sexta-feira, 22 de março de 2013

MEIOS DE COMUNICAÇÃO

EDITORIAL
A TV e sua opinião
Claudius
por Silvio Caccia Bava
Em 2011, 59,4 milhões dos domicílios brasileiros tinham televisão, o que equivale a 96,9% do total. De longe, a televisão é o meio de comunicação mais difundido e utilizado.
Em fevereiro passado, segundo o Ibope, as maiores audiências da TV foram as novelas, os reality shows (BBB Brasil e Fazenda de Verão), o Jornal Nacional, a segunda edição do noticiário e os programas de auditório. O futebol das quartas-feiras fica apenas em nono lugar.
A liderança de audiência da Globo é impressionante: são dela os 47 programas mais vistos da TV em 2012. E, se considerarmos o horário nobre, suas três principais novelas estão entre as dez atrações de maior audiência, tendo à frente Avenida Brasil, superando inclusive o BBB Brasil, o reality show mais popular. Ainda segundo o Ibope, o Jornal Nacional é o vice-líder absoluto da emissora. Essa situação configura, virtualmente, um monopólio privado da informação.
A televisão é o meio de comunicação pelo qual se informa o maior número de pessoas. E muitos só se informam pela televisão. Não leem jornais, revistas. Sua opinião, portanto, é formada com base nessas informações. Sempre por trás de uma mensagem há alguém que a envia, e devemos nos perguntar por que esse alguém nos envia essa mensagem e por que neste momento. A sincronia, por exemplo, entre a ampla divulgação do julgamento do mensalão com as últimas eleições é uma dessas questões.
A televisão brasileira, embora seja uma concessão pública, está nas mãos de poucos grupos que defendem interesses privados − seus interesses são os interesses do mercado, são os interesses das elites, alinhados desde os anos 1990, pelo menos, com a doutrina neoliberal. Promovem os valores do individualismo, da competição, do sucesso individual. Se você não consegue esse sucesso, a culpa é sua, não tem nada a ver com a estrutura da sociedade e com o fato de que a economia só favorece os grandes.
A televisão reduz os cidadãos à dimensão de meros consumidores. Não há análises de contexto, os fatos não se inscrevem em lógicas mais amplas. Quando há programas de debates, estes são em altas horas, não são para as massas. E mesmo assim os debatedores, em sua ampla maioria, se alinham com os interesses das emissoras. Seus noticiários destacam o crime e a violência, disseminando o medo na população e fazendo que esta aceite um mundo de arbitrariedades no qual, por exemplo, a polícia executa sumariamente “suspeitos”, consagrando a pena de morte na prática, sem qualquer julgamento, o que identifica o Estado não só como cúmplice dos crimes, quando não como os próprios agentes da violação de direitos, mas também como legitimador desse discurso televisivo. Se esses comportamentos se apresentam como a única solução, se temos visões parciais, distorcidas, dos fatos, provavelmente teremos opiniões equivocadas sobre eles.
Ao dar destaque à violência urbana e à criminalidade, a TV induz o público a demandar mais segurança, mesmo à custa de políticas que se formulam em prejuízo da liberdade e do respeito aos cidadãos, como a ocupação militar de territórios da cidade.
Os meios de comunicação vivem uma relação promíscua com o poder político e o poder econômico. Basta ver quem detém as concessões, por exemplo, das estações retransmissoras das principais redes televisivas, distribuídas, em grande parte, para as oligarquias e lideranças políticas regionais. Seu objetivo não é mais servir à sociedade, mas se servir dela para alavancar interesses privados, para alavancar os negócios, para reproduzir as elites no poder.
Há uma combinação de espetáculos – as novelas, os reality shows, os programas de auditório, o futebol – que desvia a atenção do público dos problemas importantes, tornando-o distante dos problemas sociais, com uma seleção e uma interpretação do que são as notícias que merecem sua atenção.
A cultura imposta pela televisão tem tal influência que nos encontramos, muitas vezes, pensando na mesma linha. E não há como responsabilizar somente a TV por essa situação − a doutrina neoliberal, na verdade, se impregnou por toda parte. Nós a vemos nas próprias políticas de Estado. Seus valores se contrapõem à democracia, ao respeito à diferença, ao reconhecimento de uma sociedade plural. Eles promovem o sectarismo e uma polarização entre o bem e o mal, em que tudo que não se ajusta à sua doutrina é considerado condenável e é criminalizado.
Em vários países da América Latina esse império das comunicações está sendo questionado por governos democráticos, como na Argentina, no Equador e na Venezuela, e essa mesma mídia conservadora os desqualifica, os criminaliza, buscando garantir a continuidade de uma interpretação da história e dos acontecimentos cotidianos que só serve aos seus interesses.
A TV é um bem público, assim como a informação. Ela deve servir aos interesses da sociedade, não aos interesses do mercado; ela não pode estar a serviço de uma doutrina que, para maximizar o lucro, viola sistematicamente os direitos dos cidadãos. E para sustentar a defesa do interesse público, da democracia, é preciso que cada um de nós se interrogue se a programação que temos hoje na TV brasileira é a que melhor atende aos nossos interesses. 


