sexta-feira, 27 de maio de 2011

ENERGIA NUCLEAR - MODELO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO - DESPERDÍCIO DE MATERIAIS

O DEBATE INTERROMPIDO E A AUSÊNCIA DA NATUREZA

http://www.revistaforum.com.br/conteudo/detalhe_materia.php?codMateria=9209

A REVISÃO DO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO (II)

A revisão do código florestal


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002011000100007


Colunistas| 26/05/2011 | Copyleft


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DEBATE ABERTO

Código Florestal: a luta entre a razão e a morte


O debate ambiental no Brasil é dominado hoje por supostos porta-vozes do "bom senso", inimigos de posições "radicais". Mas essas pessoas estão propagando a irracionalidade, não a verdade. Isso precisa ser dito assim, em alto e bom tom. São produtores de irracionalidade e de morte.

Marco Aurélio Weissheimer

O debate em torno da proposta de mudança do Código Florestal expôs, mais uma vez, a gigantesca ignorância de lideranças políticas e econômicas da nossa sociedade que se consideram seres racionais e esclarecidos. Essa ignorância, como se viu, espalha-se por boa parte do espectro político com ramificações à direita e à esquerda.

A argumentação utilizada por esses setores começa sempre afirmando, é claro, a importância de proteger o meio ambiente para, logo em seguida colocar um senão: não podemos ser radicais nesta questão, precisamos gerar renda e emprego, desenvolver o país, etc. e tal. É curioso e mesmo paradoxal que essa argumentação apele para um bom senso mítico que seria sempre o resultado de uma média matemática entre dois extremos. Você quer 2, ele quer 10, logo o bom senso nos diz para dar 6. Esse cálculo infantil pode funcionar para muitas coisas, mas certamente não serve para buscar respostas à destruição ambiental do planeta, que não cessa de aumentar.

É curioso também, mas não paradoxal neste caso, que a argumentação utilizada pelos defensores do “desenvolvimento” seja sempre a mesma, com algumas variações. Supostamente recoberta por um bom senso capaz de conciliar desenvolvimento com proteção do meio ambiente (combinação que até hoje tem sido usada para justificar toda sorte de crimes ambientais), essa argumentação, na verdade, é atravessada por falácias e por uma irracionalidade profunda, na medida em que, em última instância, volta-se contra a possibilidade de sobrevivência da razão, entendida como uma faculdade humana.

O guarda-chuva do agronegócio abriga, assim, além de muitas riquezas, armazéns lotados de falácias e irracionalidade. Não é por acaso que alguns de seus representantes cheguem ao ponto de vaiar o anúncio do assassinato de um casal de extrativistas no Pará, como aconteceu terça-feira, no Congresso Nacional. Alguém dirá: são uma minoria, a maioria desse setor é composta por gente de bem. Pode ser que sim. Se até o inferno, como se sabe, é pavimentado por boas intenções, que dirá as galerias e o plenário do nosso parlamento.

Mas voltemos ao suposto bom senso daqueles que só incluem o meio ambiente em suas falas quando é preciso flexibilizar ou eliminar alguma lei de proteção ambiental. Uma das dificuldades que os ambientalistas têm para travar esse tipo de luta é que o outro lado sempre apresenta-se como porta-voz do bom senso. O clichê “não podemos ser radicais” é usado em todas as suas possíveis variações. Os meios de comunicação e seus profissionais funcionam, em sua maioria, como produtores, reprodutores e amplificadores dessa suposta usina de bom senso e racionalidade. Em um cenário muito, mas muito otimista, algum dia poderão ser considerados como criminosos ambientais. Mas ainda estamos muito longe disso.

Em 1962, Rachel Carson lançou “A Primavera Silenciosa” nos Estados Unidos, um livro que acabou forçando a proibição do DDT e despertou a fúria da indústria dos agrotóxicos. Está publicado em português pela editora Gaia. É um livro extraordinário e luminoso que Carson dedicou a Albert Schweitzer. “O ser humano”, escreveu Schweitzer, “perdeu a capacidade de prever e de prevenir. Ele acabará destruindo a Terra”. O deputado Aldo Rebelo talvez considere essa afirmação como uma típica expressão de um representante do imperialismo que já destruiu todo o meio ambiente em seu país e agora quer evitar que “exploremos nossas riquezas naturais”. Ele parece apreciar esse tipo de falácia. Schweitzer também disse: “O ser humano mal reconhece os demônios de sua criação”. Talvez seja esse o problema.

Tudo isso, obviamente, é vã e retrógada filosofia para os porta-vozes do bom senso. Hoje, eles dominam o debate público. Mas estão errados e propagam a mentira, não a verdade. Isso precisa ser dito assim, em alto e bom tom. São produtores de irracionalidade e de morte. E a nossa sociedade vem consumindo avidamente esses produtos. Rachel Carson pergunta-se: “Estamos correndo todo esse risco – para quê? Os historiadores futuros talvez se espantem com o nosso senso de proporção distorcido”. A consciência da natureza da ameaça ainda é muito limitada, escreve ela. E conclui:
“Precisamos urgentemente acabar com essas falsas garantias, com o adoçamento das amargas verdades. A população precisa decidir se deseja continuar no caminho atual, e só poderá fazê-lo quando estiver em plena posse dos fatos. Nas palavras de Jean Rostand: “a obrigação de suportar nos dá o direito de saber”.
É disso que se trata. A sociedade tem o direito de saber e o dever de decidir querer saber. Do outro lado, estão a mentira, a destruição do planeta e a morte. Simples assim. Deixe o bom senso de lado, escolha seu lado e mãos à obra.

Marco Aurélio Weissheimer é editor-chefe da Carta Maior (correio eletrônico: gamarra@hotmail.com)
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5067&boletim_id=916&componente_id=14869

A REVISÃO DO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO (I)




PIRATARIA (III)

A ideologia da propriedade intelectual: a inconstitucionalidade da tutela penal dos direitos patrimoniais do autor

www.tuliovianna.org/index.php?option=com_docman&task...



A pirataria como um elemento constitutivo do território no meio técnico informacional

sepege2010.files.wordpress.com/.../a-pirataria-elemento-constitutivo-do- territorio-no-meio-tec2a6c3a9cnico-cientifico-informacional.pdf


O controle a repressão da biopirataria no Brasil

www.ejef.tjmg.jus.br/home/files/.../controle_biopirataria.pdf


Direito autoral em debate

http://www.ebah.com.br/content/ABAAABM9wAB/caderno-direito-autoral-debate-rede-reforma-lei-direito-autoral


Piratas e corsários na Idade Moderna

www.utp.br/historia/revista_historia/numero_3/.../Nelson-Rocha-Neto.pdf

quinta-feira, 26 de maio de 2011

POLÍTICAS HABITACIONAIS (III)

Entrevista do Correio da Cidadania com João Whitaker


Pacote Habitacional fracassará se não enfrentar questão da posse da terra


Escrito por Valéria Nader e Gabriel Brito
01-Abr-2009


Com muita pompa e ares redentores, o governo federal anunciou na semana passada o pacote da habitação, que visaria construir 1 milhão de casas (cifra já descartada por Lula) e com inédita prioridade à parcela de mais baixa renda da população. Entrevistado pelo *Correio da Cidadania*, o urbanista e professor da USP *João Whitaker* destacou esse como exatamente o ponto mais positivo do pacote, uma vez que enfim reconhece que tal segmento da população realmente necessita de maiores subsídios para a casa própria.
No entanto, Whitaker alerta para os problemas que o plano pode encontrar em sua execução, pois até hoje os municípios se eximiram de aplicar o Estatuto da Cidade, criado em 2001 para resolver os problemas fundiários e de ocupação de terras nas áreas urbanas. Desta forma, grande parte dos recursos destinados ao plano pode ficar congelada ou, mais factível, forçará os mais pobres a reincidirem na busca por terrenos em regiões distantes do centro e sem infra-estrutura adequada.
Sem a aplicação do estatuto, ele acredita que se cria a tendência de as construtoras buscarem primeiramente o consumidor de maior renda na venda de casas, o que comprometeria decisivamente o plano. Afirma também ser leviano acreditar que o pacote salvará o país da crise, até porque ainda não se sabe a profundidade que terá e qual a efetividade do plano para a população a ser majoritariamente beneficiada.

*Correio da Cidadania: O novo plano habitacional anunciado pelo governo federal vai realmente atender à população de mais baixa renda, considerando a versão final que foi apresentada, onde se passou de 20% para 40% as casas que seriam destinadas às famílias de até 3 salários mínimos de renda?*
*João Whitaker:* A grande qualidade desse plano, e sua inovação maior, é exatamente o fato de demonstrar uma preocupação que nunca houve na história das políticas de habitação nacionais, que é o atendimento à população que ganha até três salários mínimos.
No Brasil, as políticas habitacionais nunca conseguiram beneficiá-la. Pela primeira vez se faz um plano de amplitude do governo federal no sentido de destinar recursos à população de baixa renda e, mais que isso, destina uma parcela dos recursos do tesouro como subsídios – normalmente FGTS em maior parte, mas nesse caso em menor parte.
Isso significa que o governo entendeu que a população de baixa renda precisa de fato de subsídios, senão não há solução, já que a capacidade de pagamento de tal parcela é muito baixa. Daí a dizer que o plano conseguirá atender a toda essa população é outra história, que precisa ser discutida com mais cuidado, por vários fatores que entram na complexa problemática habitacional.

