







Um olhar cosmopolita voltado para Marília, ou, ficticiamente, para Hacrêra




José Geraldo Vieira, médico radiologista (abandonou a medicina na década de 40 para se dedicar exclusivamente à literatura), trabalhou simultaneamente por dezoito anos na Beneficência Portuguesa e na Associação dos Empregados do Comércio do Rio de Janeiro e por quatro anos na Casa de Saúde São Luís, em Marília, para onde se mudou em 1940 por motivos explícitos no romance A ladeira da memória (1950), o qual, embora não seja um romance autobiográfico, contém muito da vida de Geraldo Vieira, considerado pela crítica um autor cosmopolita.

Nas belas páginas desse romance, nossa cidade, denominada ficticiamente de Hacrêra, figura como um dos cenários como se observa nos fragmentos a seguir.


“Assim me hospedei no Hotel São Bento donde, duas horas depois, um pouco recolhido para dentro da janela do quarto, vi uma multidão vagarosa sair do cinema quase fronteiriço.” (VIEIRA, José Geraldo. A ladeira da memória. São Paulo, Saraiva, 1950. p. 184)

“À hora do almoço, na cidade, lhe surpreerdi a feição progressista, os cafés sussurantes, as esquinas atopetadas, os bancos em efervescência. Um passeio carro, pelo centro e arredores, me deu uma noção esquemática do movimento em época de safra. Os caminhões estavam superlotados; as plataformas das usinas, das máquinas de algodão e dos armazéns gerais se achavam congestionadas de mercadoria, e as balanças imperialistas pesavam o suor da gleba.” (idem. 186)

“Mas o povo, Hacrêra, essa Alta Paulista onde estou confinado, passa a me querer bem, a se interessar por mim, a confiar no meu trabalho e na minha presença, a tirar-me da solidão clandestina, a incorporar-me ao seu conjunto. Verdade é que me custou vir a ser parte, fibra ou nervo daquele conglomerado orgânico de minúsculos, tendões, bielas, eixos, diferenciais,
transmissões e alavancas que a faziam, embora sendo a cidade mais no­va do Estado, campeã nos índices de arrecadação, desen­volvimento e produção. (...)” (idem. p.191)

“Hacrêra... Nome suave, mas que se tornou rombo como fama de matriarcado militarista. A sua avenida principal, já quase toda calçada, desde o edifício do Ginásio até diante do Rádio-Clube e do cinema, formava fachada de corpo com hipertiroidismo. No bairro São Miguel e na ourela da estrada de ferro — contrafação imediatista de São Caetano e da Mooca — se erguiam entrepostostos, cooperativas, serrarias, galpões, fábricas, com toneladas de produtos e de matérias primas. Nesse reduto de cimento armado e de metal, com plataformas, chaminés, turbinas, caldeiras e transformadores, se processava, como num grande fígado, a digestão da Alta Paulista.
Já na Rua São Luiz e transversais, lojas atacadistas davam à cidade aspectos de dinamismo concêntrico sempre servido por filas e filas de caminhões abarrotados.
Pouco a pouco os bairros residenciais, lojas atacadistas substituíam orlas de matas e primitivas fazendas, modificando o an­terior frontespício de casas de madeira.” (idem. p. 194-95)

“Hacrêra! Estrutura apressada de sociedade urbana e fabril dentro de áreas rurais; encaixe de primário civilizado em secundário virgem, dando imantação.” (idem. p. 197)


Profª Márcia Garcia
Especialista em Literatura e Ensino de Literatura e Mestre em Letras pela Unesp. Professora de Redação no Centro Educacional Profª Márcia Garcia.
e-mail: marciaagarcia@yahoo.com.br
blog: escreveraquiedez@blogspot.com

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Caro(a) aluno(a),


por favor:



1. adicione-me em seu orkut:http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=3091302384279687843&rl=t



2. aceite o convite para participar do seu marciaagarcia@grupos.com.br para poder receber mensagens



3. acesse seu e-mail constantemente para poder receber mensagens do marciaagarcia@grupos.com.br

domingo, 18 de janeiro de 2009

José Geraldo Vieira


José Geraldo Vieira (1897 – 1977) – personagem (esquecido) da memória mariliense

Sabemos que o Brasil, um país rico em produção literária, possui uma memória curta (e Marília, infelizmente, não foge à regra), principalmente em se tratando de seus valores culturais. Dentro do panorama literário nacional, há escritores inteiramente esquecidos pelo público ou pela crítica ou injustamente relegados a breves referências em uma ou outra obra de estudo literário.
José Geraldo Vieira, criador de uma obra vasta, coesa e muito apreciada pelo público e pela crítica da época, encontra-se nesse estado de esquecimento. Considerado por críticos respeitáveis, em muitos aspectos, um inovador do romance brasileiro, sua obra está fora do alcance da geração atual.