Silvio Caccia Bava
Diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil


http://www.diplomatique.org.br/editorial.php?edicao=68

LEITURA IMPORTANTE




ENTREVISTA COM EUGÈNE ENRIQUEZ - O ATO DE ESCREVER

http://www.uff.br/ichf/publicacoes/revista-psi-artigos/2004-1-Cap9.pdf

quarta-feira, 20 de março de 2013

O QUE É ALIENAÇÃO



A alienação social

Marx era filósofo, advogado e historiador, e interessou-se por um estudo feito por um outro filósofo, Feuerbach. Este investigara o modo como se formam as religiões, isto é, o modo como os seres humanos sentem necessidade de oferecer uma explicação para a origem e a finalidade do mundo.
Ao buscar essa explicação, os humanos projetam fora de si um ser superior dotado das qualidades que julgam as melhores: inteligência, vontade livre, bondade, justiça, beleza, mas as fazem existir nesse ser superior como superlativas, isto é, ele é onisciente e onipotente, sabe tudo, faz tudo, pode tudo.
Pouco a pouco, os humanos se esquecem de que foram os criadores desse ser e passam a acreditar no inverso, ou seja, que esse ser foi quem os criou e os governa. Passam a adorá-lo, prestar-lhe culto, temê-lo. Não se reconhecem nesse Outro que criaram. Em latim, “outro” se diz: alienus. Os homens se alienam e Feuerbach designou esse fato com o nome de alienação.
A alienação é o fenômeno pelo qual os homens criam ou produzem alguma coisa, dão independência a essa criatura como se ela existisse por si mesma e em si mesma, deixam-se governar por ela como se ela tivesse poder em si e por si mesma, não se reconhecem na obra que criaram, fazendo-a um ser-outro, separado dos homens, superior a eles e com poder sobre eles.
Marx não se interessou apenas pela alienação religiosa, mas investigou sobretudo a alienação social. Interessou-se em compreender as causas pelas quais os homens ignoram que são os criadores da sociedade, da política, da cultura e agentes da História. Interessou-se em compreender por que os humanos acreditam que a sociedade não foi instituída por eles, mas por vontade e obra dos deuses, da Natureza, da Razão, em vez de perceberem que são eles próprios que, em condições históricas determinadas, criam as instituições sociais – família, relações de produção e de trabalho, relações de troca, linguagem oral, linguagem escrita, escola, religião, artes, ciências, filosofia – e as instituições políticas – leis, direitos, deveres, tribunais, Estado, exército, impostos, prisões. A ação sociopolítica e histórica chama-se práxis e o desconhecimento de suas origens e de suas causas, alienação.
Por que os seres humanos não se reconhecem como sujeitos sociais, políticos, históricos, como agentes e criadores da realidade na qual vivem? Por que, além de não se perceberem como sujeitos e agentes, os humanos se submetem às condições sociais, políticas, culturais, como se elas tivessem vida própria, poder próprio, vontade própria e os governassem, em lugar de serem controladas e governadas por eles? Por que existe a alienação social? Por que os homens se deixam dominar pela sua própria obra ou criação histórica? Por que filósofos, teólogos, cientistas (portanto, o sujeito do conhecimento) elaboram teorias que reforçam a alienação? Por que filósofos dizem que a sociedade é produzida pela Natureza? Por que teólogos dizem que a família e o Estado existem por vontade de Deus? Por que os cientistas afirmam que a sociedade é racional e criada pela Razão Universal?
Para compreender o fenômeno da alienação, Marx estudou o modo como as sociedades são produzidas historicamente pela práxis dos seres humanos.
Verificou que, historicamente, uma sociedade (pequena, grande, tribal, imperial, não importa) sempre começa por uma divisão e que essa divisão organiza todasas relações sociais que serão instituídas a seguir. Trata-se da divisão social do trabalho. Na luta pela sobrevivência, os seres humanos se agrupam para explorar os recursos da Natureza e dividem as tarefas: tarefas dos homens adultos, tarefas das mulheres adultas, tarefas dos homens jovens, tarefas das mulheres jovens, tarefas das crianças e dos idosos. A partir dessa divisão, organizam a primeira instituição social: a família, na qual o homem adulto, na qualidade de pai, torna-se chefe e domina a mulher adulta, sua esposa e mãe de seus filhos, os quais também são dominados pelo pai.
As famílias trabalham e trocam entre si os produtos do trabalho. Surge uma segunda instituição social: a troca, isto é, o comércio. Algumas famílias conquistam terras melhores do que outras e conseguem colheitas ou gado em maior quantidade que outras, trocando seus produtos por uma quantidade maior que a de outras. Ficam mais ricas. As muito pobres, não tendo conseguido produzir nada ou muito pouco, vêem-se obrigadas a trabalhar para as mais ricas em troca de produtos para a sobrevivência. Começa a surgir uma terceira instituição social: o trabalho servil, que desembocará na escravidão.
Os mais ricos e poderosos reúnem-se e decidem controlar o conjunto de famílias, distribuindo entre si os poderes e excluindo algumas famílias de todo poder.
Começa a surgir uma quarta instituição social: o poder político, de onde virá o
Estado.
Nessa altura, os seres humanos já começaram a explicar a origem e a finalidade do mundo, já elaboraram mitos e ritos. As famílias ricas e poderosas dão a alguns de seus membros autoridade exclusiva para narrar mitos e celebrar ritos. Criam uma outra instituição social: a religião, dominada por sacerdotes saídos das famílias poderosas e que, por terem a autoridade para se relacionar com o sagrado, tornam-se temidos e venerados pelo restante da sociedade. São um novo poder social.
Os vários grupos de famílias dirigentes disputam entre si terras, animais e servos e dão início a uma nova instituição social: a guerra, com a qual os vencidos se tornam escravos dos vencedores, e o poder econômico, social, militar, religioso e político se concentra ainda mais em poucas mãos. Como escreveu Maquiavel, toda sociedade é constituída pela divisão entre o desejo dos grandes de oprimir e comandar e o desejo do povo de não ser oprimido nem comandado.
Com essa descrição, Marx observou que a sociedade nasce pela estruturação de um conjunto de divisões: divisão sexual do trabalho, divisão social do trabalho, divisão social das trocas, divisão social das riquezas, divisão social do poder econômico, divisão social do poder militar, divisão social do poder religioso e divisão social do poder político. Por que divisão? Porque em todas as instituições sociais (família, trabalho, comércio, guerra, religião, política) uma parte detém poder, riqueza, bens, armas, ideias e saberes, terras, trabalhadores, poder político, enquanto outra parte não possui nada disso, estando subjugada à outra, rica, poderosa e instruída.
Esse conjunto estruturado de divisões torna-se cada vez mais complexo, intrincado, numeroso, multiplicando-se em muitas outras divisões, sob a forma de numerosas instituições sociais e acabam por revelar a estrutura fundamental das sociedades como divisão social das classes sociais. A esse conjunto (tanto simples quanto complexo) de instituições nascidas da divisão social Marx deu o nome de condições materiais da vida social e política. Por que materiais?
Porque se referem ao conjunto de práticas sociais pelas quais os homens garantem sua sobrevivência por meio do trabalho e da troca dos produtos do trabalho, e que constituem a economia.
A variação das condições materiais de uma sociedade constitui a História dessa sociedade e Marx as designou como modos de produção. A História é a mudança, passagem ou transformação de um modo de produção para outro. Tal mudança não se realiza por acaso nem por vontade livre dos seres humanos, mas acontece de acordo com condições econômicas, sociais e culturais já estabelecidas, que podem ser alteradas de uma maneira também determinada, graças à práxis humana diante de tais condições dadas.
O fato de que a mudança de uma sociedade ou a mudança histórica se faça em condições determinadas, levou Marx a afirmar que: “Os homens fazem a História, mas o fazem em condições determinadas”, isto é, que não foram escolhidas por eles. Por isso também, ele disse: “Os homens fazem a História, mas não sabem que a fazem”.
Estamos, aqui, diante de uma situação coletiva muito parecida com a que encontramos no caso de nossa vida psíquica individual. Assim como julgamos que nossa consciência sabe tudo, pode tudo, faz o que pensa e quer, mas, na realidade, está determinada pelo inconsciente e ignora tal determinação, assim também, na existência social, os seres humanos julgam que sabem o que é a sociedade, dizendo que Deus ou a Natureza ou a Razão a criaram, instituíram a política e a História, e que os homens são seus instrumentos; ou, então, acreditam que fazem o que fazem e pensam o que pensam porque são indivíduos livres, autônomos e com poder para mudar o curso das coisas como e quando quiserem.
Por exemplo, quando alguém diz que uma pessoa é pobre porque quer, porque é preguiçosa, ou perdulária, ou ignorante, está imaginando que somos o que somos somente por nossa vontade, como se a organização e a estrutura da sociedade, da economia, da política não tivesse qualquer peso sobre nossas vidas. A mesma coisa acontece quando alguém diz ser pobre “pela vontade de Deus” e não por causa das condições concretas em que vive. Ou quando faz uma afirmação racista, segundo a qual “a Natureza fez alguns superiores e outros inferiores”.
A alienação social é o desconhecimento das condições histórico-sociais concretas em que vivemos, produzidas pela ação humana também sob o peso de outras condições históricas anteriores e determinadas. Há uma dupla alienação: por um lado, os homens não se reconhecem como agentes e autores da vida social com suas instituições, mas, por outro lado e ao mesmo tempo, julgam-se indivíduos plenamente livres, capazes de mudar suas vidas individuais como e quando quiserem, apesar das instituições sociais e das condições históricas. No primeiro caso, não percebem que instituem a sociedade; no segundo caso, ignoram que a sociedade instituída determina seus pensamentos e ações.