*CC: O plano irá contemplar a questão da ocupação da terra, da regularização fundiária e da criação de uma adequada infra-estrutura urbana?*
*JW:* Há alguns aspectos a serem analisados em sua realização. Primeiramente, o mais importante é entendermos que o problema habitacional no Brasil é antes de tudo o acesso à terra urbanizada. A posse da propriedade de terra no Brasil é tão sagrada e enraizada que não é fácil conseguir terra para a população mais pobre, uma vez que a terra urbana valorizada vem desde a época colonial, do café, e sempre foi apropriada pelos grupos de elite, que a partir do século 19 começaram a estabelecer diferenças significativas de valor entre as áreas ricas e pobres.
Portanto, diante disso, o que o movimento da reforma urbana vem fazendo há muito tempo – e que se reverteu em dois artigos muito importantes da Constituição, 182 e 183, que pediam por uma regulamentação ocorrida somente 13 anos depois, em 2001, com o Estatuto da Cidade – é de grande importância.
O Estatuto visa justamente dar ao município instrumento político de gestão para enfrentar as dificuldades em se fazerem estoques de terra urbana para a população de baixa renda. Foram criados instrumentos como o IPTU progressivo, para combater a ociosidade de terrenos centrais; o ZEIS (Zona Especial de Interesse Social), que criava zoneamento exclusivo nas áreas de favela; usucapião urbano, que permite às pessoas regularizarem a terra ocupada após 5 anos sem cobrança, enfim, todos instrumentos úteis que poderiam ser usados nos requisitos de posse desses estoques de terra.
A execução do plano arrisca gerar um problema grave, pois, ao produzir casas sem que os municípios tenham aplicado o Estatuto da Cidade e resolvido o problema da terra, obrigação não cumprida, a tendência é que as casas sejam feitas longe do centro, encarecendo o processo, onerando o poder público, criando um problema de urbanização e gerando bairros pobres na periferia.

*CC: As prefeituras é que deverão tocar o plano? Não poderão surgir critérios clientelistas na distribuição de casas? Como evitá-los?*
*JW:*Devemos lembrar que a aplicação do Estatuto da Cidade é uma questão de âmbito municipal, não de prerrogativa federal. Desde 2001, quando o Estatuto foi criado e os municípios deveriam obrigatoriamente implementá-lo, nada foi feito. Devido ao jogo de forças, às disputas políticas no cenário urbano brasileiro, praticamente zero foi implantado, salvo algumas exceções de ZEIS. Mas o IPTU progressivo, que eu saiba, ainda não teve aplicação alguma.
Com 7, 8 anos de Estatuto da Cidade, o governo vem com um pacote habitacional significativo, mas os municípios não cumpriram com suas partes, que era equacionar e gerenciar com a força do poder público a acumulação de estoques de terras em áreas urbanizadas.
A primeira conseqüência grave que pode vir disso é que, ao se destinar um volume tão grande de dinheiro para fazer casas, sem as áreas onde elas possam ser construídas, as tendências são: que se comprem as terras caras para fazer as casas e parte desses recursos vá para os proprietários, em geral grandes corporações que são donas das propriedades e mantêm espaços vazios; ou, mais provável, que se repita um padrão de urbanização típico do Brasil, que é o de os incorporadores que receberem benefícios desse pacote acabarem indo buscar terras longe do centro, sem infra-estrutura urbana, com muita dificuldade de acesso e deslocamento. Dessa forma, vai se encarecer mais uma vez o custo de levar infra-estrutura a esses locais, ao mesmo tempo em que se fará a população mais pobre morar longe, nas periferias, longe de seus locais de trabalho, reproduzindo e aprofundando a segregação espacial urbana no Brasil. Eis o primeiro aspecto.
O segundo aspecto que se pode destacar é que o plano foi feito no descarado intuito – porque o ministro Mantega falou claramente no dia da apresentação – de salvar o país da crise econômica. É baseado na idéia de que, investindo na construção civil, se reaquece a economia e se tira o país da crise. É uma visão antiga e leviana, que vem desde o New Deal do Roosevelt, pois as atividades de construção civil em geral não afetam a balança externa ou a de pagamentos, já que envolvem produtos materiais e mão-de-obra completamente nacionais, assim como a tecnologia. Fazem girar a economia internamente, sem muito vínculo com o externo, o que permitiria o reaquecimento. De início, é uma boa idéia, mas também arriscada, pois se corre o risco de termos uma bolha especulativa, de sobreprodução habitacional sem que haja eventualmente quem compre as moradias. A médio prazo, pode levar a um grave problema de sobra de oferta, principalmente se produzirem mais casas que o esperado nas classes médias e alta, e menos, nas populares, as mais difíceis de gerarem lucros.
O terceiro problema é a tendência de, nessa distribuição, existir uma forte probabilidade – já que o pacote é destinado ao mercado e escamoteia o plano essencialmente feito para resolver a crise – de que o mercado capte com mais afinco, gana, o dinheiro disponibilizado à população com renda acima de três salários mínimos, uma vez que, mesmo sendo um dinheiro mais oneroso, atinge uma população com capacidade de pagamento e os lucros são maiores. Acho que há uma tendência de o mercado e as incorporadoras tentarem primeiro aproveitar esse filão.
Também associado ao segundo problema destacado, ao se fazer um projeto que foi apressado pela crise, o ministério acabou não considerando um plano elaborado durante um ano pelo laboratório de arquitetura da USP e pela Via Pública, o Plano Nacional de Habitação. Fizeram esse plano para a Secretaria Nacional de Habitação, muito mais complexo e aprofundado que o pacote apresentado, e que foi absolutamente ignorado.
Outro problema, que o governo não falou muito, é que, na outra ponta, há um benefício muito grande à classe média alta: aumentou-se o limite do dinheiro autorizado de empréstimo no FGTS para financiar a casa. Antes, o valor do imóvel era limitado a 300 mil; agora, são 500 mil, numa escancarada abertura de porteira para novamente favorecer a classe média. O que quer dizer que o mercado terá bastante dinheiro para promover construções para essa faixa. É mais um risco que pode causar desvios no plano.

*CC: Alguns urbanistas têm dito que, pensando-se em uma verdadeira política habitacional, em vez de novas construções, seria mais efetivo buscar formas de ocupação de imóveis já existentes e vazios, na região central das grandes cidades especialmente, regularizar a situação de habitantes da periferia valendo-se das próprias residências que ocupam, além de também criar sistemas de aluguéis subsidiados. O que pensa disso?*
*JW:*Além do que foi dito antes, acho que como quarto e quinto problemas existem dois aspectos na política habitacional brasileira que o plano considera muito pouco. Ele busca, sobretudo, beneficiar as empreiteiras e o setor da construção civil para redinamizá-los.
A respeito disso, há três questões: a primeira é que o emprego da construção civil é composto em mais de 50% na informalidade. E não há nada no plano que vise garantir que o aquecimento do trabalho nesse setor seja feito para aproveitar o momento e colocar essa mão-de-obra na legalidade.
A segunda é que o plano está voltado à construção de novas casas. Mas realmente existem muitas situações habitacionais no Brasil em que o melhor não é construir casa nova, mas sim regularizar a situação fundiária e urbanizar a favela. Favelas que já estão consolidadas há muito tempo, nas quais a melhoria das casas, colocação de asfalto, iluminação, coleta de lixo serviriam para incorporá-las às cidades. Foi uma pena que tal ponto não tenha sido considerado, pois este ano foi aprovado no Congresso uma lei de assistência técnica, que justamente regulamenta a atividade de arquitetura para suporte a moradores dessas regiões, no sentido de fazer melhorias, o que como dito não foi considerado.
E o terceiro aspecto é que há outro problema grave na habitação brasileira: se, por um lado, existe um déficit habitacional de quase 8 milhões de moradias, por outro, temos mais de 6 milhões vazias. Isso se dá pela falta de políticas públicas que alavanquem a dinâmica de oferta e demanda de habitações vazias e pela falta de incentivo a que o mercado adote dinâmica de produtos e serviços destinados à reocupação de edifícios antigos. Tudo isso faz com que se tenha um enorme problema na cidade, pois geralmente são imóveis localizados em áreas centrais, isto é, muito boas para trazer a população de baixa renda, pois já possuem infra-estrutura.
Assim, prossegue um problema insolúvel que o pacote não toca.

*CC: O que pensa da entrega do projeto a mutirões e/ou cooperativas, em vez de entregá-lo a empreiteiras?*
*JW:*Ainda não me inteirei sobre se há a impossibilidade de fazer as construções por essas vias também. Se assim determinaram, de fato é mais um aspecto bastante problemático, pois esse pacote poderia ser capilarizado, permitindo-se o acesso ao plano por essas outras formas também.

*CC: O plano foi lançado nesse momento de crise, a despeito da real necessidade de habitações em nosso país. Além disso, há eleições presidenciais pela frente. Não acha que dessa forma assumirá caráter oportunista e eleitoreiro, comprometendo sua efetividade?*
JW: Acredito que seja um plano feito com a intenção de ajudar a salvar a economia, mas esse viés é inevitável. Pode ser visto dessa forma que você destaca, mas eu o analiso como uma idéia que visa reaquecer a economia. Claro, no caso de dar certo, traz dividendos eleitorais, mas, se formos ver somente por esse lado, não se faz mais política.


*Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania; Gabriel Brito é jornalista. **


http://petitionsemanifestos.wordpress.com/entrevista-do-correio-da-cidadania-com-joao-whitaker/



Casa Própria: um direito universal ou mais um produto no mercado?


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Postado por José Ruiz FecharAuthor: José Ruiz Nome: José Ruiz

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Sobre: Outros posts desse Autor (43) em 29/01/2011


A expansão econômica do Brasil nos últimos 8 anos, associada a um incrível crescimento do crédito imobiliário, aumentou a transferência de renda para as elites, talvez em um ritmo jamais visto, a despeito dos propósitos sociais, sinceros ou não. O m2 dos terrenos, historicamente nas mãos de uma pequena parcela da população, explodiu de preço ao mesmo tempo que os “custos de produção”, não associados ao aumento da massa salarial, também tiveram significativo aumento.
Se por um lado temos muito a comemorar, como a redução do desemprego, o aumento da renda média do trabalhador, a incrível expansão da classe C, a redução da miséria, entre outros, por outro é lamentável constatar que um cidadão comum paga até 10 vezes mais por um imóvel – comparando com os preços de 8 anos atrás.
Mas que círculo vicioso é esse? Estamos fadados a viver entre a estagnação dos anos 90 e a explosão de preços da “era Lula”? Afinal de contas, se contabilizarmos a quantidade de horas trabalhadas, comparando um e outro momento, podemos dizer que o trabalhador se beneficiou deste período de crescimento? Ou será que essa “festa”, extremamente restrita, tem os assentos marcados e o povo não foi convidado? O que falta para o Brasil adotar um modelo que associe crescimento econômico com desenvolvimento social?
Pelo menos no setor imobiliário, talvez essa resposta dependa do governo abandonar de vez o modelo neo-liberal adotado nos anos 90 e assumir a questão da moradia como um direito universal.
Do jeito que está, o combate ao déficit habitacional deixou de ser meta das políticas habitacionais para se tornar gatilho para novas formas de crédito imobiliário, transformando a responsabilidade social do governo em responsabilidade individual do cidadão, em um processo que privilegia a acumulação financeira em detrimento à universalização da moradia.
“Este fenômeno, evidentemente, não é uma exclusividade brasileira. Reflete, na verdade, o movimento de financeirização do crédito imobiliário (1), dentro do qual a habitação figura, na maior parte das vezes, meramente como pretexto. A recente crise econômica, que teve seu epicentro no mercado de hipotecas norte-americano, é um exemplo do fenômeno. Em pouco tempo, ficou claro que a manipulação das hipotecas pouco tinha a ver com uma política habitacional agressiva, de caráter includente, como poderia parecer aos menos desavisados. Ligava-se, objetivamente, a um processo de acumulação de capital, que tinha no sistema de crédito a sua força propulsora”(2)
São Paulo é a capital dos paradoxos, e também neste caso demonstra com maestria a dinâmica desse processo de financeirização do crédito imobiliário. Já é a 5ª maior cidade em população e será a 6ª mais rica do mundo em 2025, segundo a PricewaterhouseCoopers. A mesma agência de classificação, entretanto, aponta a capital paulista como a que tem um dos menores níveis de sustentabilidade em todo o planeta.