Conta José Geraldo Vieira, em uma entrevista concedida a Alcides Moura (Jornal de Notícias, 22 de janeiro de 1950), que, quando estudante de medicina, publicara, em O Jornal, um conto que começava assim: "Nasci na Póvoa de Varzim''. Algum tempo depois, Carlos Maúl, confundido a personagem com o autor do conto, divulgou que este era de Póvoa de Varzim. Um desentendimento entre José Geraldo e Eloy Pontes serviu aumentar a confusão a respeito do nascimento do escritor, uma vez que, como vingança, Pontes espalhou que José Geraldo era estrangeiro.
Em decorrência desses fatos, criou-se uma lenda sobre o nascimento de José Geraldo Vieira. Há quem diga que ele nasceu na freguesia de Porto Judeu (caminho da Cidade), conselho e distrito de Angra do Heroísmo, em Portugal, em 16 de abril de 1895 (Amândio César, 195); há também os que afirmam que Geraldo Vieira nasceu no Distrito Federal, em 16 de abril de 1897 ou até na Bahia.
Na verdade, José Geraldo Manuel Germano Correia Vieira Drummond Machado da Costa Fortuna, descendente em linha varonil dos quatro condes da Feiteira e Terra Chã (Açores), nasceu no Rio de Janeiro, a l6 de abril de 1897, quarenta minutos após o nascimento de seu irmão gêmeo Manuel Geraldo José Germano, que faleceu aos três meses de idade.
Em 1940, momento que interessa sobretudo a nós , marilienses, em meio a uma crise de angústia e depressão, José Geraldo Vieira resolveu mudar-se do Rio de Janeiro, onde residia. Sem saber para onde ir, encontrou em um mapa o nome de Marília, para onde se mudou (exilou, segundo ele) e permaneceu até 1946. Em nossa cidade, trabalhou na Casa de Saúde São Luís.
São desse período alguns de suas principais obras:
A quadragésima porta (publicado em 1 943)
A túnica e os dados (publicado em 1947)
Carta a minha filha em prantos (publicado era 1946)
O romance A quadragésima porta (já o trouxera escrito do Rio de Janeiro; em Marília, chegou a refazê-lo inúmeras vezes) alcançou enorme sucesso, ultrapassando o de A mulher que fugiu de Sodoma.
Em vários de seus romances, Geraldo Vieira retratou, com maestria, locais da Marília dos nos de 40: a Avenida Sampaio Vidal com seus bancos, seu hotel São Bento, seu Cine Marília; a Rua São Luís com seu efervescente comércio; a Vila São Miguel com suas fábricas.
José Geraldo Vieira faleceu, em São Paulo, a 18 de agosto de 1977. Suas últimas palavras, no hospital em que permaneceu internado por vários dias, foram. “Vejo agora nitidamente que Deus tem asas, enquanto a bondade dos homens é pequena!”.
(Publicado em Ler para viver. Jornal Diário de Marília. 15.1.2009)


Profª Márcia Garcia
Mestre em Letras e Especialista em Literatura e Ensino de Literatura pela UNESP. Professora de Gramática, Literatura e Redação no CENAPHE (Centro de Aperfeiçoamento Humano Educacional Profª Márcia Garcia).
e-mail: marciaagarcia@yahoo.com.br

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Dissertação bilateral: síntese de dois termos

“A síntese aplicadas a termos complementares: a síntese de dois termos pode ser aplicada quando o tema (ou o título) da dissertação contiver palavras cujos signifi­cados se complementem. Podemos citar como exemplos alguns pa­res de termos: vida x sonho, tempo x espaço, mocidade x velhice, ter x ser, real x irreal, matéria x espírito, e muitos outros que se re­ferem a dualidades coexistentes no universo e, de resto, em nossas vidas.” Vejamos abaixo um exemplo de redação, produzida na Fuvest, desenvolvida a partir da síntese de dois termos.