As três formas da alienação social
Podemos falar em três grandes formas de alienação existentes nas sociedades modernas ou capitalistas:
1. A alienação social, na qual os humanos não se reconhecem como produtores das instituições sociopolíticas e oscilam entre duas atitudes: ou aceitam passivamente tudo o que existe, por ser tido como natural, divino ou racional, ou se rebelam individualmente, julgando que, por sua própria vontade e inteligência, podem mais do que a realidade que os condiciona. Nos dois casos, a sociedade é o outro (alienus), algo externo a nós, separado de nós, diferente de nós e com poder total ou nenhum poder sobre nós.
2. A alienação econômica, na qual os produtores não se reconhecem como produtores, nem se reconhecem nos objetos produzidos por seu trabalho. Em nossas sociedades modernas, a alienação econômica é dupla:
Em primeiro lugar, os trabalhadores, como classe social, vendem sua força de trabalho aos proprietários do capital (donos das terras, das indústrias, do comércio, dos bancos, das escolas, dos hospitais, das frotas de automóveis, de ônibus ou de aviões, etc.). Vendendo sua força de trabalho no mercado da compra e venda de trabalho, os trabalhadores são mercadorias e, como toda mercadoria, recebem um preço, isto é, o salário. Entretanto, os trabalhadores não percebem que foram reduzidos à condição de coisas que produzem coisas; não percebem que foram desumanizados e coisificados.
Em segundo lugar, os trabalhos produzem alimentos (pelo cultivo da terra e dos animais), objetos de consumo (pela indústria), instrumentos para a produção de outros trabalhos (máquinas), condições para a realização de outros trabalhos (transporte de matérias-primas, de produtos e de trabalhadores). A mercadoria trabalhador produz mercadorias. Estas, ao deixarem as fazendas, as usinas, as fábricas, os escritórios e entrarem nas lojas, nas feiras, nos supermercados, nos shoppings centers parecem ali estar porque lá foram colocadas (não pensamos no trabalho humano que nelas está cristalizado e não pensamos no trabalho humano realizado para que chegassem até nós) e, como o trabalhador, elas também recebem um preço.
O trabalhador olha os preços e sabe que não poderá adquirir quase nada do que está exposto no comércio, mas não lhe passa pela cabeça que foi ele, não enquanto indivíduo e sim como classe social, quem produziu tudo aquilo com seu trabalho e que não pode ter os produtos porque o preço deles é muito mais alto do que o preço dele, trabalhador, isto é, o seu salário.
Apesar disso, o trabalhador pode, cheio de orgulho, mostrar aos outros as coisas que ele fabrica, ou, se comerciário, que ele vende, aceitando não possuí-las, como se isso fosse muito justo e natural. As mercadorias deixam de ser percebidas como produtos do trabalho e passam a ser vistas como bens em si e por si mesmas (como a propaganda as mostra e oferece).
Na primeira forma de alienação econômica, o trabalhador está separado de seu trabalho – este é alguma coisa que tem um preço; é um outro (alienus), que não o trabalhador. Na segunda forma da alienação econômica, as mercadorias não permitem que o trabalhador se reconheça nelas. Estão separadas dele, são exteriores a ele e podem mais do que ele. As mercadorias são igualmente um outro, que não o trabalhador.
3. A alienação intelectual, resultante da separação social entre trabalho material (que produz mercadorias) e trabalho intelectual (que produz ideias). A divisão social entre as duas modalidades de trabalho leva a crer que o trabalho material é uma tarefa que não exige conhecimentos, mas apenas habilidades manuais, enquanto o trabalho intelectual é responsável exclusivo pelos conhecimentos.
Vivendo numa sociedade alienada, os intelectuais também se alienam. Sua alienação é tripla:
Primeiro, esquecem ou ignoram que suas ideias estão ligadas às opiniões e pontos de vista da classe a que pertencem, isto é, a classe dominante, e imaginam, ao contrário, que são ideias universais, válidas para todos, em todos os tempos e lugares.
Segundo, esquecem ou ignoram que as ideias são produzidas por eles para explicar a realidade e passam a crer que elas se encontram gravadas na própria realidade e que eles apenas as descobrem e descrevem sob a forma de teorias gerais.
Terceiro, esquecem ou ignoram a origem social das ideias e seu próprio trabalho para criá-las; acreditam que as ideias existem em si e por si mesmas, criam a realidade e a controlam, dirigem ou dominam. Pouco a pouco, passam a acreditar que as ideias se produzem umas às outras, são causas e efeitos umas das outras e que somos apenas receptáculos delas ou instrumentos delas. As ideias se tornam separadas de seus autores, externas a eles, transcendentes a eles: tornam-se um outro.
As três grandes formas da alienação (social, econômica e intelectual) são a causa do surgimento, da implantação e do fortalecimento da ideologia.

