domingo, 17 de julho de 2011

TRECHO DA ENTREVISTA DA PESQUISADORA MÁRCIA CAMARGOS SOBRE A HOMENAGEM PRESTADA A OSWALD DE ANDRADE NA FLIP

Oswald de Andrade não é “apenas um personagem, mas um autor cuja obra merece ser lida”, avalia biografa do escritor


Por Paulo Pastor, 15.07.2011


Se os tablets, twitter e facebok são vistos com desconfianças pelos mais conservadores, Oswald de Andrade não só seria um entusiasta, como usaria essas ferramentes “magistralmente” , analisa Márcia Camargos, pesquisadora que acaba de lançar “Semana de 22 – entre vaias e aplauso”, da Boitempo. Seu livro apresenta uma interessante análise de como o modernismo se tornou um dos eventos artísticos mais impactantes do país.

Oswald de Andrade foi o homenageado deste ano da nona edição da Flip – Festa Literária Internacional de Paratí –, evento que conta com a participação de diversos autores renomados, nacional e internacionalmente.

Apesar de elogiar o evento, seu papel de fomento cultural e a preocupação em agregar diferentes públicos, Márcia lamenta o fato ter sido a única escritora brasileira convidada pelos organizadores para fazer parte da programação e recomenda mais cuidado quanto à isso nas próximas edições. “Uma festa em sua (Oswald) homenagem demandaria um maior equilíbrio de gênero”, avalia.

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O meio literário tem menos pré-conceitos e tabus que os outros setores da realidade? Por exemplo, existem menos barreiras para as mulheres e homossexuais no universo artístico?


O meio artístico tende a haver menos preconceito do que em outros segmentos da sociedade, justamente por se tratar de uma área que atrai pessoas questionadoras, que desafiam o status quo e os valores morais vigentes. Pois se o artista é, antes de tudo, um demolidor de conceitos cristalizados, se ele pretende enxergar para além das aparências e da superfície e quebrar tabus, então consequentemente tem que ser mais aberto e mais tolerante, indo na contracorrente do senso comum.

As mulheres, ao longo da história ocidental, sempre foram relegadas a um segundo plano. A elas cabia o papel de filhas, irmãs e esposas. As que fugiam do figurino eram prostitutas ou transgressoras, e pagaram caro pelas suas atitudes ousadas e de vanguarda. Para voltarmos a Oswald de Andrade, vejam o exemplo da Pagu, uma precursora, uma mulher à frente do seu tempo e que acabou presa, torturada e duramente perseguida até o final da vida. Aos poucos, após muitas lutas, as conquistas foram acontecendo e hoje temos até uma presidenta no comando do país, algo impensável até pouco tempo atrás.

A ampliação dos espaços ocupados pela mulher, que se desdobra em mãe, esposa, amante, profissional, militante e artista, reflete-se em todas as áreas da atividade humana. No passado, certas escritoras usavam pseudônimos masculinos para publicarem. Agora são reconhecidas e reverenciadas até mesmo no âmbito ultraconservador da Academia de Letras. Por isso, acho que o número reduzido de mulheres convidadas na última edição da Flip vai na contramão da história. Com toda e absoluta certeza, não foi algo proposital, mas simplesmente um acaso que precisa ser evitado no futuro, prestando-se mais atenção à questão de gênero, entre os critérios de seleção dos escritores(as).

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PARA LER A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA: http://www.fazendomedia.com/oswald-de-andrade-nao-e-%e2%80%9capenas-um-personagem-mas-um-autor-cuja-obra-merece-ser-lida%e2%80%9d-avalia-biografa-do-escritor/

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