segunda-feira, 7 de novembro de 2011

3º SIMULADO DE REDAÇÃO DE 2011

INSTRUÇÕES - Há a seguir 3 (três) temas; escolha apenas um para desenvolver sua redação; escreva seu texto à tinta, na Folha de Redação; desenvolva seu texto em prosa: não redija narração, nem poema; faça o Rascunho da redação no espaço apropriado.

TEMA 1 (Adaptação)

Qualquer um, mesmo sem nunca ter passado pela escola, sabe que não pode falar sempre do mesmo jeito com todas as pessoas, pois, até mesmo entre os familiares, cada relação está marcada por um nível diferente de formalidade. A linguagem que usamos às vezes é mais informal, às vezes é mais séria, impessoal. Nessas situações menos pessoais, a norma culta é a mais adequada para garantir um contato respeitoso e mais claro entre os indivíduos. Por isso, quando o falante consegue variar a linguagem, adequando o nível de formalidade a suas intenções, à situação e à pessoa com quem fala, dizemos que ele possui boa competência linguística. O conhecimento das variedades linguísticas amplia nossas possibilidades de comunicação, mas é a norma culta que garante a manutenção de uma unidade linguística ao país. Com base nos textos da coletânea a seguir, elabore uma dissertação argumentativa sobre o tema: considerando que a norma culta é variante mais valorizada socialmente, qual deve ser a posição da escola em relação às outras variantes linguísticas?

Coletânea:

Qualidades e valores - Estão confundindo um problema de ordem pedagógica, que diz respeito às escolas, com uma velha discussão teórica da sociolinguística, que reconhece e valoriza o linguajar popular. Esse é um terreno pantanoso. Ninguém de bom-senso discorda de que a expressão popular tem validade como forma de comunicação. Só que é preciso que se reconheça que a língua culta reúne infinitamente mais qualidades e valores. Ela é a única que consegue produzir e traduzir os pensamentos que circulam no mundo da filosofia, da literatura, das artes e das ciências. A linguagem popular a que alguns colegas meus se referem, por sua vez, não apresenta vocabulário nem tampouco estatura gramatical que permitam desenvolver idéias de maior complexidade - tão caras a uma sociedade que almeja evoluir. Por isso, é óbvio que não cabe às escolas ensiná-la. [Evanildo Bechara, gramático e filólogo, em entrevista a revista Veja, 29 de maio de 2011]

“Menas: o certo do errado e o errado do certo” - A ideia é provocadora e reflete um debate bem atual. Em cartaz desde 16 de março no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, a exposição "Menas: o certo do errado, o errado do certo", tem a proposta manifesta de homenagear a variante popular do idioma no Brasil.
A exposição, que fica no museu até 27 de junho, começa na estação de metrô Luz, onde cerca de trinta banners trazem frases com os chamados tropeços comuns no português falado no Brasil, de "A nível de língua, ninguém sabe tudo" a "Ele vai vim para a festa". O objetivo é fazer o visitante refletir sobre a normatização na língua, antes mesmo de chegar às dependências do museu.
Lá dentro, sete instalações convidam o visitante a lidar sem preconceito com as formas em uso no português brasileiro. O próprio título da mostra soa como provocação, brincando com a variante do advérbio "menos", por princípio invariável.
“A exposição, de maneira divertida, mostra por que saímos do padrão culto muitas vezes sem nos darmos conta”, explica Antonio Carlos de Moraes Sartini, diretor do museu.
Segundo Sartini, o objetivo é mostrar que os brasileiros "não falamos nem mais nem menos fora do padrão culto que italianos, americanos e franceses", e todo idioma tem variações que são usadas em certas situações e para diferentes públicos. [Revista Língua]