In: Convite à Filosofia, Marilena Chaui


http://bahiapsicosocial.com.ar/biblioteca/Convite%20%20Filosofia%20-%20Marilena%20Chaui.pdf

sábado, 16 de março de 2013

SUGESTÃO DE LEITURA


A formação da opinião pública e as inter-relações com a mídia e o sistema político

Lidiane Malagone Pimenta

Relações Públicas e Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp – Bauru/SP

http://www.compolitica.org/home/wp-content/uploads/2011/01/sc_jp-lidiane.pdf

LEITURA PARA REESCREVER REDAÇÃO SOBRE O TEMA: "MÍDIA E ESPETÁCULO: OS LIMITES ENTRE INFORMAÇÃO E SENSACIONALISMO"


 
A chacina que vitimou 12 crianças e adolescentes na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro, ratificou, mais uma vez, a espetacularização com que incidentes do gênero vêm sendo noticiados pela imprensa brasileira. Permeada por variáveis doses de sensacionalismo e ancorada em uma linguagem apelativa, a mídia eletrônica, que conta com grande adesão da sociedade, não poupou artifícios para atrair a audiência.
Embora seja uma atividade de interesse público, o jornalismo comercial é viabilizado pelo interesse privado.
O conflito é inevitável. Na cobertura do episódio, o confronto entre o interesse público e o privado se sobressaiu nos excessos cometidos pela mídia, que seleciona e narra a informação, definindo os interlocutores e os parâmetros do que deve ser considerado socialmente relevante. Nos moldes em que foi apresentada pelos grandes veículos noticiosos, a cobertura deixou muito a desejar ao efetivo interesse público.
A Constituição Federal denomina o Brasil como um Estado Democrático de Direito, contemplando, no rol de seus fundamentos, a cidadania. Desta forma, espera-se que os meios de comunicação estabeleçam uma relação de respeito com o público, tratando-o como cidadão e não sob a ótica de mero consumidor de notícia. Considerada um direito social, a informação é inerente à cidadania e indispensável à vida em sociedade. Sua utilidade está vinculada à concretização de outros direitos, como o direito à segurança e à educação, os quais podem ser observados no caso em questão.
Entretanto, a história se repete: não são poucos os casos de barbaridades cometidas pela TV ao veicular notícias referentes a acontecimentos trágicos, visando elevar índices de audiência. Não é novidade que o jornalismo atua tanto sob a visão de serviço público quanto de negócio, equilibrando-se entre os pólos ideológico e econômico, sendo que este último define a empresa jornalística como uma indústria subordinada ao lucro, aprofundando o caráter da notícia como mercadoria. Todavia, à medida que ocorre esta subordinação, questiona-se se o jornalismo como negócio privado estaria apto a desempenhar o papel de promotor da cidadania e de mediador das informações de interesse público. Tal situação é patente ao se analisar a cobertura da chacina no Rio de Janeiro.
São legítimos a curiosidade e o interesse das pessoas em serem informadas sobre episódios do gênero. O problema surge com a exposição de facetas da tragédia que excede o limite do bom senso. Apresentadores de telejornais saem de suas habituais bancadas para explorar a dor alheia, retratando a fase pós-traumática daqueles que sobreviveram à tragédia e de quem chora a perda de amigos e familiares. Instaura-se o teledrama como parte da estratégia que alavanca a audiência e causa comoção ao público, validando toda sorte de artimanhas para atingir o resultado desejado. Primeiramente, a mídia eletrônica requer imediatismo, o que, muitas vezes, inviabiliza a adequada apuração do acontecimento, incorrendo erros e informações desencontradas nas primeiras notícias veiculadas. Seguem-se, então, entrevistas com os protagonistas sobreviventes da tragédia; depoimentos de parentes e amigos das vítimas, no estilo “arquivo confidencial” de um programa de entretenimento; imagens das crianças baleadas saindo apavoradas das salas de aula; vídeo amador, retratando o momento da tragédia com toda a movimentação intrínseca a ela e, como se este não bastasse, a exibição, com direito até a chamada apelativa, da reconstituição do crime, instituto previsto pelo Código de Processo Penal e utilizado pela polícia judiciária para fazer a reprodução simulada dos fatos, visando esclarecer determinados aspectos ainda desconhecidos; fotos do corpo do assassino estirado no chão após seu suicídio; análise da mente do assassino a partir da carta encontrada em seus pertences, sendo o bullying, bola da vez na imprensa mundial, a justificativa mais plausível para explicar o incidente que é relembrado o tempo todo pela mídia; e assim por diante.
Tamanho espetáculo propiciado pela mídia aos seus expectadores extrapola o interesse público, ainda que satisfaça ao interesse do público, haja vista que este, em seu íntimo, muitas vezes alimenta o gosto pela tragédia. A cobertura jornalística que opta por esta abordagem ainda carece de tratamento diferenciado, em que a qualidade técnica e os valores éticos dos profissionais da comunicação se sobreponham aos excessos do interesse privado, os quais devem ser coibidos por uma sociedade verdadeiramente democrática.
Este texto foi postado em sábado, abril 30th, 2011 às 12:29 e está arquivado sob crítica de mídia. Você pode acompanhar as respostas a este texto através de RSS 2.0 feed. Responses are currently closed, but you can recuperar dados por meio de sua própria página.