Moradia é um direito universal, não um produto de mercado


A cidade tem cerca de 11 milhões de habitantes, dos quais quatro milhões vivem em cortiços, favelas ou loteamentos clandestinos, porque o crescimento não é acompanhado pela política habitacional. Esse fato aparentemente não “tira o sono” dos gestores: o prefeito Gilberto Kassab (DEM) reduziu de 120 mil para 85 mil as famílias que serão beneficiadas pelo programa de urbanização de favelas, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. Ele também cortou o número de famílias atendidas pelo programa de regularização fundiária (-23%) e de recuperação de cortiços (-25%). Aliás, no quesito “política habitacional” nenhuma meta foi revisada para “mais”, ao contrário. (confira)
No entanto a cidade de São Paulo vem batendo recordes atrás de recordes na construção de novas moradias, marcando claramente a distinção entre política habitacional com cunho social e o desenvolvimento do mercado com base na expansão do crédito imobiliário.
João Whitaker, arquiteto e urbanista, em uma entrevista de Abril/2009, alertou para as dificuldades que qualquer plano de política habitacional para a população de baixa renda, citando especificamente o Minha Casa Minha Vida, enfrentaria se não fossem resolvidos os gargalos estruturais da política habitacional no Brasil, em especial o acesso à terra urbanizada: “até hoje os municípios se eximiram de aplicar o Estatuto da Cidade (3), criado em 2001 para resolver os problemas fundiários e de ocupação de terras nas áreas urbanas. Desta forma, grande parte dos recursos destinados … pode ficar congelada ou, mais factível, forçará os mais pobres a reincidirem na busca por terrenos em regiões distantes do centro e sem infra-estrutura adequada…a tendência é de as construtoras buscarem primeiramente o consumidor de maior renda na venda de casas”.
O mais curioso desse processo é que essa expansão, que favorece a acumulação de renda e que não é inclusiva, se baseia essencialmente em recursos provenientes do próprio trabalhador, em especial o FGTS e a poupança. O primeiro, um depósito compulsório, tomado dos trabalhadores brasileiros e remunerado de forma extremamente precária e o segundo, a popular “aplicação financeira” dos pequenos investidores.
Seguindo uma lógica “capitalista selvagem”, quando o trabalhador empresta esse dinheiro ao governo, e este aos grandes “investidores”, recebe migalhas como compensação. Quando é o contrário, caso em que o mesmo trabalhador vai pegar esse dinheiro emprestado, tem que pagar juros exorbitantes.
E essas são as duas principais fontes do SFI, que “por suas características intrínsecas, é incapaz de operar um efeito redistributivo. Em outras palavras, o SFI, sem o apoio do crédito dirigido e da concessão de recursos por parte do Poder Público por meio da alocação do FGTS e do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), não se mostra capaz de combater o déficit habitacional, especialmente por conta da necessidade de responder aos investidores em primeiro lugar e não à demanda por moradia das famílias de menor renda. A qualificação do SFI como sistema apto a financiar a política habitacional é, neste sentido, um processo ideológico que visa, justamente, a operação do seu contrário – a captura do sistema de crédito subvencionado e a concentração dos recursos do sistema em detrimento dos grupos de menor poder aquisitivo”.(2)
Guardadas algumas peculiaridades em cada caso, esse é o modelo americano que não deu certo, agravado por um quadro social dramático, em um país com forte demanda habitacional e graves problemas estruturais. Trilhar esse caminho pode significar abrir mão do desenvolvimento conquistado ao longo dos últimos anos, sobretudo em um ambiente econômico supostamente favorável às economias emergentes.
Em todo o planeta, o desenvolvimento econômico sustentável das nações foi precedido de garantias mínimas à população, como educação de qualidade, saneamento básico, saúde e moradia. O contrário é favorecer o capital especulativo (o foco migra do bem estar social para a remuneração do capital). É preciso romper esse ciclo e assumir a vontade de transformar o Brasil em uma grande potência mundial, e neste contexto entender que moradia não é meramente um produto de mercado, e sim uma necessidade básica e um direito universal.
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(1) financialização: por financialização, Harvey descreve uma forte onda instaurada a partir dos anos 80, marcada por um estilo especulativo e predatório na gestão da riqueza. Por meio da criação de novos instrumentos de especulação, como os derivativos, este processo teria sido responsável pela produção de uma imensa riqueza para poucos a expensas de muitos, com a produção de bolhas especulativas, “operações fraudulentas com ações, esquemas Ponzi, a destruição planejada de ativos por meio da inflação, a dilapidação de ativos por meio de fusões e aquisições agressivas, a promoção de níveis de endividamento que reduziram populações inteiras à escravidão creditícia, para não falar das fraudes corporativas e da espoliação de ativos (o assalto aos fundos de pensão e sua dizimação pelo colapso do valor de títulos e ações e de corporações inteiras)” (Harvey, 2005, p.173-174).
(2) Leitura obrigatória para entender mercado imobiliário, crise de subprime, etc.: LUCIANA DE OLIVEIRA ROYER – FINANCEIRIZAÇÃO DA POLÍTICA HABITACIONAL: LIMITES E PERSPECTIVAS, USP, 2009.
(3) O Estatuto atribuiu aos municípios a implementação de planos diretores participativos, definindo uma série de instrumentos urbanísticos que têm no combate à especulação imobiliária e na regularização fundiária dos imóveis urbanos seus principais objetivos. A partir “dele” você pode entender melhor a preocupação do setor imobiliário em “participar” das câmaras de vereadores dos municípios brasileiros. Baixe o estatuto aqui.



http://www.forumimobiliario.com.br/cidades/politica-habitacional/casa-propria-um-direito-universal-ou-mais-um-produto-no-mercado/

terça-feira, 24 de maio de 2011

TEMA - UEM 2008

Proposta UEM 2008


A coletânea de recortes de textos abaixo, retirados de fontes variadas, aborda uma temática social contemporânea. Tendo a coletânea como apoio, redija os gêneros textuais solicitados.



Quando surgiram, no final da década de 1950, as sacolas de plástico eram motivo de orgulho das redes de supermercados e símbolo de status entre as donas-de-casa. Em meio século, passaram de símbolo da modernidade a vilãs do meio ambiente. (Revista da Semana, 15/10/2007. Site: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia)



Estima-se que os brasileiros joguem fora, mensalmente, um bilhão de sacolinhas distribuídas pelo comércio, principalmente os supermercados – cada consumidor descarta mensalmente 66 unidades. (...) no Brasil já se vêem comerciantes e consumidores tomarem a iniciativa de substituição da velha sacolinha, politicamente incorreta, e as autoridades começam a buscar soluções para que ela vá saindo do nosso dia-a-dia. (Revista ISTOÉ, 17/10/2007, p. 76-77)



Grifes brasileiras vão apresentar bolsas de compras reutilizáveis em uma Exposição em São Paulo

(...) No dia 12 de setembro, a exposição Eu não Sou de Plástico exibirá 110 bolsas de compras criadas por estilistas brasileiros (...) Algumas criaram peças a partir de materiais ecologicamente corretos. (...) A idéia da Secretaria do Meio Ambiente é criar o conceito de que saco de plástico é feio, e sacola reutilizável bonita. (...)
Segundo os estudos (...) uma bolsa de lona pode substituir cem saquinhos plásticos. (...) “Mas é preciso orientar as pessoas. Quem faz compras para o mês inteiro não vai levar um monte de sacolas de pano para o mercado”. Ainda será preciso criar alternativas para as compras do mês, que enchem o porta-malas do carro. Uma opção é usar caixas de papelão. (Revista Época, 13/7/2007, p. 96-97)

Sacolas retornáveis substituindo as de plástico é opção em Ponta Grossa e ganha mercado

(...) sacolas retornáveis, confeccionadas com sacos de ráfia de farinha e açúcar e decoradas com fuxicos e alças de tecidos, é opção em Ponta Grossa para os sacos plásticos utilizados em padarias e supermercados.
O movimento Nós Podemos Paraná em Ponta Grossa lançou uma Campanha para retirar do meio ambiente as sacolas plásticas e ao mesmo tempo gerar renda para famílias carentes (...) “O legal desse projeto é que reutiliza material e não extrai mais matéria-prima virgem”. (www.fiepr.org.br/nospodemosparana)



Sacolas Reutilizáveis

As sacolas reutilizáveis de longa vida tão pouco são a solução (...) são muito mais grossas e caras (...) Elas também não são higiênicas, a menos que sejam limpas após o uso. Apesar de às vezes serem chamadas “embalagem para a vida inteira”, sua vida útil é limitada, dependendo do tratamento que recebem do usuário, e acabam por se tornar detritos extremamente resistentes quando descartadas. (Site: www.romaflex.com.br)



ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARANÁ

PROJETO DE LEI Nº 134/2007 DECRETA: Art. 1.º Os supermercados, estabelecimentos congêneres e o comércio em geral ficam obrigados a oferecerem aos seus clientes sacolas ou sacos plásticos de material biodegradável ou reutilizável para embalagens dos produtos. (...) (www.crea-pr.org.br/crea2/html/projetos_lei)


GÊNERO TEXTUAL 1

Redija um resumo, com até 15 linhas, que exponha as idéias e as informações consideradas fundamentais para a compreensão da temática abordada na coletânea de textos.