Tema: Texto n° 1 - "Voltemos à casinha. Não serias capaz de lá entrar hoje, curioso leitor; envelheceu, enegreceu, apodreceu, e o proprietário deitou-a abaixo para substituí-la por outra, três vezes maior, mas juro-te que muito que a primeira. O mundo era estreito para Alexandre; um desvão de telhado é o infinito para as andorinhas." (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas)

Texto n° 2 - "O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia. / Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia. / Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia... " (Fernando Pessoa, Poemas de Alberto Caeiro)

Texto n° 3
O quadro anterior é do pintor surrealista René Magritte (1898-1967). A frase nele inscrita (em francês) significa: "ISTO CONTINUA A NÃO SER UM CACHIMBO"

A partir da relação entre este quadro e os textos n° 1 e n° 2, é possível afirmar que tudo é relativo? E que a realidade é uma ilusão? Redija uma dissertação, defendendo o seu ponto de vista a esse respeito.

Redação nota 10 – O respeito à objetividade e à subjetividade dos fatos

Discussões sobre objetividade e subjetividade vêm ocorrendo há séculos, sendo que os defensores de ambos os lados procuram definir os limites entre o que é objetivo e o que é subjetivo. Muitos nomes importantes da ciência e da filosofia envolveram-se nestas discussões, sendo que vários caíram nos extremos opostos, ora afirmando que tudo é objetivo, podendo ser cientificamente com­provado, ora afirmando que não existe objetividade, tudo depen­dendo de quem analisa o fato.
Como em todas as questões, os extremistas se perdem em radicalismos, sendo, assim, difícil chegar a um consenso. É claro que há a realidade objetiva, cientificamente comprovável, mas também há os aspectos humanos envolvidos, já que são pessoas que estu­dam esta mesma realidade.
Isto fica claro nos textos de Machado de Assis e de Fernando Pessoa apresentados. Em ambos, os autores percebem a existência de uma realidade objetiva inegável e, a ela, acrescentam uma outra, a subjetiva, que depende do indivíduo e só existe a partir dele.
Já René Magritte, em seu quadro, corrobora esta opinião, de­monstrando que há certas características dos objetos que podem ser captadas por nós, mas que sua essência não. Por mais perfeita que sua pintura do cachimbo pudesse parecer, ela nunca seria igual a ele, pois ela não passa de uma imagem.
Enfim, o objetivo e o subjetivo existem, mas é importante que, na aceitação de um, não esteja incluída a negação do outro, pois eles coexistem na essência das coisas.

Profª Márcia Garcia
Mestre em Letras e Especialista em Literatura e Ensino de Literatura pela UNESP. Professora de Gramática, Literatura e Redação no CENAPHE (Centro de Aperfeiçoamento Humano Educacional Profª Márcia Garcia).
e-mail: marciaagarcia@yahoo.com.br
Temas de alguns dos principais vestibulares 2009

1) ESPM-SP: Tema 1: Elabore um texto dissertativo que apresente reflexões sobre as duas questões abaixo: a) A tecnologia oferece oportunidade a todos? b) Afinal, a tecnologia tem alguma relação com a qualidade de vida? / Tema 2: Elabore um texto dissertativo que apresente reflexões sobre a questão:Quais as razões pelas quais o mercado valoriza o indivíduo com maior domínio da norma padrão da língua portuguesa?

2) FGV-SP: Elabore uma dissertação sobre o tema: A crise econômica como oportunidade para se repensarem os valores.

3) FGV-RJ: Elabore um texto dissertativo-argumentativo que leve em conta a informação abaixo: A atual Constituição Brasileira, promulgada em 1988, fez vinte anos no dia 5 de outubro de 2008.

4) FUVEST: Elabore uma dissertação sobre fronteiras.

5) PUC –SP: Elabore uma dissertação ou narração sobre o apagão energético.

6) UEL: Tema 1: Elabore uma dissertação sobre o sentido da vida. / Tema 2: Elabore uma dissertação sobre o avanço da ciência e as implicações das novas descobertas não só para a comunidade científica, mas para a sociedade como um todo / Tema 3: Elabore uma dissertação cujo foco seja a conclusão do historiador Eduardo Bueno: “O Brasil tem repetido erros de forma intolerável simplesmente porque um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”.