http://www2.faac.unesp.br/blog/obsmidia/2011/04/30/sobre-os-limites-entre-interesse-publico-e-sensacionalismo/

Tragédia em Santa Maria

28.01.2013 13:40

O cinismo da mídia

por Aurélio Munhoz*
Passadas as primeiras 24 horas após o incêndio que destruiu 231 jovens em uma casa de shows em Santa Maria (RS), o Brasil foca suas atenções agora na identificação dos culpados por mais esta inominável tragédia urbana.
Incêndio em boate deixa mais de 232 mortos em Santa Maria (RS). Foto: Deivid Dutra/ A Razão/Agência Brasil
Incêndio em boate deixa mais de 232 mortos em Santa Maria (RS). Foto: Deivid Dutra/ A Razão/Agência Brasil
Natural que seja assim. O que aconteceu neste domingo na cidade gaúcha foi fruto de uma coleção de indefiníveis aberrações que, por sua extrema gravidade, causam indignação e merecem punição rigorosíssima.
Ocorre que não são apenas os donos ou os seguranças da casa de shows, tampouco a Prefeitura de Santa Maria e o Corpo de Bombeiros, que merecem condenação. O papel que grande parte da mídia está exercendo diante deste drama humano de proporções colossais, a exemplo do que tem feito em relação a tantos outros, também se revela abjeto e passível de duríssimas críticas.
A mídia tem todo o direito – e, mais que isto, o dever – de noticiar tragédias como a que estamos acompanhando, ao vivo e em cores. Fornecer informações de interesse público é uma das suas atribuições. A morte de 233 seres humanos, ainda mais nas circunstâncias verificadas na casa de shows é, obviamente, digna de uma extensa cobertura porque interessa a um expressivo segmento da sociedade.
As escolas de jornalismo sérias ensinam, porém, que o tratamento de assuntos desta natureza pressupõe cuidado extremo. Não por acaso. É tênue, muito tênue, o limite que separa a informação de interesse público da notícia convertida em espetáculo com objetivos escusos.

Infelizmente, muitos colegas da imprensa (deliberadamente, inclusive) romperam este limite no caso em análise. Boa parte da mídia está fazendo a cobertura da tragédia de Santa Maria não com o nobre propósito que deveria motivá-la – garantir que aberrações como esta não se repitam, algo possível por meio da divulgação permanente de informações corretas e isentas, fruto de pesquisa e investigação sérias, revelando seu compromisso com a sociedade.
Seu propósito é outro – absolutamente vil, porque imoral e oculto: converter a tragédia dos meninos de Santa Maria em um grande espetáculo midiático com o objetivo de garantir audiência cativa. De preferência, às custas das lágrimas do público. É o que se chama, em Teoria da Comunicação, de “espetacularização” da notícia, ou seja, a sua conversão em um agente não do bom jornalismo, mas do entretenimento e do cinismo, porque dá a falsa impressão de que o compromisso primeiro desta mídia é com o público, quando o é de fato, acima de tudo, com seus patrocinadores.
É um Big Brother de verdade, formado não por beldades vulgares e sem cérebro, do tipo que costumam freqüentar os realities shows, mas por cidadãos respeitosos vítimas da irresponsabilidade humana. Sensacionalismo, em uma palavra, como nos tempos do programa Aqui Agora, extinto em 1997. Mais brando, é verdade, mas uma forma de sensacionalismo, de todo modo.
Foi o que aconteceu durante todo o dia da tragédia, quando, por exemplo, até programas dominicais exclusivamente de entretenimento – inclusive os conduzidos por não jornalistas – consumiram horas a fio tratando do tema, mas em tom predominantemente emocional e policialesco, e não informativo. Tampouco estes veículos sinalizaram o interesse de incluir este tema (a segurança em casas de shows) em uma agenda permanente de debates.
É claro que não se pode descartar o componente fortemente emocional que permeia uma tragédia como esta, mas quando se exagera na ênfase deste aspecto – sobretudo quando esta iniciativa parte de programas exclusivamente de entretenimento, aos quais não cabe o perfil de noticiosos – e quando se aborda este tema de maneira superficial gera-se desconfiança sobre os reais propósitos que margeiam a divulgação do fato.
Não se trata de uma novidade. O histórico de grande parte da mídia é profícuo neste gênero de cinismo, no âmbito das tragédias humanas. Cito apenas um caso, já clássico na cronologia de aberrações da mídia: o terremoto no Haiti, que completou três anos em 12 de janeiro e matou 316 mil pessoas, convertendo-se em um das maiores tragédias provocadas por causas naturais da humanidade. Entre elas, Zilda Arns, médica gaúcha fundadora da Pastoral da Criança.
Fontes ligadas à própria Pastoral da Criança, que continua atuando na região, informam que pouca coisa mudou de lá para cá. O portal IAI (International Alliance of Inhabitants) vai além. Comunica que, três anos após o terremoto, depois do bombardeio inicial de notícias sobre o desastre, o Haiti foi praticamente esquecido pela grande mídia e pelos organismos de ajuda internacionais. Mais de 370 mil pessoas continuam vivendo em abrigos temporários, em péssimas condições. E, o que é quase tão grave, 78 mil (21% do total) ameaçam ser despejadas. Não bastasse tudo isto, apenas 1/3 da ajuda prometida, inclusive pela ONU (Organização das Nações Unidas), chegou às mãos do presidente Michel Martelly.
Não é a grande mídia a culpada por isto, evidentemente, mas é de se perguntar por que um problema desta gravidade é solenemente ignorado pela imprensa, que, por sinal, só trata do Haiti ultimamente para criticar a presença dos militares brasileiros no país, algo plenamente justificável pela necessidade de combater os roubos, estupros, a violência e demais atos criminosos nos acampamentos.
Perdoem-me os colegas jornalistas que levam sua profissão a sério, mas não há como não deduzir, do exposto, que o que realmente move a engrenagem de boa parte da imprensa neste tipo de situação não é exatamente o interesse público, ou o sentimento de justiça e de solidariedade às vítimas.
O que se deseja é, tão somente, vampirizar as vítimas das tragédias. Nesta lógica cínica, importa não garantir espaço permanente às famílias das vítimas das tragédias, mas oferecer generosa cobertura aos seus dramas apenas durante o curto tempo em que os corpos dos mortos continuarem rendendo manchetes e as atenções do público. Até, portanto, o surgimento de uma nova tragédia que abasteça com sangue fresco a sede por dramas humanos novos dos que chamam isso de jornalismo.
Os meninos que perderam suas vidas neste domingo, bem como suas famílias, merecem um tratamento bem mais respeitoso – e não serem citados como vítimas de uma tragédia dantesca para, depois, serem praticamente esquecidos pela poeira do tempo, o que fatalmente irá acontecer. Cobrem-me isso, aliás, daqui a alguns meses. Todas as vítimas de todas as tragédias merecem, aliás, pelo simples fato de que são seres humanos – e não objetos descartáveis a serviço de empresários e jornalistas que lançam um olho sob os locais das tragédias e o outro sob os números da audiência. Triste que seja assim.

*Aurélio Munhoz é jornalista, sociólogo, presidente da ONG Pense Bicho e secretário do Comupa (Conselho Municipal de Proteção Ambiental de Curitiba).
Facebook: https://www.facebook.com/aurelio.munhoz


Programa correio verdade: informação, sensacionalismo, estilo popular e uma boa dose de humor para atrair a audiência do telespectador paraibano
André Luiz da Silva1
Priscila Maíla da Silva2

Resumo
Na busca pela audiência os telejornais policiais ultrapassam o limite entre a informação e o espetáculo do sensacionalismo, utilizando-se de formatos de programas já veiculados por outras emissoras e que deram certo caindo no gosto popular. O presente artigo faz um estudo sobre mídia, tendo como objeto o programa correio verdade, apresentado pela TV correio da Paraíba, programa líder de audiência neste segmento de informação no Estado. Na oportunidade o artigo traz um estudo sobre comunicação e sua teoria, comunicação e modernidade, comunicação e informação, e também uma abordagem sobre telejornalismo. No final será analisado o programa Correio verdade e o seu sucesso de audiência junto ao telespectador paraibano, que tem como principais razões o estilo popular, o detalhamento da informação, o sensacionalismo e o humor.


TEXTO COMPLETO: http://www.insite.pro.br/2011/Mar%C3%A7o/correio_verdade_telespectador.pdf

O que é sensacionalismo

Delton Unglaub

Pode-se dizer que os mass media são os principais responsáveis pelas transformações sociais da atualidade. O jornalista é seu cúmplice e sabe quais são as armas capazes de construir ou destruir ideologias. Cientes desse conceito, a imprensa em geral atua cada vez mais com a idéia de "o que é bom é aquilo que o público gosta". A partir do momento em que os produtos da mídia são consumidos, se tornam mercadorias. É na guerra em busca de audiência, que as regras da ética e moral são esquecidas. Daí vale tudo: sensacionalismo, notícias mal-investigadas, boatos.

Segundo o jornalista Jairo Faria Mendes, no artigo Opção pelo sensacionalismo, publicado no Observatório da Imprensa (novembro/2000),"a ética jornalística é influenciada pelas idéias dominantes em nossa sociedade. Por isso, ela será muito influenciada pelo pensamento neoliberal, que se subordinará aos princípios capitalistas, idolatrando o mercado, valorizando o egoísmo e o individualismo".

Quando se fala em sensacionalismo, falamos de manipular a informação de modo incompleto ou parcial e apresentar essa informação num formato exagerado ou enganador. A exploração de notícias sensacionalistas em geral resulta em audiência, mas também pode gerar em mais sensacionalismo. Ele pode vir expresso na apresentação visual (diagramação), no tema (conteúdo) e na forma de apresentar o discurso.

Sensacionalismo envolve também a certeza de verdade absoluta em determinados fatos, quando o que se tem são opiniões, hipóteses, casos isolados. O sensacionalismo é, na verdade, uma questão mundial, mas no Brasil foi transformado em instrumento da competição entre emissoras de televisão e jornais. Esta concorrência é prejudicial à formação de uma opinião pública clara e sensata.

Se recordarmos do triste caso de uma escola paulista - no qual os diretores foram acusados de molestar sexualmente seus alunos - veremos que para os meios de comunicação basta um indício, uma denúncia qualquer para que sejam feitas grandes manchetes sensacionalistas. Constatou-se posteriormente que a acusação era falsa, mas a vida dos diretores da escola foi totalmente destruída. Mais tarde a própria TV apuraria os fatos, desmentiria as investigações oficiais e corrigiria o erro. Entretanto, a retratação serviu apenas para que saíssem da prisão.

Sensacionalismo é, enfim, fazer apelo a reações mais baseadas na emoção do que na razão, trazendo sentimentos primários à tona, simplificando polêmicas em vez de fornecer elementos que permitam pensar, compreender, formar opinião. E, neste contexto, não interessa só aquilo que o veículo diz, mas também o modo como se diz. É claro que a mídia deve ser investigativa, denunciante de injustiças. Este é seu principal papel na sociedade, mas precisa ser exercido com responsabilidade, visando as conseqüências que erros de informação podem causar.


http://www.canaldaimprensa.com.br/canalant/debate/tercedi%C3%A7%C3%A3o/debate6.htm


Opção pelo sensacionalismo

Jairo Faria Mendes (*)

A ética jornalística é influenciada pelas idéias dominantes em nossa sociedade. Por isso, ela será muito influenciada pelo pensamento neoliberal, que se subordinará aos princípios capitalistas, idolatrando o mercado, valorizando o egoísmo e o individualismo.