GÊNERO TEXTUAL 2

Como leitor, escreva uma carta ao editor de uma revista semanal, com até 15 linhas, expressando sua opinião sobre a temática abordada na coletânea de textos. Assine a carta com apenas a inicial do seu sobrenome final.

PIRATARIA (II)





(Caros Amigos. 9 de abril de 2006)

PIRATARIA (I)

(LEITURA IMPORTANTE) TEXTO 1:

O CONSUMO DA PIRATARIA NA SOCIEDADE PÓS-MODERNA: O LUXO ESTÁ NA MODA


http://www.antennaweb.com.br/edicao6/artigos/edicao6artigo6_consumopirataria.pdf


TEXTO 2:

Biopirataria

Por Caroline Faria

A biopirataria é a exploração ou apropriação ilegal de recursos da fauna e da flora e do conhecimento das comunidades tradicionais.
O conceito de biopirataria surgiu em 1992 com a “Convenção Sobre Diversidade Biológica” apresentada na Eco92. Desde então, a biopirataria vem sendo tema de infindáveis discussões sobre a apropriação indébita por parte de grandes laboratórios farmacêuticos internacionais dos conhecimentos adquiridos por povos indígenas, quilombolas e outros, acerca das propriedades terapêuticas ou comerciais de produtos da fauna e da flora de diversos países, ou de seus princípios ativos utilizados para a confecção de medicamentos.
Existem normas internacionais, como os tratados sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados com o Comércio (OMC – Organização Mundial do Comércio) que permitem aos pesquisadores patentear descobertas feitas através de pesquisas em outros países desde que estes tenham participação nos lucros obtidos com as descobertas. Entretanto, são inúmeros os casos em que a patente é feita, mas o país de origem sequer chega a ver a cor do dinheiro.
A biopirataria acontece em qualquer país do mundo que possua recursos naturais com potencial de comercialização e poucos investimentos em pesquisa e regulamentação, principalmente relacionada amedicamentos. Mas no Brasil o tema ganha uma dimensão enorme devido ao fato de este ser o país com a maior biodiversidade do planeta e de que aqui ainda há um potencial muito grande e inexplorado. Estima-se que o Brasil perca cerca mais de 5 bilhões de dólares por ano com o tráfico de animais, produtos da flora e de conhecimentos das comunidades tradicionais.
Geralmente associa-se a biopirataria com as indústrias farmacêuticas e princípios ativos de medicamentos. Mas, embora esse comércio movimente as maiores cifras (o mercado de remédios baseados em plantas medicinais lucra algo em torno de U$400 bilhões por ano; e do Brasil saem anualmente e de forma ilegal, mais de 20 mil extratos de plantas nativas), ele não é a única forma de exploração. A extração ilegal de madeira também figura como biopirataria.
Infelizmente, a reação brasileira ainda é incipiente. Por enquanto há apenas uma Medida Provisória (N. 2.186) sobre o assunto, criada logo após a conclusão da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) de 2003 que investigou a biopirataria no Brasil, porém sem grandes sucessos. Entretanto, é difícil dizer se essa MP ajudou ou piorou ainda mais a situação. A biopirataria ainda não é considerada como crime e a partir da MP o acesso a qualquer recurso genético depende da autorização da União. Ou seja, a MP não pune os praticantes da biopirataria e ainda tornou mais difícil o acesso dos pesquisadores brasileiros aos recursos genéticos.
Alguns dos recursos brasileiros pirateados por indústrias de outros países são os seguintes: o caso mais clássico é o do açaí, que chegou a ser patenteado pela empresa japonesa K. K. Eyela Corporation, mas que devido à pressão de diversas ONGs e da mídia, teve sua patente caçada pelo governo japonês (isso depois de mais de um ano…); o segundo caso famoso é o do veneno de jararaca que teve o princípio ativo descoberto por um brasileiro. Mas o registro acabou sendo feito por uma empresa americana (Squibb) que usou o trabalho e patentou a produção de um medicamento contra a hipertensão (o Captopril) nos anos 70.
No primeiro caso houve sucesso (mesmo que demorado) porque a patente havia sido feita recentemente, após a Convenção Sobre Diversidade Biológica. Mas, nos casos como o segundo, em que as patentes são antigas as chances de que isso ocorra são praticamente nulas e, como a maior parte dos recursos biopirateados vai para grandes e multimilionárias empresas e ainda não há legislação no Brasil que defina a biopirataria como crime, recorrer acaba sendo uma ação dispendiosa e quase sempre infrutífera

http://www.infoescola.com/biologia/biopirataria


TEXTO 3:


PIRATARIA MARÍTIMA: consiste no roubo, furto, saque e apropriação indevida realizada nos mares. É característica do período de expansão marítima dos reinos europeus que utilizavam o navio como principal meio de escoamento de mercadorias.

BIOPIRATARIA: É a exploração ou apropriação ilegal de recursos da fauna e da flora e do conhecimento das comunidades tradicionais. Também sendo definida como a exploração, manipulação, exportação de recursos biológicos, com fins comerciais, realização de contrabando de espécimes da flora e da fauna com apropriação de seus princípios ativos e monopolização desse conhecimento por meio do sistema de patentes.

PIRATARIA: é toda a ação que reproduza objetos ou informações, sem pagamento, acarretando uma desapropriação da criação e do conhecimento. Na legislação brasileira a pirataria é definida como a violação de direitos autorais tratadas pelas leis 9.610 de 1998 (lei de direitos autorais) e 9.609 de 1998 (lei de proteção da propriedade intelectual de programas de computador). Deste modo pirataria é a atividade de copiar, reproduzir ou utilizar indevidamente, ou seja, sem a autorização expressa do autor, software, música, filme, livro ou qualquer outra obra intelectual legalmente protegida.

CONTRAFAÇÃO: o termo contrafaçãoorigina-se do latim contrafacere, que quer dizer produzir por imitação, reproduzir fraudulentamente ato ou coisa.Tem-se o termo contrafação industrialaplicado à falsificação de marcas, indicação geográfica e à utilização não autorizada, na produção industrial, em qualquer escala, de desenhos, projetos, fórmulas e modelos de utilidades, registrados ou patenteados.

CONTRABANDO:contrabando de produtos é a importação ou exportação de mercadoria proibida gerando a sonegação de impostos.

DIREITO AUTORAL: é o direito do autor, do criador, do tradutor, do pesquisador, do artista, de controlar o uso que se faz de sua obra. Consolidado na Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, garante ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou.


TEXTO 4:

“42% da população consomem produtos piratas, diz pesquisa”

Cerca de 42% da população brasileira consome produtos piratas no país. A conclusão faz parte da pesquisa "O Consumo de Produtos Piratas no Brasil", elaborado pela Fecomércio-Rio de Janeiro em parceria com o Instituto Ipsos, que ouviu mil domicílios em 70 cidades e nove regiões metropolitanas entre os dias 26 e 30 de agosto.
Segundo Clarice Messer, diretora do Instituto Fecomércio, a qualidade não é levada em conta quando se opta por um pirata, mas a esmagadora maioria (93%) é atraída pelos preços mais baixos."A relação custo benefício é o grande fator de consumo de produtos piratas", disse.
Os produtos piratas mais procurados são CDs e DVDs. Relógios, óculos, roupas, calçados, bolsas ou tênis vêm logo depois na lista de preferências.Já os equipamentos eletrônicos quase não são procurados por consumidores nesse tipo de comércio. Segundo Messer, para esses produtos a garantia e as formas de financiamento são importantes.
Os homens são os que mais consomem produtos piratas. Ao todo, 49% afirmam que consomem esses produtos, contra 36% das mulheres.Segundo o secretário-executivo do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, André Barcellos, 75% das mercadorias pirateadas vêm do sudeste asiático.
Barcellos citou os números crescentes de apreensões, mas afirma que é preciso elaborar uma série de medidas educativas, repressivas e econômicas para combater a pirataria.
O presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, lembra da necessidade de diminuir a carga tributária para combater a pirataria. “A alta carga tributária é um dos principais entraves para o mercado formal", disse.A percepção da maior parte dos consumidores é que há efeitos negativos com o comércio de produtos piratas. Segundo a pesquisa, 83% dos entrevistados acham que esse comércio prejudica os fabricantes e artistas ou estimula a sonegação de impostos.Já 79% afirmam que prejudica o faturamento do comércio, enquanto 70% afirmam que alimenta o crime organizado e 64%, que causa desemprego. (Clarice Spitz)


TEXTO 5:


Autoridades do Brasil e dos EUA defendem cooperação no combate à pirataria associada ao crime organizado