7) UEM: Elabore um resumo ou uma resposta interpretativa sobre as funções do sonho.

8) UFSC: Tema 1: Redija um texto dissertativo para responder à pergunta:A família não é mais aquela? / Tema 2: Redija um texto narrativo começando por: Era uma vez . . . / Tema 3: Redija uma carta dirigida a um dos personagens da família do quadro acima.

9) UFSCAR: Elabore uma dissertação sobre a importância da música na vida das pessoas.

10) UNESP: Elabore uma dissertação sobre a questão: O homem, inimigo do planeta?

11) UNICAMP: Dissertação: O uso de animais em experimentação científica tem sido muito debatido porque envolve reivindicações dos cientistas e dos movimentos organizados em defesa dos animais, assim como mudanças na legislação vigente. / Narração: Os movimentos organizados em defesa dos animais têm sensibilizado uma parcela da sociedade, que busca adotar novas condutas, coerentes com princípios de responsabilidade em relação às diversas espécies. Instruções: 1- Imagine uma personagem que decide mudar de hábitos para ser coerente com sua militância em defesa dos animais. 2- Narre os conflitos gerados por essa decisão. 3- Sua história pode ser narrada em primeira ou terceira pessoa. / Carta: As controvérsias sobre o uso de animais em experimentação científica não se encerraram com a recente aprovação, pelo Senado, da Lei Arouca, que cria o CONCEA.
Instruções: 1- Escolha um ponto de vista em relação ao uso de animais em experimentação científica. 2- Argumente no sentido de solicitar que seu ponto de vista prevaleça na atuação do CONCEA. 3- Dirija sua carta a um membro do CONCEA que possa apoiar sua solicitação.


Profª Márcia Garcia
Mestre em Letras e Especialista em Literatura e Ensino de Literatura pela UNESP. Professora de Gramática, Literatura e Redação no CENAPHE (Centro de Aperfeiçoamento Humano Educacional Profª Márcia Garcia).
e-mail: marciaagarcia@yahoo.com.br
“Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração."


A minha intenção hoje era apresentar uma lista de livros que para mim são verdadeiros tesouros. Contudo, sem abandonar o propósito inicial, decidi que, antes da apresentação da referida lista, era preciso escrever algo que introduzisse essa apresentação.
Eis, então, que me lembrei de que, há anos, copiei um trecho de Monteiro Lobato dizendo exatamente o que eu gostaria de dizer hoje: “Todos nós (...) temos o vago sonho de encontrar um livro que nos seja como uma casa definitiva – a casa de sonho que procuramos.”
E, diante disso, adiei a lista de livros para a próxima semana. Nesta, transcrevo emocionada não só a frase acima, mas também o texto – uma carta – em que ela está inserida. Encontrar esse trecho, copiado num outubro distante foi, simbolicamente, o meu melhor presente de Natal. E, com vocês, compartilho-o. Feliz Natal!


S. Paulo, 3.6.1944.
Anísio,
Passou por aqui um engenheiro baiano, Nery, que muito me falou de você; e também um moço da livraria do Otales, que te levou meu abraço. Mas esta não é para nada disso. – nem para comentar a entrada americana em Roma, o grande fato do dia de hoje. É para te comunicar algo muito mais importante.
Todos nós, Anísio, temos o vago sonho de encontrar um livro que nos seja como uma casa definitiva – a casa de sonho que procuramos. Um livro no qual moremos, ou passemos a morar como um rato dentro de um queijo. Um livro que seja casa e comida. E se como D. João saltava duma mulher para outra em busca da única, ou da certa, nós vivemos como gafanhotos, a pular de livro em livro, é que nunca aparece o nosso livro. Quando Sto. Agostinho dizia temer o homem de um só livro, ele se referia ao perigo que é o homem que encontra o seu livro.
Pois creio que encontrei o Meu Livro – o queijo para casa e comida do rato velho que sou. E chama-se A Grande Síntese, de Pietro Ubaldi. (…) Temos de lê-lo de rabo a cabo – começando pelo fim. Estou a vagar no alto mar desse livro e tonto, deslumbrado, maravilhado!(…) E leia-o como estou fazendo: sem pressa nenhuma, com a simpatia aberta como uma flor; leia-o digerida e traduzidamente, isto é, retraduzindo mentalmente em palavras tuas, ou mais próprias, os períodos que o tradutor obscurece com seu excesso de bom português. Estou ainda pouco avançado na leitura tanto me deslumbro e paro pelo caminho; e tenho um medo imenso de que com você não se dê a mesma coisa. Mas há-de dar-se. Impossível que você não veja o que esse livro é. E sabe que A Grande Síntese está cá em casa há quase dois anos, e só agora eu a descobri? Purezinha morou nela todo esse tempo, e foi essa persistência que me atraiu a atenção. Abri-a ao acaso, comecei a lê-la… e eis-me evangelizante! Eis-me a escrever ao Anísio para que a leia também. Por que ao Anísio e não a outro qualquer? Porque você é a inteligência pura, Anísio, e tenho a certeza de que a tua opinião sobre o livro pode coincidir com a minha – e que glória para mim por tê-la indicado?
Mas se acaso seguires meu conselho e leres A Grande Síntese, não quero que me escreva logo após a leitura – e sim um ano depois; isto é, depois que a leitura amadurecer, como os vinhos…
Adeus. (...) Mil abraços do
Ass. LOBATO