Em conseqüência, cada vez ganha mais força a idéia de "que é bom aquilo de que o público gosta". À medida que os produtos da mídia são vistos como mercadorias, o que importa é que sejam consumidos. É a guerra em busca de leitores/ouvintes/telespectadores, na qual vale tudo: sensacionalismo, notícias mal apuradas, boatos.

E, o que é pior, quando se transforma o jornalismo em mercadoria também são colocados nessa mesma situação seus "ingredientes". Nos produtos jornalísticos estão presentes a dignidade e a honra de pessoas e instituições, comercializadas com as notícias. É algo muito sério. Entra em jogo a vida de pessoas, que nunca será igual depois de uma acusação da mídia.

Erros, pequenos e grandes

Podemos lembrar do triste caso da Escola Base, de Brasília, acusada de molestar sexualmente seus alunos. Era tudo mentira. Mas a vida dos diretores da escola foi totalmente destruída. A retratação serviu apenas para que saíssem da prisão. Recentemente, o New York Times criou problemas diplomáticos entre Estados Unidos e China ao divulgar notícia mal apurada sobre roubo de segredos militares americanos [ver remissão abaixo para "Lambança do NYT"]. Também vemos sensacionalismo em cenas como a da criança de 3 anos sendo torturada, apresentada noPrograma do Ratinho.

Para os meios de comunicação basta um indício, uma denúncia qualquer para que sejam feitas grandes manchetes acusatórias. Como se o denunciado fosse atropelado por um trem. É o linchamento público, as pauladas vêm de todos os lados: jornais, revistas, rádio, TV, internet. Há pouco vimos Wanderley Luxemburgo, ex-técnico da Seleção Brasileira de Futebol, massacrado pela mídia – "coincidindo" com seus insucessos em campo e baixa popularidade. Nem se sabe se ele é culpado ou inocente, mas a mancha do episódio talvez não se apague nunca.
Não quero dizer que a mídia não deva ser combativa, investigativa, denunciando injustiças. Este é um seu papel importantíssimo. Mas que deve ser exercido com responsabilidade, tendo em vista as conseqüências que pequenos ou grandes erros podem causar.

(*) Jornalista

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/mos05112000.htm

sexta-feira, 15 de março de 2013

TEXTO PARA LEITURA

EDITORIAL
A TV e sua opinião
Claudius
por Silvio Caccia Bava
Em 2011, 59,4 milhões dos domicílios brasileiros tinham televisão, o que equivale a 96,9% do total. De longe, a televisão é o meio de comunicação mais difundido e utilizado.
Em fevereiro passado, segundo o Ibope, as maiores audiências da TV foram as novelas, os reality shows (BBB Brasil e Fazenda de Verão), o Jornal Nacional, a segunda edição do noticiário e os programas de auditório. O futebol das quartas-feiras fica apenas em nono lugar.
A liderança de audiência da Globo é impressionante: são dela os 47 programas mais vistos da TV em 2012. E, se considerarmos o horário nobre, suas três principais novelas estão entre as dez atrações de maior audiência, tendo à frente Avenida Brasil, superando inclusive o BBB Brasil, o reality show mais popular. Ainda segundo o Ibope, o Jornal Nacional é o vice-líder absoluto da emissora. Essa situação configura, virtualmente, um monopólio privado da informação.
A televisão é o meio de comunicação pelo qual se informa o maior número de pessoas. E muitos só se informam pela televisão. Não leem jornais, revistas. Sua opinião, portanto, é formada com base nessas informações. Sempre por trás de uma mensagem há alguém que a envia, e devemos nos perguntar por que esse alguém nos envia essa mensagem e por que neste momento. A sincronia, por exemplo, entre a ampla divulgação do julgamento do mensalão com as últimas eleições é uma dessas questões.
A televisão brasileira, embora seja uma concessão pública, está nas mãos de poucos grupos que defendem interesses privados − seus interesses são os interesses do mercado, são os interesses das elites, alinhados desde os anos 1990, pelo menos, com a doutrina neoliberal. Promovem os valores do individualismo, da competição, do sucesso individual. Se você não consegue esse sucesso, a culpa é sua, não tem nada a ver com a estrutura da sociedade e com o fato de que a economia só favorece os grandes.
A televisão reduz os cidadãos à dimensão de meros consumidores. Não há análises de contexto, os fatos não se inscrevem em lógicas mais amplas. Quando há programas de debates, estes são em altas horas, não são para as massas. E mesmo assim os debatedores, em sua ampla maioria, se alinham com os interesses das emissoras. Seus noticiários destacam o crime e a violência, disseminando o medo na população e fazendo que esta aceite um mundo de arbitrariedades no qual, por exemplo, a polícia executa sumariamente “suspeitos”, consagrando a pena de morte na prática, sem qualquer julgamento, o que identifica o Estado não só como cúmplice dos crimes, quando não como os próprios agentes da violação de direitos, mas também como legitimador desse discurso televisivo. Se esses comportamentos se apresentam como a única solução, se temos visões parciais, distorcidas, dos fatos, provavelmente teremos opiniões equivocadas sobre eles.
Ao dar destaque à violência urbana e à criminalidade, a TV induz o público a demandar mais segurança, mesmo à custa de políticas que se formulam em prejuízo da liberdade e do respeito aos cidadãos, como a ocupação militar de territórios da cidade.
Os meios de comunicação vivem uma relação promíscua com o poder político e o poder econômico. Basta ver quem detém as concessões, por exemplo, das estações retransmissoras das principais redes televisivas, distribuídas, em grande parte, para as oligarquias e lideranças políticas regionais. Seu objetivo não é mais servir à sociedade, mas se servir dela para alavancar interesses privados, para alavancar os negócios, para reproduzir as elites no poder.
Há uma combinação de espetáculos – as novelas, os reality shows, os programas de auditório, o futebol – que desvia a atenção do público dos problemas importantes, tornando-o distante dos problemas sociais, com uma seleção e uma interpretação do que são as notícias que merecem sua atenção.
A cultura imposta pela televisão tem tal influência que nos encontramos, muitas vezes, pensando na mesma linha. E não há como responsabilizar somente a TV por essa situação − a doutrina neoliberal, na verdade, se impregnou por toda parte. Nós a vemos nas próprias políticas de Estado. Seus valores se contrapõem à democracia, ao respeito à diferença, ao reconhecimento de uma sociedade plural. Eles promovem o sectarismo e uma polarização entre o bem e o mal, em que tudo que não se ajusta à sua doutrina é considerado condenável e é criminalizado.
Em vários países da América Latina esse império das comunicações está sendo questionado por governos democráticos, como na Argentina, no Equador e na Venezuela, e essa mesma mídia conservadora os desqualifica, os criminaliza, buscando garantir a continuidade de uma interpretação da história e dos acontecimentos cotidianos que só serve aos seus interesses.
A TV é um bem público, assim como a informação. Ela deve servir aos interesses da sociedade, não aos interesses do mercado; ela não pode estar a serviço de uma doutrina que, para maximizar o lucro, viola sistematicamente os direitos dos cidadãos. E para sustentar a defesa do interesse público, da democracia, é preciso que cada um de nós se interrogue se a programação que temos hoje na TV brasileira é a que melhor atende aos nossos interesses. 
Silvio Caccia Bava
Diretor e editor-chefe do Le Monde Diplomatique Brasil