Prejuízo financeiro a governos e empresas, trabalho infantil e venda de medicamentos falsificados estão entre as preocupações de membros dos Ministérios Públicos e do Poder Judiciário dos dois países.
Bilhões de dólares em prejuízos a governos e empresas, 250 milhões de crianças trabalhando em fábricas de produtos pirateados, mais de 160 acidentes aéreos causados por peças falsificadas, medicamentos falsos contra câncer, gripe aviária e doenças mentais comercializados no mercado formal. Esse cenário foi apresentado por representantes dos Ministérios Públicos e do Poder Judiciário do Brasil e dos Estados Unidos durante o Simpósio “Direito de Propriedade Intelectual”, realizado ontem, 15 de setembro, em Brasília.Parceria entre a Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU) e a Embaixada dos EUA, a atividade discutiu o combate aos crimes contra a propriedade intelectual, conceito associado à preservação dos direitos de autor e da propriedade industrial.
Durante o simpósio, os palestrantes apresentaram questões referentes à legislação aplicada ao tema, discutiram casos concretos e mostraram preocupação com o avanço em escala global da pirataria e da falsificação de medicamentos e a associação dessas práticas com o crime organizado.
O juiz federal norte-americano Ronald Lew defendeu a criação de forças-tarefa para combater os crimes. “Independente do país que visito, há sempre adesão à lei que combate a pirataria. No entanto, precisamos estabelecer um tripé composto por procuradores, juízes e agentes de repressão empenhados no cumprimento dessa legislação”, disse. Durante a palestra, o juiz apresentou o tratamento dado pela lei de seu país à prática de violação da propriedade intelectual e fez um alerta: há cada vez mais criminosos do tráfico de drogas e de armas migrando para a pirataria.Essa advertência também foi feita pelo procurador norte-americano Matthew Bassiur: “Por se tratar de uma prática socialmente aceitável, com baixos custos de fabricação e entrada, facilidade de distribuição e 900% de retorno financeiro, a pirataria tornou-se um atrativo ao crime organizado”. Segundo o procurador, não basta apreender os bens pirateados e prender os criminosos: “Temos de desmantelar as organizações financeiramente”.
Para o corregedor do Conselho Nacional de Justiça, o ministro do STJ Gilson Dipp, diante do avanço do mercado informal e da falsificação de produtos, é necessário recorrer cada vez mais à cooperação internacional e à utilização de formas sofisticadas de obtenção de provas para reprimir essas práticas. “A pirataria não é mais um crime cometido pelo camelô da esquina. Por trás da falsificação estão grandes organizações com estruturas empresariais internacionais”, alertou.Exemplos dessas estruturas não faltaram durante o simpósio. Em sua palestra, o agente especial alfandegário e de imigração dos EUA Edward Tarver apresentou casos concretos de fabricantes de medicamentos falsificados com rotas de comercialização em todo o planeta. “Verdadeiros homens de negócios vendem remédios falsos para o tratamento de gripe aviária, câncer, problemas cardíacos e doenças mentais em embalagens de alta qualidade, o que os tem capacitado a penetrar mercados legítimos de vários países”, contou.
“Por enquanto, o Brasil ainda tem um mercado farmacêutico confiável”, explicou o procurador regional da República Humberto Jacques. No entanto, recomendou que o país atue em cinco principais eixos para evitar a entrada de remédios falsificados em um futuro não muito distante. “Não se trata o problema apenas do ponto de vista do mercado informal. É necessário estimular o uso racional de medicamentos, aumentar a liberdade de mercado, combater a corrupção nas licitações para aquisição desses produtos, desenvolver centros de inteligência nos órgãos de vigilância sanitária e, por fim, combater a pirataria e a falsificação”, alertou.
Para o diretor-geral da ESMPU, Rodrigo Janot, o intercâmbio de informações entre países é o caminho para o combate a um problema que afeta o cotidiano de toda a sociedade. “A cooperação jurídica é essencial à repressão do crime contra a produção do intelecto”, ressaltou. A procuradora norte-americana Karine Moreno apoiou a iniciativa: “Esse tipo de crime é universal. Se não mantivermos o diálogo, quem ganha são os criminosos”. Para o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Antonio Carlos Bigonha, é essencial utilizar o conceito de força-tarefa nesse trabalho: "Somente no esforço concatenado se obtêm resultados".A atividade contou ainda com a participação do subprocurador-geral da República Antônio Carlos Fonseca e do procurador regional da República Tomaz Leonardos. O simpósio faz parte de uma série de iniciativas desenvolvidas pela ESMPU em parceria com a Embaixada dos EUA, nas quais se discutiram temas como lavagem de dinheiro, leis antitrustes e técnicas de entrevista. (Assessoria de Comunicação Escola Superior do Ministério Público da União)

terça-feira, 17 de maio de 2011

A TRAGÉDIA DO REALENGO

TEXTO 1: A culpa é do islã

José Arbex Jr. (Caros Amigos. maio 2011)








TEXTO 2. O massacre do realengo

Sergio Adorno (Le Monde Diplomatique Brasil. maio 2011)








Texto 3. Tragédia carioca




OLIMPÍADA E A QUESTÃO DA HABITAÇÃO






Carta Capital. 20 de abril de 2011

O DRAGÃO CHINÊS E O MUNDO PÓS-AMERICANO (III)









Carta Capital. 20 de abril de 2011

O DRAGÃO CHINÊS E O MUNDO PÓS-AMERICANO (II)










Caros amigos. novembro 2008

O DRAGÃO CHINÊS E O MUNDO PÓS-AMERICANO (I)

TEXTO 1. Na China, petição vira última esperança


Todos os anos, 12 milhões de chineses tentam obter justiça apresentando requerimentos que denunciam arbitrariedades em suas vilas


Reportagem na íntegra: http://digital.estadao.com.br/download/pdf/2011/04/24/A14.pdf



TEXTO 2. A América Latina não é a África


Convencer os chineses de que a América Latina não é a África é um dos grandes desafios de empresas e governos da região interessados em atrair investidores do país asiático, que não estão acostumados com o modelo de negócios praticado no Brasil e muitos de seus vizinhos.

A fórmula de atuação do país asiático em outras nações em desenvolvimento é dada pela África, onde o governo da China entra com financiamento e exige em troca que suas empresas realizem as obras e forneçam máquinas, materiais e muitos dos trabalhadores necessários para sua execução. Não há licitações e toda a relação é feita de governo a governo. Na maioria dos casos, o dinheiro do financiamento nem sai da China e é transferido diretamente para as empresas do país responsáveis pelas obras ou venda de equipamentos.

“Os chineses tendem a olhar para a América Latina e comparar a região com a África e nós não gostamos disso. Eles têm que jogar pelas regras do jogo da América Latina”, afirmou Vladimir Kocerha, conselheiro econômico e comercial do consulado do Peru em Xangai, durante seminário sobre investimentos chineses na região encerrado hoje em Pequim.

Entre as diferenças, uma das maiores é a existência de empresas nacionais fortes, capazes de realizar as obras normalmente executadas pelos chineses na África. A preferência por negócios entre Estados é outra. “Se há problemas, os chineses falam com o governo local. Se isso não funciona, pedem para o governo chinês falar com o governo do país onde investiram”, falou o advogado Xiangyang Ge, sócio do escritório Mayer Brown JSM.

“É preciso quebrar esse modelo governo a governo. Os chineses precisam falar com o setor privado”, falou da plateia Ian Monteiro de Andrade, da Camargo Corrêa. Bernardo Guillamón, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), disse que os chineses não estão acostumados a trabalhar com o modelo de concessões de serviços públicos adotado na América Latina e esperam sempre obter uma garantia soberana para suas operações. “Nós estamos ajudando os investidores chineses a compreenderem o ambiente regulatório da região, porque sem isso não haverá negócios.”

O vice-gerente da China Communications Construction, Chang Yunbo, pediu aos ouvintes que o ajudem a construir instituições que permitam a empresa a investir na região, sobretudo no Brasil. Segundo ele, “dinheiro não é problema”. A grande barreira é o modelo de negócios. “Nós temos dinheiro abundante e barato, mas temos dificuldade em lidar com o setor privado, porque estamos costumamos a fazer negócios com governos”, observou Chang. A China Communications Construction é um dos grandes conglomerados estatais do país e aparece na 341ª posição no ranking Global 500 da revista Fortune. Chang vê grandes possibilidades de investimento no setor de infraestrutura no Brasil, especialmente em razão da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016. “O modelo de financiamento governo-governo é muito popular na China e foi usado com sucesso na África.”

O exemplo africano também foi citado na exposição do vice-presidente do Eximbank chinês, Zhu Xinqiang. “Usamos um modelo inovador na África para melhorar a infraestrutura da região e a América Latina e a África enfrentam os mesmos desafios.”
O advogado Ronaldo Veirano acredita que haverá choques culturais no processo de aproximação entre as duas regiões, que já ficaram claros no caso da construção da Companhia Siderúrgica do Atlântico, para a qual os fornecedores chineses de equipamentos tentaram levar milhares de operários para o Brasil. “Obviamente, o governo brasileiro não aceitou.”

Os participantes reconheceram que há um processo de aprendizado e de compreensão das diferenças, que poderá reduzir o potencial de conflitos entre os dois lados. Kocerha citou o caso da estatal Chinalco, que comprou uma mina de cobre no Peru por US$ 2,4 bilhões no ano passado e tenta evitar os erros cometidos por mineradoras chinesas que entraram no país nos anos 90.

O caso clássico de estratégica desastrosa é o da Shougang, cuja presença no país é marcada por conflitos com trabalhadores. Segundo Kocerha, a Chinalco contratou peruanos para sua direção, levou em conta as expectativas da comunidade local e teve uma estratégia de comunicação.

Aproveitando o interesse da China Communications Construction pelo setor oficial, executivos da Caixa Econômica Federal (CEF) apresentaram à empresa uma lista de 80 projetos de infraestrutura para os quais estão buscando investidores. Luiz Carlos de Azevedo, representante da CEF no Japão, disse que a instituição criou um fundo de investimentos em participação para canalizar recursos a essas obras, que abrangem diversos setores.

Cláudia Trevisan. Estadão



TEXTO 3. Democracia e eleições com ‘características chinesas’


“Esta é uma eleição do Partido Comunista e não uma eleição americana”. A frase foi dita por um policial na semana passada no momento em que ele comandava a prisão de Liu Ping, desempregada e candidata independente ao Conselho de Representantes de sua cidade, na província de Jiangxi. Seu crime foi fazer campanha durante a eleição, algo absolutamente banal em vários lugares do mundo, mas inconcebível na “democracia com características chinesas”. Liu foi carregada pelos policiais e teve sua casa vasculhada.

Advogados chineses ressaltaram que não há nada na legislação do país que proíba candidatos de divulgarem seus nomes e propostas, mas o que menos conta quando os interesses do Partido Comunista estão em xeque é o que diz a lei.

A infeliz frase do policial se transformou de maneira instantânea em um hit da versão chinesa do Twitter, que é bloqueado no país. Chamada de Weibo (microblog), a ferramenta do site Sina tem 140 milhões de usuários registrados e, apesar da censura, se transformou em um importante canal de denúncia contra abusos de poder por autoridades desde que foi criado, em 2009.

É claro que o Weibo também está sujeito aos limites oficiais, o que se reflete no fato de que a frase “Esta é uma eleição do Partido Comunista e não uma eleição americana” foi deletada pelos censores e não podia mais ser encontrada ontem. Mas o nome “Liu Ping” continuava popular e havia se transformado em um símbolo da defesa dos direitos de voto dos cidadãos.

