sábado, 24 de novembro de 2012

CARTA ARGUMENTATIVA

 CARTA ARGUMENTATIVA - CARACTERÍSTICAS

·         A dissertação é dirigida a um interlocutor universal; já a carta pressupõe um interlocutor específico para quem a argumentação deverá estar orientada (Atenção: sem uma sólida interlocução argumentativa, a carta acaba se tornando uma dissertação com enderaçamento).

·         A intenção da carta argumentativa é frequentemente persuadir um interlocutor específico (convencê-lo do ponto de vista definido por quem escreve a carta ou demovê-lo do ponto de vista por ele defendido e que o redator da carta considera equivocado).

·         Escrever uma carta querendo convencer o interlocutor não é tarefa simples. Não se trata meramente de saber usar fórmulas epistolares (“Prezado Senhor”, vocativos, cumprimentos finais), mas sim de saber como é o interlocutor e pesar os argumentos que o sensibilizem.

·         Ter bem definida a imagem de quem escreve e de quem recebe a carta é fundamental para o sucesso de uma carta (Atenção: uma questão fundamental para uma boa carta é a elaboração das imagens de quem escreve a carta e de quem a recebe).

·         Para definir a imagem ou o perfil de quem escreve e de quem recebe a carta, convém fazer algumas perguntas: é velho? é moço? é antipático? é do tipo bonachão? é sensível a problemas sociais? alguma vez atendeu a pedidos semelhantes? alguma vez fez declarações sobre assuntos desse tipo? é democrático? é preconceituoso? é experiente? é uma pessoa competente? é bem informado? é influente? que classe social pertence? que função ocupa? qual cargo ocupa? quais as atribuições desse cargo? qual é seu estado de espírito? etc.

·         Na escrita de uma carta, os termos devem ser bem escolhidos (ora para sermos mais incisivos, ora para sermos mais brandos) e os argumentos bem escolhidos (aqueles que, para o perfil do destinatário, supomos serem os mais eficazes).

·         Na redação de uma carta não basta dar ao texto apenas a organização adequada; é necessário, sobretudo, ARGUMENTAR para convencer um leitor particular, o destinatário da carta, cujo perfil devemos conhecer muito bem.


POSSIBILIDADE DE ESTRUTURA TEXTUAL PARA CARTA ARGUMENTATIVA


DATA - Nome da cidade (vírgula obrigatória) – dia – mês – ano


VOCATIVO  - Senhor diretor; Prezado senhor; Caro amigo etc.


INTRODUÇÃO - 1º parágrafo: apresentação do autor da carta e contextualização para introduzir o tema da carta.


CORPO - 2º parágrafo: estabelecimento da conversa com o interlocutor apresentando-lhe o motivo e o objetivo da carta lhe estar sendo endereçada / 3º, 4º e 5º parágrafos: apresentação de argumentos e contra-argumentos procurando manter a interlocução: “como o senhor sabe”; “creio ser o senhor” etc.


CONCLUSÃO - 6º parágrafo: reafirmação do tema da carta e de seu objetivo e solicitação de providências


DESPEDIDA (despedidas formais: sem mais para o momento...; atenciosamente... // despedidas informais: um abraço...; um grande aperto de mão...)


ASSINATURA (conforme as instruções da prova)



São Paulo, 20 de novembro de 2005

Senhor diretor-geral da Agência Nacional de Transporte Terrestre

Sou coordenador de uma transportadora nacional de “commodities” com sede nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rio de Janeiro. Minha empresa é tradicional e bem conhecida, chegando a transportar mais de dez mil toneladas de produtos agrícolas por mês. Meu contato com as estradas do país é grande, fazendo-me conhecer o atual estado em que essas se encontram. A grande maioria das rodovias estão sem manutenção há um bom tempo, apresentando buracos, rachaduras, declives, ou não apresentando acostamento e postos policiais rodoviários. As rodovias de nosso país estão em estado lastimável.
Dirijo esta carta ao senhor porque sei do importante papel da ANTT frente a área de transportes. Tendo como principal objetivo a regulamentação dos transportes rodoviários e outros, creio ser o senhor a melhor pessoa a quem devo remeter a reivindicação de manutenção das rodovias e a construção de mais estradas. Espero convencê-lo de que algo deve ser feito a favor de minhas solicitações, com os argumentos que irei expor ao longo dessa carta
Como trabalho diretamente com a produção agrícola brasileira para exportação, tenho conhecimento de quanto se produz e quanto dessa produção se perde ao longo do transporte dessa até os portos. Nada mais, nada menos que 3% de toda a safra brasileira se extravia no trajeto. Aparentemente é uma porcentagem pequena, porém, em números absolutos é uma quantidade bastante grande, já que estamos falando de uma produção anual de bilhões de toneladas. E esse desperdício não é devido, em sua maioria, às condições dos veículos transportadores ou ao mau acondicionamento da carga, mas sim às precárias condições das estradas. Buracos enormes, rachaduras gigantescas, declives, acostamentos precários ou a não presença dos mesmos e asfaltos de má qualidade são as maiores causas do atraso nos transportes e da perda de grandes quantidades de produtos.
O agronegócio corresponde a mais de 50% de toda a exportação brasileira, gerando empregos e bons rendimentos ao país. Porém, a maioria das grandes lavouras produtoras se encontram no interior do país, distantes do mercado consumidor interno e dos portos. Caso a manutenção das estradas fosse realizada regularmente, não haveria perdas tão significativas da produção no trajeto interior-costa e assim, o rendimento seria maior. Constituímos um país em desenvolvimento, cujo principal produto gerador de renda são as “commodities”. Não podemos nos dar ao luxo de permitir que 3% da nossa produção anual não seja vendida devido a falta de compromisso do governo em manter as estradas bem conservadas.
Sem contar, é claro, nas conseqüências que essa mesma falta de compromisso gera sobre o número de acidentes e mortes nas rodovias. Pegar o carro para sair de férias com a família ou para realizar uma viagem a trabalho, em qualquer estado brasileiro, tornou-se um grande risco. É assustador o número de acidentes comprovadamente causados pela precariedade das estradas. Só no estado de São Paulo, onde a conservação das rodovias é considerada a melhor do país, houve 35.141 acidentes automobilísticos entre janeiro e junho de 2005. Sendo que esses mesmos acidentes provocaram 18.527 vítimas, das quais, 1.175 fatais. É intolerável que milhares de pessoas morram por ano devido a má-conservação das estradas brasileiras, problema esse que poderia ser facilmente solucionado caso o governo investisse atenção e dinheiro nas rodovias.
Com tudo isso, é evidente que algo precisa ser feito frente a atual situação rodoviária do Brasil. São necessários maiores investimentos na manutenção das estradas e na construção de mais rodovias por parte do governo. Espero que o senhor torne-se meu aliado a favor de melhores condições de transporte rodoviário, exigindo que o governo tome providências emergenciais quanto ao problema.
Atenciosamente,

R. M. C.



FONTE: UNICAMP

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