http://www.diplomatique.org.br/editorial.php?edicao=68

quinta-feira, 14 de março de 2013

LIVRO - POLÍTICA


Ribeiro, João Ubaldo. Política: quem manda, por que manda, como manda. Rio de Janeiro: Nova fronteira, 1998. p. 09-23.

REDAÇÕES - PARTICIPAÇÃO POLÍTICA: INDISPENSÁVEL OU SUPERADA?

Apolíticos ou assujeitos?

http://www.fuvest.br/vest2012/bestred/104829.html


Todos juntos somos forte

http://www.fuvest.br/vest2012/bestred/104005.html

Bauman - Em busca da política


Em busca da Política por Marco Aurélio Weissheimer

http://www.voltairenet.org/article125525.html

segunda-feira, 4 de março de 2013

TAREFA 2


POSSIBILIDADES DE RESPOSTA

1.
a. Mesmo os estudantes não têm consciência da importância da preservação do meio ambiente. Ou: Não há, na escola, punição para os que sujam o ambiente.
b. As estradas do país estão malconservadas e causam vítimas. Ou: Há grande descaso do Estado no que tange à preservação da vida dos cidadãos.
c. Não houve vacinação suficiente. Ou: O sarampo é uma doença evitável, mas há descaso com a saúde no país.
d. Há pessoas, ou instituições, que não percebem a mudança dos costumes.
e. Os índios continuam desprotegidos. Ou: O Brasil não tem uma política de proteção aos índios, o que pode provocar o desaparecimento deles.
f. Mesmo os índios que já têm terras demarcadas correm riscos. Ou: A ganância por terras provoca o desres­peito às leis.
g. A invasão de terras indígenas é recorrente. Isso indica o descaso com que o problema é tratado.
h. Mesmo na mais rica cidade do país, o problema do menor pobre e abandonado continua. Ou: O Brasil não cuida de suas crianças.
i. Os computadores estão se tornando tão comuns quanto os televisores e os videocassetes.                   
j. Mesmo as pessoas de menor renda procuram comprar computadores.
k. A situação dos presídios torna-se insustentável. Ou: Nada está sendo feito para conter as rebeliões de presos. Ou: A situação dos presos é tão ruim que não lhes resta alternativa a não ser as rebeliões.
l. Há policiais que são tão criminosos quanto os bandidos. Ou: As denúncias contra maus policiais têm surtido efeito. Ou: A demissão de policiais corruptos revela que a impunidade não é tão indiscriminada quanto se pensa.
m. É pouca a educação do brasileiro em relação ao trânsito. Ou: Os pedestres, como os motoristas, não respeitam as regras de trânsito. Ou: O expressivo número de atropelamentos nas grandes cidades pode ser causado tam­bém pelo desrespeito dos pedestres às regras de trânsito.

 2. a. O acentuado crescimento demográfico decorre de uma baixa das taxas de mortalidade e de uma alta das taxas de mortalidade.
O acentuado crescimento demográfico deriva de uma baixa das taxas de mortalidade e de uma alta das taxas de mortalidade.
O acentuado crescimento demográfico provém de uma baixa das taxas de mortalidade e de uma alta das taxas de mortalidade.
O acentuado crescimento demográfico é resultado de uma baixa das taxas de mortalidade e de uma alta das taxas de mortalidade.
O acentuado crescimento demográfico tem origem na baixa das taxas de mortalidade e na alta das taxas de mortalidade.

b. A greve foi considerada ilegal; por conseguinte, os grevistas foram punidos.
A greve foi considerada ilegal; em virtude disso, os grevistas foram punidos.
A greve foi considerada ilegal; logo, os grevistas foram punidos.
A greve foi considerada ilegal; em vista disso, os grevistas foram punidos.
A greve foi considerada ilegal; como resultado, os grevistas foram punidos.

3. Inúmeros são os exemplos históricos que evidenciam como o engajamento da sociedade no processo político transformou a realidade, por vezes opressiva ou autoritária, em outra mais adequada às necessidades e vontades de segmentos populares. É o caso do “impeachment” do presidente Fernando Collor de Melo em 1992, da marcha pelos direitos civis nos Estados Unidos na década de 1960 e, mais remotamente, da Revolução Francesa de 1789. Assim sendo, torna-se evidente o fato de que a participação popular na política modifica o cenário social para que a nova situação atenda (ou procure atender) à demanda do coletivo, num contexto mais democrático.