Contra todas as evidências, os líderes chineses repetem com frequência que seu país é uma democracia, diferente da ocidental, mas uma democracia. Entre os argumentos que utilizam estão os de que existem outros partidos além do Comunista (dos quais ninguém nunca ouve falar) e que há eleições para todos os órgãos de base da sociedade (realizadas em circunstâncias que restringem a liberdade de escolha dos eleitores, como os fatos recentes demonstram).

A mensagem implícita em “Esta é uma eleição do Partido Comunista e não uma eleição americana” é a de que nenhum resultado que contrarie os interesses dos ocupantes do poder é admissível. Os eleitores não precisam saber em quem estão votando, não há apresentação de propostas e tudo é absolutamente controlado pelo governo, que na China se confunde com o Partido. No fim, são “eleitos” aqueles previamente escolhidos pelos comunistas, que deixam mais uma vez clara sua falta de disposição para afrouxar o controle sobre o sistema político chinês.

Quanto a Liu Ping, ela continuava presa ontem, sob a suspeita de “esconder material de propaganda perigoso”, supostamente o mesmo que ela distribuía abertamente na porta do supermercado onde foi detida. A polícia revistou sua casa, confiscou o material “perigoso” e dois celulares. A eletricidade e a conexão de internet do local foram cortados.

Cláudia Trevisan. Estadão


TEXTO 4.Repórter explica influência doméstica na liderança global da China


Silvia Salek - Enviada especial da BBC Brasil a Pequim

A presidente Dilma Rousseff chega nesta segunda-feira a Pequim para a reunião do Bric, grupo que reúne os emergentes Brasil, Rússia, China e Índia e que passa a incluir também a África do Sul.

Mas, apesar do potencial crescente da nova entidade, os anfitriões já são muito maiores do que qualquer outro "Bric", vêm aumentando sua influência ao redor do mundo em um ritmo mais rápido do que se previa e caminham para assumir um papel de superpotência global.

Os indicadores econômicos são impressionantes. A China é hoje o país do mundo que mais exporta (após ultrapassar a Alemanha) e é o segundo que mais importa (ainda atrás dos Estados Unidos). Tem o maior superávit comercial e de conta corrente do mundo e detém um terço das reservas globais em moeda estrangeira (US$ 2,85 trilhões até o fim de 2010).

Tornou-se o principal parceiro comercial não apenas do Brasil, em 2009, como também de uma série de países e tem investimentos crescentes em mais de 80 nações que chegaram a US$ 59 bilhões em 2010.

O poder econômico do “Império do Meio” se tornou incontestável nos últimos anos, e as projeções são quase unânimes em apontar uma mudança do eixo econômico mundial para a Ásia, resultado do chamado “efeito China”.

Com a mudança histórica, cresce a expectativa de que o país vá também exercer um papel de liderança além da esfera econômica. Em busca de sinais sobre que tipo de liderança será essa, as ações de Pequim são observadas com lupa, e uma nova postura chinesa, constantemente classificada de assertiva, tem preocupado alguns setores em diversos países.

Para o diretor do Centro de Pesquisas Econômicas da Universidade de Pequim, Yang Yao, a ascensão da China já foi bem vinda no Ocidente. Desde a crise financeira global, no entanto, o país passou a ser visto como uma nação em busca de dominação.
“A chamada assertividade da China é resultado do poder econômico e não de uma mudança estratégica que vá desafiar a ordem mundial”, disse ele à BBC Brasil.
Novo modelo

Apesar de não parecer haver uma estratégia clara sobre a liderança a ser assumida pela China, esse papel será uma consequência natural para o país nos próximos anos, segundo Eric Vanden Busche, sinólogo e pesquisador da Universidade de Taiwan. A China, entretanto, não vai seguir o mesmo modelo adotado pelos Estados Unidos.

“A China vai introduzir um novo modelo de ser potência. Você não vai ver uma China tentando controlar o mundo. Um dos princípios que regem a diplomacia chinesa é o da não-interferência. Mas veremos uma potência que lutará para se infiltrar economicamente principalmente em países fornecedores de matérias-primas”, disse à BBC Brasil o sinólogo formado pela Universidade de São Paulo (USP).

Silvia Salek. BBC Brasil



Revista Brasileira de Política Internacional
Print version ISSN 0034-7329
Rev. bras. polít. int. vol.45 no.2 Brasília July/Dec. 2002
doi: 10.1590/S0034-73292002000200005
PRIMEIRA INSTÂNCIA



Texto 4. A China frente à globalização: desafios e oportunidades



Viktor Sukup

Ex-professor de economia latino-americana, européia e internacional da Universidade de Buenos Aires






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RESUMO

Este artigo procura analisar as perspectivas da política externa e interna chinesa e o papel que será exercido pelo país nas próximas décadas. Há inicialmente uma análise histórica da evolução das instituições governamentais chinesas e de como o colonialismo europeu se manifestou na região. Ao final, busca-se entender o papel que essa potência em ascensão terá frente a globalização.

Palavras-chave: China; Hong Kong; Política Externa Chinesa; Globalização.


Introdução

A adesão da China à Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001 consolida a crescente abertura do país de maior população do mundo. Tal fato foi marcado por vários anos de difíceis negociações com os principais parceiros internacionais, Estados Unidos e União Européia, com os quais teve que concluir prévios acordos sobre as modalidades concretas da mútua abertura das economias. Foi celebrada, portanto, mesmo que de maneira superficial, como uma forma de triunfo final da economia de mercado. Após mais de vinte anos de reformas liberais, acabou oficialmente o tradicional isolamento do maior dos países que, até tempos recentes, estava ainda bem fechado. A China será agora mais um parceiro da ordem global, embora de peso e natureza bem particulares. O acontecimento, com certeza, é histórico, pois amplia ainda mais a controvertida "globalização da economia" e dará à China um papel de destaque no mundo do século XXI, maior do que se tivesse ficado à margem da OMC. O comércio mundial e a divisão internacional do trabalho estão de parabéns com a inclusão de pleno direito da China. Ademais, sua adesão à OMC – simultaneamente à de Taiwan – chegou quase como uma notícia de salvação após uma série de golpes desastrosos para a globalização liberal como o fiasco de Seattle, o escândalo da Enron, a queda da new economy e até os ataques de 11 de setembro e a posterior "guerra antiterrorista". Tudo isso, conjuntamente com as simultâneas crises agudas da América Latina e do Oriente Médio, agravou sensivelmente o mal-estar econômico e as tensões políticas mundiais. Então, foi possível dar um novo otimismo, com certeza relativo, aos projetos de um "multilateralismo" renovado1 .

Os pragmáticos chineses parecem nutrir a idéia básica que permitiu no passado os êxitos do Japão e dos "tigres asiáticos": integrar-se ao mundo ainda dominado pelo Ocidente de maneira dinâmica, mas prudente, negociada e não imposta, sem deixar-se dominar.

Com um quinto da população da terra, uma economia e um comércio exterior já equiparado aos do Japão, os chineses pensam, com alguma razão, que só podem ser parceiros em condições de igualdade com as outras grandes potências, e não subordinados a estas. O "comunismo chinês", no fundo, sempre foi talvez mais "chinês" do que "comunista". Isto é, nacionalista e herdeiro de uma tradição milenar que considera a China não apenas como um país qualquer, mas como a civilização central da humanidade. Como salienta Eric Hobsbawm no seu olhar sobre o século XX, apesar dos seus atrasos e misérias, a China nunca teve os complexos de inferioridade cultural tão típicos da URSS e de outros países socialistas que queriam a qualquer preço "alcançar e ultrapassar" os países capitalistas avançados2 . Foi essa também, sem dúvida, a razão principal da ruptura sino-soviética, pois na época esse "modelo" ainda parecia bem-sucedido.

Em todo caso, os chineses preferem hoje um mundo realmente multipolar à hegemonia de uma superpotência. Daí as tensões recorrentes com os Estados Unidos e a importância que dão às suas relações com a Europa, o Japão, a Rússia, o Brasil etc. Assim, a entrada na OMC constitui não tanto a conversão do Império do Meio ao capitalismo liberal, mas um compromisso pragmático aceito pelos líderes chineses para reforçar e consolidar as novas correntes de exportação, o aporte de investimentos externos direto (IED) que dinamizam sua economia e para deixar de uma vez de ser uma espécies de outlaw comercial3 . Ao mesmo tempo, as pressões exteriores, agora mais previsíveis visto que são "regulamentadas" no âmbito da OMC, continuam agilizando as reformas internas que os líderes chineses querem impor com o objetivo de avançar rumo à "economia socialista de mercado". Ademais, acrescenta um observador, a China pensa em "encontrar na OMC uma tribuna à altura de suas ambições geopolíticas4 ", respaldada economicamente por um PIB quadruplicado em apenas duas décadas, período pelo qual a China entrou no segundo grupo de "tigres" ou "dragões"5 por meio das "quatro modernizações" muito bem-sucedidas de Deng Xiaoping (agricultura, indústria, ciência e tecnologia e defesa). Contudo, entrou nesse grupo com duas particularidades: mantém uma ideologia oficial totalmente diferente, comunista até no nome do partido dirigente, embora pouco compatível com a atual realidade social, e tem uma população que, sozinha, é bem maior que o conjunto de todos os demais países do Leste e Sudeste asiático, incluindo Indonésia, Filipinas, Vietnã e Birmânia.

É difícil prever a ideologia e a política econômica da China de amanhã. Entretanto, dado seu peso demográfico e agora também econômico e político, não há dúvida de que a China será um ator essencial no cenário mundial do século XXI. Para os demais países do mundo, e em primeiro lugar os países vizinhos, isso representa um desafio considerável de concorrência e também um fator de dinamização. Antes era o Japão, agora é cada vez mais a China que atua como locomotiva econômica regional. Para o resto do mundo, ela se apresenta ao mesmo tempo como um desafio e uma oportunidade ainda maior que o Japão das décadas de 60 a 80. Não é estranho que os empresários ocidentais, frente à conjuntura pouco satisfatória de seus países, entusiasmem-se ao falar das possibilidades de expansão no "maior mercado do mundo", nem que muitos deles tenham medo das futuras avalanchas de têxteis e outros produtos baratos provenientes da China. Isso será um grande desafio para os países menos desenvolvidos como os da América Latina. Independente de qual seja o papel da China no mundo de hoje e de amanhã, este só poderá ser compreendido, evidentemente, com uma rápida olhada sobre sua história.