Profª Márcia Garcia
Mestre em Letras e Especialista em Literatura e Ensino de Literatura pela UNESP. Professora de Gramática, Literatura e Redação no CENAPHE (Centro de Aperfeiçoamento Humano Educacional Profª Márcia Garcia).
e-mail: marciaagarcia@yahoo.com.br
Um pouco mais sobre coesão textual

Abaixo será apresentada uma lista dos principais elementos conectivos, agrupados pelo sentido. Para isso, recorreremos ao autor de Comunicação em Prosa Moderna, Othon Garcia. Antes, porém, leiam a explicação a seguir:
“Além da constante referência entre palavras do texto, observa-se na coesão a propriedade de unir termos e orações por meio de conectivos, que são representados, na Gramática, por inúmeras palavras e expressões. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do sentido do texto.”

Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, antes de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo, precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo.
Tempo (freqüência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterioridade): então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, no momento em que, pouco antes, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal, por fim, hoje, freqüentemente, nesse ínterim.
Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de conformidade com, de acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo
ponto de vista, tal qual.
Condição, hipótese: se, caso, eventualmente.
Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim, ainda mais, ainda cima, por outro lado, também, e, nem, não só ... mas também, não só... como também, não apenas ... como também, não só ... bem como, com, ou (quando não for excludente).
Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é provável, não é certo, se é que.
Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvida, inegavelmente, com toda a certeza.
Surpresa, imprevisto: inesperadamente, inopinadamente, de súbito, subitamente, de repente, imprevistamente, surpreendentemente.
Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só para exemplificar, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber, ou seja, aliás.
Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o propósito de, com a finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para.
Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este, esta, isto, esse(a), isso, aquele(a), aquilo.
Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em conclusão, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte, assim sendo
Causa e conseqüência, explicação: por conseqüência, por conseguinte, como resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com efeito, tão (tanto, tamanho) ... que, porque, porquanto, pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque), logo, que (= porque), de tal sorte que, haja vista.
Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, posto, conquanto, se bem que, por mais que, ao passo que.
Idéias alternativas: ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora.

Profª Márcia A. Garcia
(Mestre – Letras / UNESP). Leciona Português e Redação Para Ensino Médio, Vestibular e Concurso no Centro Educacional Profª Márcia Garcia.
e-mail: marciaagarcia@yahoo.com.br
Veja abaixo alguns procedimentos fundamentais para criação de um bom texto.

1. Ler com extrema atenção o tema da redação, porque o primeiro item de correção de uma redação é adequação ao tema. Tema mal lido e mal compreendido prejudica muito o desempenho em redação;
2. Realizar três tipos de leitura do tema: a) compreensiva - ler o que está escrito na superfície do texto, identificando, por exemplo, tese, argumentos etc.; b) interpretativa - ler as entrelinhas, isto é, aquilo que está implícito no texto, identificando os pressupostos, os subentendidos e os motivos pelos quais o texto foi escrito; c) ideológica - ler o texto situando-o dentro do contexto histórico em que foi produzido;
3. Formular um posicionamento claro sobre o tema, isto é, formular uma opinião própria, pessoal sobre o tema;
4. Elaborar um projeto de texto, ou seja, elaborar um planejamento do texto a partir de uma linha de raciocínio bem definida. Para o sucesso desse planejamento, é necessário conhecer algumas estratégias a serem empregadas já na introdução como, por exemplo, síntese de idéias, analogia, bilateralidade, posicionamento definido, questionamento, ressalva, retrospectiva histórica etc.;
5. Construir parágrafos como mini-redações, ou seja, com início, meio e fim.
6. Considerar que um parágrafo é um conjunto de períodos em torno de uma única idéia central ou de um único tópico frasal, cujo início deve ser marcado pela presença de uma margem bem acentuada do lado esquerdo da folha de papel.


ATENÇÃO


O novo acordo ortográfico da língua portuguesa (I)

Alfabeto: 1. Incorporação, no alfabeto da língua portuguesa, das letras K, Y e W.

Antes do acordo - Darwin, Wagner, Kuwait, Km, Kg, Yeda, Ely, byroniano, Franklin, Kant, taylorista, Kwanza, malawiano, KLM, Watt, Kardec, Kepler, Washington, WWW, kart, yoga.

A partir do acordo - Darwin, Wagner, Kuwait, Km, Kg, Yeda, Ely, byroniano, Franklin, Kant, taylorista, Kwanza, malawiano, KLM, Watt, Kardec, Kepler, Washington, WWW, kart, yoga.


2. Manutenção ou simplificação, nos nomes próprios hebraicos de tradição bíblica, dos dígrafos finais – ch, - ph e th –pronunciados.

Antes do acordo - Baruch, Enoch, Moloch, Loth, Ziph.

A partir do acordo - Baruch ou Baruc, Enoch ou Enoc, Moloch ou Moloc, Loth ou Lot, Ziph ou Zif.

Fonte: O novo acordo ortográfico da língua portuguesa - o que muda o que não muda. Maurício Silva (Editora Contexto)



Profª Márcia Garcia
Mestre em Letras e Especialista em Literatura e Ensino de Literatura pela UNESP. Professora de Gramática, Literatura e Redação no CENAPHE (Centro de Aperfeiçoamento Humano Educacional Profª Márcia Garcia).
e-mail: marciaagarcia@yahoo.com.br
Abordagem de temas

O tema reorienta a linguagem. Observe, por exemplo, dois temas diferentes: um enterro e uma festa. Você usaria a mesma linguagem? É claro que não, porque as circunstâncias de ação apontam as palavras. O tema, portanto, implica um tratamento de estilo e vocábulos.
Evidente que, para focalizar o tema, é preciso saber interpretá-lo. O texto que não aborda o tema proposto é nulo de valor e desperta em quem lê a sensação de que foi ludibriado ou a convicção de que o sujeito produtor tem medo ou ignora o assunto focalizado.
Ë claro, porém, que o enfoque a ser dado ao tema dependerá do tipo de texto que você vai elaborar. Se se trata de um texto literário, você lhe dará uma interpretação baseada em sua própria experiência pessoal, segundo sua própria maneira de ver.
Se, contudo, você compõe um texto não-literário, deverá dar uma interpretação objetiva, limitando-se a fatos já comprovados, as verdades já objetivamente constatadas. Mas a abordagem objetiva de um tema, não implica uma acei­tação passiva das idéias lançadas no tema. Abordar o tema com objetividade é sinônimo de você revelar que compreendeu o tema proposto e, por isso, vai de­senvolver um raciocínio lógico que expresse as suas idéias sobre ele. Sua redação deve revelar o que você pensa sobre o tema.
E, ainda que o tema exija reflexões sérias e ponderadas e seja desenvol­vido num tom solene e grave, isso não impede o autor de personalizar o texto com a sua originalidade, o que explica muitas vezes o caráter altamente inte­ressante de livros estritamente técnicos.
Posto isso, tente analisar os temas a seguir, os quais vêm sendo solicitados, ao longo dos anos, nos mais diversos vestibulares:


(UFSCAR) Globalização: a influência do Ocidente no padrão de beleza mundial – causas e conseqüências.
(UNIFESP) Os cuidados com a infância de hoje para um mundo melhor no futuro.
(UEL) O avanço da ciência e as implicações das novas descobertas não só para a comunidade científica, mas para a sociedade como um todo.
(VUNESP) Viver é muito perigoso...
(VUNESP) Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
(FEI) O desenvolvimento tecnológico num país em crise.
(FA-PIRASSUNUNGA) A integração do deficiente físico na sociedade.
(E.E.MAUÁ-SP) Não coma gato por lebre.
(UEM) O sucesso da minha vida será o resultado do meu esforço.
(FMTN) A adolescência é ao mesmo tempo um fim e um começo.
(UEL) A verdadeira liderança está no saber repartir responsabilidades.
(UEPI) A certeza de hoje nasce da lembrança de ontem.
(SANTA CASA-SP) Ao direito de falar corresponde necessariamente o dever de escutar.
(FEI-SP) Cachorro que late não morde.
(FATEC) A terra é azul.
(GV) Flores mortas no chão.
(SANTA CASA-SP) Não existe ninguém tão ignorante que não nos possa ensinar algo.
(FGV) E cada instante é diferente, e cada homem é diferente, e somos todos iguais.
(FATEC-SP) "Matamos o tempo; o tempo nos enterra." (Machado de Assis - Me­mórias Póstumas de Brás Cubas)
(UFMT) Ninguém dialoga sozinho, mas muitas vezes obrigam-nos a suportar o monólogo alheio.
(PUC-SP) Um ser humano...
(PUC-SP) As conquistas e as perdas das mulheres devido à sua emancipação.
(UFSCAR) O papel das manifestações estudantis no processo de democratização social.

Profª Márcia Garcia
Mestre em Letras e Especialista em Literatura e Ensino de Literatura pela UNESP. Professora de Gramática, Literatura e Redação no CENAPHE (Centro de Aperfeiçoamento Humano Educacional Profª Márcia Garcia).
e-mail: marciaagarcia@yahoo.com.br
Novo Acordo Ortográfico da Língua Português – Uso do Hífen

A seguir, apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo. As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc.
1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h. Exemplos: anti-higiênico / anti-histórico / co-herdeiro / macro-história / mini-hotel / proto-história / sobre-humano / super-homem / ultra-humano. Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h)
2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento. Exemplos: Aeroespacial / agroindustrial / anteontem / antiaéreo / antieducativo / autoaprendizagem / autoescola / autoestrada / autoinstrução / coautor / coedição / extraescolar.
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.
3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s. Exemplos: anteprojeto / antipedagógico / autopeça / autoproteção / coprodução / geopolítica / microcomputador / pseudoprofessor.
Atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc.
4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Exemplos: antirrábico / antirracismo / antirreligioso / antirrugas / antissocial / biorritmo / contrarregra / contrassenso / cosseno / minissaia / multissecular / neorrealismo / neossimbolista / semirreta / ultrarresistente / ultrassom.
5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal. Exemplos: anti-ibérico / anti-imperialista / anti-inflacionário / anti-inflamatório / auto-observação / contra-almirante / contra-atacar / contra-ataque / micro-ondas / micro-ônibus/ semi-internato / semi-interno
6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante. Exemplos: hiper-requintado / inter-racial / inter-regional / sub-bibliotecário / super-racista / super-reacionário / super-resistente / super-romântico
Atenção: • Nos demais casos, não se usa o hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.
7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal. Exemplos: hiperacidez / hiperativo / interescolar / interestadual / interestelar / interestudantil / superamigo / superaquecimento / supereconômico / superexigente / superinteressante / superotimismo
8. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen. Exemplos: além-mar / além-túmulo / aquém-mar / ex-aluno / ex-diretor / ex-hospedeiro / ex-prefeito / ex-presidente / pós-graduação / pré-história / pré-vestibular / pró-europeu / recém-casado / recém-nascido / sem-terra
9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim. Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição. Exemplos: girassol/ madressilva / mandachuva / paraquedas / paraquedista / pontapé
12. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte. Exemplos: Na cidade, conta--se que ele foi viajar. / O diretor recebeu os ex--alunos.
http://images.ig.com.br/hotsites/reforma_ortografica/Guia_Reforma_Ortografica_CP.pdf

Profª Márcia Garcia
Mestre em Letras e Especialista em Literatura e Ensino de Literatura pela UNESP. Professora de Gramática, Literatura e Redação no CENAPHE (Centro de Aperfeiçoamento Humano Educacional Profª Márcia Garcia).
e-mail: marciaagarcia@yahoo.com.br
O monstro

Desde o fundo insondável das idades, os homens encontram-se em sociedade sobre a Terra, no sentido de terem sempre existido em maior ou menor número, pois nem mesmo no Éden bíblico houve a completa solidão. Talvez porque poucas coisas doam tanto, maltratem tanto quanto a solidão. Dizem, mesmo, que só os santos, os sábios e os loucos conseguem suportá-la.
Assim, nossa vida depende de outras vidas, nosso mundo vai sendo feito por muitas mãos, somos todos tripulantes do mesmo barco, igualmente expostos aos temporais e aos naufrágios. Juntos recebemos, também, as graças das naturezas, compartilhamos todos idênticas leis biológicas, temos todos o mesmo estágio embrionário no seio materno, e partimos todos, um dia, envolvidos pelo mesmo silêncio irremediável que nos desliga da corrente humana que se agita sobre a Terra.
A inevitabilidade da vida, e da vida entre os demais seres humanos, deveria exigir que nos conhecêssemos uns aos outros, antes de mais nada, que nos compreendêssemos e nos ligássemos como num batalhão se arregimenta para defesa comum, como o coral se reúne para produzir harmonia.
O estado de criatura humana, a condição de criatura humana, deveria ser santo e senha para qualquer ser humano, através de todos os quadrantes da Terra. Não se negará que seria, essa, a recomendação da lógica, da intuição, do simples bom senso. Mas, talvez porque um dia, por uma fração de segundo, os primeiros homens tivessem tido a faculdade de criar, eis que criaram um monstro para seu próprio uso. Deve ter sido assim que surgiu, desde o início dos tempos, essa força impiedosa, dominadora e eficiente, que separa os homens, atirando-os uns contra os outros, que fez desse pobre grupo de peregrinos, cuja origem e cuja meta são exatamente as mesmas, um rebanho tresmalhado a bater-se pelos sombrios campos da cizânia.
Essa força é o medo. O medo gerou a prepotência, deu nascimento à crueldade. O medo disfarçou-se em heroísmo, e embelezou a carnagem, o saque, a invasão, a escravização, o massacre. O medo tem sido responsável pelos acontecimentos sangrentos que a humanidade aprendeu a reverenciar como sublimes. O medo destruiu santos e profetas. O medo crucificou Jesus Cristo. Atrás de cada ato que violência há sempre o medo, o abjeto terror.
Se pudéssemos criar no mundo condições de vida em que, para existir dignamente, ninguém precisasse descer à sabujice, sucumbir à corrupção, aceitar desigualdades tão marcadas, viver na estacada, sempre pronto ao ataque ou à defesa, afiando eternamente as garras para melhor rasgar carnes e sentimentos alheios, flectindo os dedos para melhor reter no côncavo da mão tudo quanto possa recusar o próximo - teríamos aprendido a nobre ciência, a ciência das relações humanas.
Mas o homem vive respirando uma atmosfera envenenada pelo medo. Receia perder a vida que não lhe pertence, os bens de que é simples depositário, o amor que não sabe conservar, a situação que suspeita não merecer. E por medo mata, por medo rouba, por medo mente, por medo calunia, por medo bajula, por medo se humilha, por medo odeia, por medo é infinitamente desgraçado. Cultivando o medo, cultiva a desconfiança, a insegurança, a discriminação, o preconceito. Querendo afirmar-se, desejando refinar-se, só o sabe fazer negando alguém, frustrando alguém. Os regimes despóticos prosperam à sombra do medo, do medo que alucina, que anula os sentimentos, que dobra orgulhos, que desagrega sensibilidades. Do medo que produz espiões, que favorece a vingança.
Assim entre os homens como entre as nações, assim entre as raças como entre os credos, cavamos, homens e povos, nossas próprias trincheiras, e nelas ficamos atolados, sem desejar saber se ali adiante, na outra trincheira, haverá alguém a quem poderíamos dar, e de quem poderíamos receber, o beijo fraterno. (Nair Lacerda)

Profª Márcia Garcia
Mestre em Letras e Especialista em Literatura e Ensino de Literatura pela UNESP. Professora de Gramática, Literatura e Redação no CENAPHE (Centro de Aperfeiçoamento Humano Educacional Profª Márcia Garcia).e-mail: marciaagarcia@yahoo.com.br