Pertinente, adequado e necessário - (...) Darwin nunca disse em nenhum lugar de seus escritos que “o homem vem do macaco”. Ele disse, sim, que humanos e demais primatas deviam ter se originado de um ancestral comum.(...) Da mesma forma, nenhum linguista sério, brasileiro ou estrangeiro, jamais disse ou escreveu que os estudantes usuários de variedades linguísticas mais distantes das normas urbanas de prestígio deveriam permanecer ali, fechados em sua comunidade, em sua cultura e em sua língua. O que esses profissionais vêm tentando fazer as pessoas entenderem é que defender uma coisa não significa automaticamente combater a outra. Defender o respeito à variedade linguística dos estudantes não significa que não cabe à escola introduzi-los ao mundo da cultura letrada e aos discursos que ela aciona. Cabe à escola ensinar aos alunos o que eles não sabem! Parece óbvio, mas é preciso repetir isso a todo momento.
Não é preciso ensinar nenhum brasileiro a dizer “isso é para mim tomar?”, porque essa regra gramatical (sim, caros leigos, é uma regra gramatical) já faz parte da língua materna de 99% dos nossos compatriotas. O que é preciso ensinar é a forma “isso é para eu tomar?”, porque ela não faz parte da gramática da maioria dos falantes de português brasileiro, mas por ainda servir de arame farpado entre os que falam “certo” e os que falam “errado”, é dever da escola apresentar essa outra regra aos alunos, de modo que eles - se julgarem pertinente, adequado e necessário - possam vir a usá-la. [Marcos Bagno, escritor e linguista, na revista Carta Capital]

Mestiçagens da língua - Quando em 1727 o rei de Portugal proibiu que no Brasil se falasse a língua brasileira, a chamada língua geral, o nheengatu, é que começou a disseminação forçada do português como língua do País, uma língua estrangeira. O português formal só lentamente foi se impondo ao falar e escrever dos brasileiros, como língua de domínio colonial, tendo sido até então apenas língua de repartição pública. A discrepância entre a língua escrita e a língua falada é entre nós consequência histórica dessa imposição, veto aos perigos políticos de uma língua potencialmente nacional, imenso risco para a dominação portuguesa. [José de Souza Martins, cientista social, professor emérito da Universidade de São Paulo, em O Estado de S. Paulo]

TEMA 2 (Adaptação)

CARTA SOBREVIVE NA ERA DO E-MAIL - Ninguém questiona o fato de que a internet chegou para ficar e está transformando o modo como o mundo se comunica. A proliferação do uso de e-mails, sites de relacionamento e mesmo SMS enterrou para muitos a ideia de enviar uma carta. Mas os correios em todo o mundo descobriram que a carta não desapareceu. Há três anos, o envio de correspondências se mantém estável, segundo a União Postal Universal, fundada em 1874 em Berna. No mundo são 1,2 bilhão de cartas mandadas por dia. Por ano, os campeões são os americanos, com 199 bilhões de cartas. O Japão vem em distante segundo lugar, com 25 bilhões, e a Alemanha, com 21 bilhões.
Segundo 193 correios do mundo, há grandes diferenças ainda entre os países sobre como as pessoas se comunicam. Na Arábia Saudita, a carta continua sendo a forma mais usada por trabalhadores imigrantes provenientes da Ásia para se comunicar com suas famílias em seus países de origem. Na África, a realidade é mais problemática. Somente uma a cada oito pessoas tem um endereço para onde alguém possa enviar uma carta. Se nem endereço fixo é uma realidade, a internet continua um sonho distante. No mundo, uma a cada três pessoas tem acesso à internet em casa. Mas a taxa é de uma a cada 20 nos países em desenvolvimento, segundo a União Internacional de Telecomunicações. (Adaptado de: Agência Estado. Carta sobrevive na era do e-mail. Gazeta do Povo, 6 jun. 2010, p. 15.)

Tendo em vista a importância da troca de correspondências nos dias atuais, redija uma Tendo em vista a importância da troca de correspondências nos dias atuais, redija uma carta a um amigo que vive num país distante, numa cidade que não dispõe de rede de comunicação para e-mail e internet, relatando a ele os fatos mais importantes ocorridos no Brasil no ano de 2011 e expressando sua opinião sobre esses fatos.

(Atenção: Ao encerrar a carta, assine Fulano de Tal, mantendo o sigilo de sua prova.)

(http://www.cops.uel.br/vestibular/2012/RevistaDialogosPedagogicos.pdf)



TEMA 3

Escreva uma dissertação-argumentativa, posicionando-se a respeito da polêmica da devolução de terras aos indígenas brasileiros.