Texto na íntegra: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292002000200005

domingo, 8 de maio de 2011

SUSTENTABILIDADE

Uma ilha planetária

Não perguntes por quem os sinos dobram: eles dobram pelas focas, pelas fraldas e também pelo homem


Há pouco mais de uma década, a preocupação brasileira com a preservação da natureza tinha data, horário, público e endereço certos. Ela transcorria no dia 21 de setembro, antes do recreio, e era presenciada por crianças de escolas primárias. No Dia da Árvore, a garotada se acotovelava em torno de um garoto que, sob o olhar circunspecto da professora, cavava desajeitadamente um buraco e nele depositava a semente de um pinheiro ou similar. Com a cerimônia, prestava-se reverência ao verde, à mãe natureza, à terra que dá frutos e flores – e se esquecia do assunto no recreio mesmo, até que ele retornasse no próximo Dia da Árvore. Essas árvores todas de antanho podem não ter alterado o equilíbrio ecológico do planeta, mas a idéia de preservação do meio ambiente floresceu numa dimensão amazônica. O 21 de setembro virou assunto cotidiano, com todo um léxico de sinistras expressões: efeito estufa, degelo da calota polar, vazamento de usinas nucleares, lixo atômico, poluição industrial, extinção das espécies animais, camada de ozônio e destruição do planeta.
Mudou a concepção da humanidade em relação à Terra: este é um tempo em que americanos e soviéticos se unem no enregelado Ártico para salvar três baleias, enquanto por todo mundo se acompanha o drama dos simpáticos mamíferos durante quinze dias. Adeus Moby Dick, monstro selvagem que arrastou o capitão Acab para o fundo dos mares silenciosos. Bem-vindos capitães da indústria, tubarões das finanças e cinzentos políticos profissionais, que agora se reúnem para condicionar empréstimos mediante o compromisso de se preservar a Amazônia. No século XVII, o reverendo e poeta anglicano John Donne proclamou do púlpito da Catedral se São Paulo, em Londres, que “nenhum homem é uma ilha completa em si mesma; todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme”, e completou o raciocínio com a expressão que Ernest Hemingway usaria como título de romance: “A morte de qualquer homem diminui a mim porque estou envolvido na humanidade; por isso não mandes indagar por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.


PLÂNCTON – Neste fim de século, aumenta cada vez mais a consciência de que nenhuma ilha é uma ilha. A consciência de que todos – culturas e ursos pandas, civilizações e focas, tribos indígenas e superpotências nucleares – estão na mesma ilha planetária, no frágil e exaurível ecossistema terrestre cercado de infinito por todos os lados. O brasileiro precisa que o australiano cuide bem do plâncton do Oceano Pacífico para que o clima na Amazônia não seja alterado. O plâncton – a fauna e a flora que sobrenadam nos mares – é que determina a cadeia biológica dos oceanos e se as águas vão absorver muito ou pouco calor solar. Quanto menos plâncton, mais calor as águas absorvem, e mais frio o clima. Nenhum país é uma ilha, completo em si mesmo. Toda a humanidade é parte da natureza e por isso não perguntes por quem os sinos da ecologia dobram: eles dobram por ti.
O sino de Donne badalava no compasso do sentimento religioso, em que todo homem está ligado a seu próximo porque a humanidade faz parte de Deus. Os da ecologia bimbalham o som da ciência, da política, da economia e da técnica, ainda que comportem muito de misticismo. O marco inicial da ecologia foi a Conferência das Nações Unidas sobre o ambiente, que reuniu representantes de 109 países, em Estocolmo. Nela se misturaram políticos profissionais, diplomatas, economistas, cientistas e toda uma ruidosa assistência de hippies, gente da contracultura e militantes da nova esquerda. A conferência foi batizada de “Woodstocolmo”, numa referência ao festival pop de Woodstock, onde já germinavam as idéias de preservação do ambiente.
O ecologismo dos anos 60 fazia parte de uma ideologia mais ampla e mais vaga, mas igualmente poderosa: era parte do movimento contra o então chamado “sistema”, com seu industrialismo predatório, sua contínua produção de dejetos, suas cidades saturadas de seres anônimos. Hippies, contra-culturais e novos esquerdistas são hoje fosseis exibidos no Museu 68, enquanto políticos, economistas e cientistas se adaptaram melhor ao ambiente dos anos 80. Mas como nenhuma ideologia é completa em si mesma, herdando e reelaborando as que lhe antecederam, a ideologia do ecologismo incorporou muito da vaga libertária dos anos 60. Mas a ecologia também não gerou uma utopia. A ecologia, ao contrário, alimenta as imagens do apocalipse.


AIDS – Fim de milênio é tradicionalmente época de utopia e apocalipse. O surgimento do salvador no início da Era Cristã e o fim do mundo na Idade Média, do ano 1000. Agora, a uma década do ano 2000, as imagens do apocalipse são as da Aids (epidemia descontrolada e letal), da guerra nuclear (mesmo que por acaso: o sargento louco que aperta o botão é joga a bomba sobre Moscou, os russos retaliam, e catapum!, hora de Finados para a ilha-Terra tal qual a conhecemos), da superpopulação (em 1800 a humanidade consistia em um 1 bilhão de pessoas e em menos de quarenta anos seremos 10 bilhões de terráqueos), da quebra do sistema financeiro internacional (a dívida dos países do Terceiro mundo é elemento dessa crise) e, claro, do caos ecológico. Todos esses problemas são reais, palpáveis, mas as imagens angustiosas que neles se alimentam têm como base um deslocamento de linguagem. No livro de Susan Sontag A Aids e suas metáforas, lançado há duas semanas nos Estados Unidos, a ensaísta americana sustenta que toda projeção futurista tende necessariamente à catástrofe, ao caos, à entropia. Essas projeções criam uma dupla realidade, a dos desastres ocorridos e até agora contornados e a da sua extrapolação em apocalipse irreparável.
É o caso do efeito estufa, que existe como projeção, e não como realidade. Nessa projeção se defende que se a Amazônia for queimada a quantidade de gás carbônico liberada seria de tal ordem que a atmosfera não teria como lidar com ela. Assim, os raios de sol atravessariam essa nuvem carbônica, se refletiriam no solo, mas, na forma de raios infravermelhos, não conseguiriam furar de volta o CO2 e permaneceriam então aprisionados na superfície do planeta, aumentando o calor na Terra inteira. Esse calor derreteria parte das calotas polares, os oceanos subiriam de nível, e, em meados do próximo século, boa parte da Holanda, a região de Miami, na Flórida, e o Rio de Janeiro seriam inundados. Holandeses, americanos e brasileiros teriam razão para se preocupar hoje com as queimadas na Amazônia. Só que há cientistas, como Fred Singer, do Departamento de Transporte dos EUA, que defendem que o gás carbônico incrementaria as nuvens que refletem o calor, contrabalançando o dano do efeito estufa. Os cientistas debatem a questão, mas, antes que da discussão se faça a luz, a confusão domina. Só tempo permite uma perspectiva esclarecedora: há dez anos, uma descarga acidental de gás sulforoso no Pólo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, sufocou e matou 20.000 árvores dos arredores. Mas hoje a média salarial dos 24.000 empregados de Camaçari é de 1.000 dólares por mês – a maior da América Latina.


VERDISMO XIITA – No caso do efeito estufa, impõe-se a idéia de que, por via das dúvidas, é melhor não queimar a Amazônia, em benefício da futura geração de cariocas, holandeses e moradores de Miami. Sem esquecer que há na Amazônia colonos que, se não queimarem a mata, morrerão de fome hoje ou amanhã. O indivíduo que quiser pautar pelo ecologismo extremado, pelo verdismo xiita ou pela soma ensandecida de todas as projeções científico-computadorizadas acabará paralisado. Terá de comer só tomate sem casca, já que um estudo que o Conselho de Defesa de Recursos Naturais, dos Estados Unidos, divulgou na semana passada concluiu que os pesticidas na casca dos tomates podem provocar câncer em 875 pessoas de cada grupo de 1 milhão. Também não poderá usar fraldas descartáveis nos filhos, pois o plástico que há nelas leva 400 anos para se degradar. Soa estranho que o homem, que está na Terra há mais de 2 milhões de anos, tenha saído das cavernas, descoberto o fogo, inventado a roda, a escrita, construído civilizações, pintado teto da Capela Sistina e viajado à Lua para, nessa altura dos acontecimentos, dedicar-se a descascar tomates e lavar fraldas. Nossos ancestrais desceram das árvores em busca de uma vida melhor, de felicidade. A ecologia, a preocupação com a preservação com a natureza, significa o apego do ser humano não só ao seu ambiente, mas também a si mesmo. A Terra existe há mais de 2 bilhões de anos e – eis outra previsão científica – deverá durar uns outros 4 bilhões, quando o Sol acabar de consumir o seu hidrogênio, se expandir e torrar este planeta próximo. Ela começou a existir sem o homem. Poderá terminar sem ele, se a humanidade colonizar outros planetas antes do prazo de 4 bilhões de anos. Mas poderá também terminar junto com o homem se ele não se entender e arrasar a si mesmo e ao planeta. A ecologia é apenas um lembrete desse fato singelo. (Veja. 1º de fevereiro, 1989)

sábado, 7 de maio de 2011

CINE DEBATE - APM (MARÍLIA - SP) - 07 DE MAIO DE 2011

05.05.2011 - Cine Debate em Marília exibe “A fita branca”

No dia 7 de maio, às 16h, a Associação Paulista de Medicina (APM) - Regional de Marília realiza mais uma edição de seu Cine Debate, em parceria com o Núcleo de Psicanálise de Marília e Região.



Haverá exibição do filme europeu A fita branca, que será comentado pela psicóloga Carla Maria Pereira Oléa e pela socióloga Célia Florentino. A obra retrata a história de crianças e adolescentes em um vilarejo protestante, no norte da Alemanha, às vésperas da Primeira Guerra Mundial.



O evento acontece na sede da Regional é aberto ao público.



Serviço

Data: 7 de maio de 2011

Local: APM Regional de Marília

Informações: (14) 3433-5246


http://projetos.homebr.com.br/apm/noticias-conteudo.aspx?id=5529

SUGESTÃO DE FILME DO CLUBE DO CINEMA DE MARÍLIA

SOUL KITCHEN – um empreendedor e seu restaurante.

De: Fatih Akin


Postado por Clube de Cinema de Marília , Marcadores: alemão , comida , comédia , multiculturalismo , restaurante , turco , sábado, 16 de abril de 2011 14:18



Uma das melhores comédias, não, um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos.

Não se trata de comédia nonsense, baseada em sketches ou situações absurdas. O que atrai nesse filme é justamente o contrário: exibe situações com possibilidade de acontecer a qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo. As diversas soluções encontradas pela direção, vem constantemente demonstrar que não se trata de Hollywood, mas de um filme “estrangeiro”. Na realidade, trata-se de uma produção turco-alemã, de 2009, com direção de Fatih Akin. No elenco, vários e bons atores, turcos e alemães.

Um cozinheiro machuca a coluna e corre o risco de ter hérnia de disco; sua namorada ganha uma promoção para ir trabalhar do outro lado do mundo – em Xangai; o dono do restaurante tem um irmão presidiário que vive de jeitinhos e alguma sorte; Zinos, o cozinheiro, reencontra um colega de escola a quem não via há muito tempo, fato que terá conseqüências definitivas para o desenrolar da trama.Legal também nesse filme são as diversas referências ao multiculturalismo. É uma obra não fechada em si mesma, porém aberta a dialogar com pessoas de várias nacionalidades e raças, mostrando aquilo que nos une, em vez de explorar o que nos divide. Há por exemplo referência ao namorado chinês da loiríssima girlfriend de Zinos, o protagonista de origem grega.
Soul Kitchen trata da dureza da vida, a luta do pequeno empresário pela sobrevivência própria e de seu negócio, os impostos em excesso, o mal atendimento a quem não tem seguro médico, as escolhas que todos precisamos fazer de vez em quando. Pensando bem, até podia ser um filme brasileiro, pois nos identificamos imediatamente com várias situações nele mostradas.

Uma grata novidade ver esse jovem diretor alemão (Fatih Akin) nascido em Hamburgo, ele próprio filho de imigrantes turcos, vir nos brindar dessa vez com uma obra inteiramente diversa daquilo que vinha apresentando até então.

Entre seus filmes anteriores, “Contra a Parede”, (2004), fala sobre as dificuldades dos imigrantes na Alemanha. A critica o considerou um filme extremamente pesado, cru, e violento ao extremo. Em 2005, ele aparece com um documentário sobre a música turca: “Cruzando a Ponte: o Som de Istambul. Em seguida, agora em 2007, temos o belo “Do outro lado”, onde, numa prova de imensa maturidade, Akin consegue criar um roteiro criativo, com narrativa não linear, sem ser chato ou pedante. ” Do Outro Lado focaliza seis personagens principais, três duplas de pais e filhos, na Alemanha e na Turquia, que vivem várias histórias entrelaçadas; trata de diferenças culturais, de choque de civilizações, mas, sobretudo, das relações pais e filhos." ver ref. completa no site: http://50anosdefilmes.com.br/2010/soul-kitchen/#more-13557

Soul Kitchen é uma comédia. Porém, mais interessante que a cena engraçada que mostra as conseqüências da comida afrodisíaca sobre os vários freqüentadores, inclusive sobre a sisuda Fiscal do governo que vem cobrar alguma taxa, é a solução encontrada para combater a tentativa de suborno a que ela é exposta.

Vale a pena ver ( e rever !)


SOUL KITCHEN, este novo trabalho de Fatih Akin.


Finalmente passou uma comédia no Clube de Cinema, em 02 de abril 2011.

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Direção: Fatih Akin, Alemanha, 2009; Com Adam Bousdoukos (Zinos Kazantsakis), Moritz Bleibtreu (Illias Kazantsakis), Birol Ünel (Shayn Weiss), Anna Bederke (Lucia Faust), Pheline Roggan (Nadine Krüger), Lucas Gregorowicz (Lutz), Wotan Wilke Möhring (Thomas Neumann), Dorka Gryllus (Anna Mondstein)

Argumento e roteiro Fatih Akin e Adam Bousdoukos;Fotografia Rainer Klausmann

Cor, 99 min



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CLUBE DO CINEMA - MARÍLIA (SP)

PROGRAMAÇÃO – MAIO/2011


07/05/2011: Sábado O ESCRITOR FANTASMA (The ghost writer) – Direção: Roman Polanski. Elenco: Ewan McGregor, Jon Bernthal, Kim Cattrall, Pierce Brosnan, Tim Preece, James Belushi, Olivia Williams. França/Alemanha/Reino Unido 2010 Suspense 128min. Sinopse Um ghostwriter (pessoa que escreve textos e livros que são assinados por outros), vivido por Ewan McGregor, é contratado para completar as memórias de Adam Lang (Pierce Brosnan), primeiro-ministro da Inglaterra. O personagem acaba descobrindo segredos sobre uma conspiração mundial que colocam a própria vida em perigo.

08/05/2011: Domingo LEMON TREE (Etz Limon) – Direção: Eran Riklis. Elenco: Hiam Abbass, Doron Tavory, Ali Suliman, Rona Lipaz-Michael, Tarik Kopty, Amos Lavi. Israel/Alemanha/França 2008 Drama 106min. Sinopse Salma, uma viúva Palestina, vê sua plantação ser ameaçada quando seu novo vizinho, o Ministro de Defesa de Israel, se muda para a casa ao lado. A Força de Segurança Israelense logo declara que os limoeiros de Salma colocam em risco a segurança do ministro e por isso precisam ser derrubados. Salma leva o caso à Suprema Corte de Israel para tentar salvar a plantação.

14/05/2011: Sábado VIRADA CULTURAL

15/05/2011: Domingo VIRADA CULTURAL

21/05/2011: (Programação deste dia sujeita a alteração devido à Mostra de Cinema. Caso não haja “Mostra”, segue programação normal) Sábado - A REDE SOCIAL (The social network) - Direção: David Fincher. Elenco: Jesse Eisenberg, Rooney Mara, Bryan Barter, Dustin Fitzsimons, Joseph Mazzello, Patrick Mapel. EUA 2010 Drama 121min. Sinopse Em uma noite de outono, em 2003, graduado em Harvard e gênio em programação de computadores, Mark Zuckerberg senta-se ao computador e acaloradamente começa a trabalhar em uma nova ideia. No furor dos blogs e da programação, o que tem início em seu quarto, logo se torna uma rede social global e uma revolução na comunicação. Em apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Mark Zuckerberg é o mais jovem bilionário da história... Mas para este empresário, o sucesso traz complicações pessoais e legais. Do diretor David Fincher e do roteirista Aaaron Sorkin, A Rede Social é um filme que prova que não é possível chegar a 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos. O filme é produzido por Scott Rudin, Dana Brunetti, Michael De Luca e Ceán Chaffin; e baseado no livro The Accidental Billionaires escrito por Ben Mezrich.

22/05/2011: (Programação deste dia sujeita a alteração devido à Mostra de Cinema. Caso não haja ‘Mostra’, segue programação normal) Domingo - O ÚLTIMO VOO (Le dernier vol) – Direção: Karim Dridi. Elenco: Marion Cotillard, Guillaume Canet, Guillaume Marquet, Frédéric Epaud, Saïdou Abatcha. França 2009 Aventura 96min. Sinopse Saara francês, 1933. Bill Lancaster, famoso piloto inglês, desaparece no deserto durante uma tentativa de record na travessia entre Londres e o Cabo. Sua amante, a aviadora aventureira Marie Vallières de Beaumont, tem uma única obsessão: encontrá-lo. Ao sobrevoar o deserto, a jovem é obrigada a aterrissar seu avião perto de um posto avançado de legionários franceses. O capitão Vincent Brosseau a acolhe, mas se recusa a ajudá-la. Preocupado com as rebeliões tuaregs, o comando de Argel não autoriza o envio de ajuda. Confrontado com a determinação de Marie, o tenente Antoine Chauvet tenta dissuadi-la da ideia de continuar sua busca desesperada em um local enorme e hostil como é o deserto. Nada funciona. Para continuar sua busca, ela se une a uma perigosa expedição pelos legionários em território Tuareg.

28/05/2011: Sábado ABUTRES (Carancho) – Direção: Pablo Trapero. Elenco: Ricardo Darín, Martina Gusman, Carlos Weber, José Luis Arias, Loren Acuña. Argentina/Chile/França 2010 Drama 107min. Sinopse Na Argentina, mais de 8.000 pessoas morrem em acidentes de trânsito a cada ano. Atrás de cada uma dessas tragédias existe uma máfia por prêmios de seguros e suas brechas legais. Sosa é um advogado que vive em hospitais públicos e delegacias em busca de potenciais clientes. Luján é uma jovem médica recém chegada do interior. Uma história de amor começa quando Luján está tentando salvar a vida de um homem que Sosa considera ser um cliente em potencial.

29/05/2011: Domingo DESTINOS CRUZADOS (London River) - Direção: Rachid Bouchareb. Elenco: Brenda Blethyn, Sotigui Kouyaté, Francis Magee, Sami Bouajila, Roschdy Zem. Reino Unido/França/Argélia 2009 Drama 87min. Sinopse Londres 2005, essa é a história de Ousmane e da Sra. Sommers. Ambos são pessoas simples e vivem suas vidas comuns, ele na França, ela em Channel Islands, no Canal da Mancha. Ele tem um filho e ela uma filha que são estudantes em Londres. Em 7 de julho, sem notícias dos filhos, começam uma busca pelos dois adolescentes. E embora tenham sido criados em meio a duas religiões diferentes - Ousmane é muçulmano e a Sra. Sommers cristã - compartilham da mesma esperança de encontrar os filhos com vida. Colocam as diferenças culturais de lado e apóiam-se para continuar a busca e manter a fé.

Agradecimentos: À Bimatos Videolocadora (3422-5766) e Canal 10 Videolocadora (3454-9038)
(elisilv.)



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