Um novo conflito de terras entre índios e não índios destacou-se na Justiça em novembro de 2010, com o reconhecimento definitivo do direito de propriedade dos índios xavantes à terra Marãiwatsédé, em Mato Grosso, na Amazônia Legal, pelo Tribunal Regional Federal (TRF) no estado. Para a Fundação Nacional do Índio (Funai), trata-se do mais significativo caso desde a retirada dos fazendeiros da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, após o Supremo Tribunal Federal (STF) definir a posse definitiva e contínua das terras em favor de diferentes grupos indígenas da área, em março de 2009.
A Justiça considerou que os posseiros e proprietários não têm nenhum direito à terra Marãiwatsédé e decidiu que eles deverão deixar a área. Mas ao contrário do que ocorreu na Raposa Serra do Sol, em que a população não índia era pequena, neste caso há milhares de moradores a ser retirados.
(...)
O impasse de Marãiwatsédé é apenas um dos que ainda existem no país e que, com alguma regularidade, aparecem nos jornais e na televisão. A terra Marãiwatsédé soma 165 mil hectares, cerca de 1,5 mil km2, área maior que a do município do Rio de Janeiro. Os índios dessa região foram os últimos do grupo xavante a ser contatados no país, em 1957. Nessa área, eles construíam aldeias espalhadas para evitar a entrada de outros grupos indígenas não xavantes. Mas o surgimento de uma fazenda de latifúndio, na década de 1960, com o apoio do governo do estado, degradou a área, e eles acabaram retirados de suas terras pelos governos estadual e federal (época da ditadura militar) e levados de avião para uma reserva junto a outros grupos indígenas, com costumes diferentes dos seus. Centenas de xavantes morreram das doenças contraídas de populações com as quais tiveram contato forçado. Nas décadas seguintes, o governo mato-grossense estimulou a ocupação da região indígena.
Direitos constitucionais - A devolução de terras como essa e da reserva Raposa Serra do Sol, na fronteira norte do Brasil, resulta de uma importante mudança de compreensão da sociedade brasileira sobre os direitos dos índios, expressa de várias formas e registrada na Constituição de 1988. A Carta reconhece os direitos dos indígenas de possuir terras em extensão e condições adequadas às suas necessidades econômicas, culturais e históricas. A Constituição brasileira afirma: “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam (...)”.
(...) No Brasil, atualmente, existem 225 povos indígenas, que vivem em 683 terras reconhecidas ou em reconhecimento pela Funai até meados de 2011, das quais cerca de um terço ainda estava em diferentes etapas de regularização. A Funai considera que assegurar o direito dos índios à terra é também uma medida estratégica para o país, que poderá garantir a proteção da nossa biodiversidade e do conhecimento dos índios para usá-la. Estima-se que as comunidades existentes na Amazônia manipulem mais de 1,3 mil plantas com princípios ativos medicinais, muitas das quais já passaram a ser utilizadas comercialmente no Brasil e no exterior.
Polêmica - Alguns segmentos da população brasileira, entretanto, consideram que os índios têm terras demais e que sua regularização está reduzindo a quantidade disponível para uso econômico pelo restante da sociedade. As terras indígenas regularizadas somam 12,7% da superfície do Brasil, embora os índios instalados nelas representem menos de 1% da população. Para se contrapor a essa argumentação, a Funai explica que os índios são reconhecidos pela Constituição e pelo Estado brasileiro como representantes de uma cultura própria, que tem de ser respeitada e preservada, e, para que seu modo de vida se mantenha, é fundamental garantir-lhes as terras necessárias. O espaço da reserva indígena deve incluir áreas para as aldeias, para as atividades de subsistência (caça, pesca, roças), para a preservação do meio ambiente e ainda para a reprodução física e cultural dos índios, tudo isso de acordo com o modo de vida e a cultura deles.
Além disso, a Funai utiliza dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que mostram que o Brasil ainda tem 185 milhões de hectares de terras aproveitáveis e não exploradas, um total bem maior do que o das terras indígenas. Para a Funai, são a concentração fundiária e a má utilização que levam à falta de terras para a agricultura e a pecuária, e não a extensão dos territórios indígenas.
Pode-se também ressaltar que foi justamente a expropriação das terras indígenas um dos motivos para que sua população diminuísse tanto. A situação social é considerada grave, por exemplo, em Mato Grosso do Sul, onde há décadas os índios vivem em áreas restritas demais para sobreviver, e a falta de perspectivas de vida resulta em altas taxas de suicídio entre os jovens, além do assassinato de lideranças indígenas em conflitos pela posse da terra. (Índios avançam em seus direitos. Paulo Montoia)

(http://189.91.160.138/materia/indios-avancam-em-seus-direitos)

Nenhum comentário: