domingo, 17 de fevereiro de 2008



Coesão textual (I)


A coesão textual consiste na relação entre palavras dentro das orações, entre orações dentro dos períodos, entre períodos dentro dos parágrafos e entre parágrafos dentro do texto.
Um texto coeso mantém uma conexão interna entre os enunciados. Em outros termos, num texto coeso, as palavras, as expressões, as frases e os parágrafos estão interligados, “amarrados”, “costurados” entre si.
“A lâmpada abre um círculo mágico sobre o papel onde escrevo.” (Mário Quintana) é um exemplo disso. O termo “onde” liga ou costura a oração “a lâmpada abre um círculo mágico sobre o papel” à “escrevo” e, ao fazê-lo, estabelece a coesão entre as duas orações. “Onde” é um elemento de coesão, e a ligação entre as duas orações é um fenômeno de coesão.
São inúmeros os elementos coesivos. Estudemos, por enquanto, dois deles: coesão por referência – anáfora e catáfora – e coesão por elipse.
Em um texto, costumam ocorrer termos que retomam outros – denominados anafóricos – e termos que anunciam ou antecipam outros – denominados catafóricos.
São anafóricos e/ou catafóricos o artigo definido, alguns pronomes, os verbos “ser” e “fazer”, alguns numerais, certos advérbios.
No verso “essa chama de vida – que transcende a própria vida” (Mário Quintana), há um exemplo de anafórico: o pronome relativo “que”, pois retoma o substantivo “chama”.
Já no fragmento “Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara (...). O professor era grande, gordo e silencioso, de ombros contraídos.” (Clarice Lispector), há exemplos de catafóricos: o pronome possessivo “seu” e o pronome pessoal do caso reto “ele”, já que antecipam o substantivo “professor”.
Em um texto, também pode ocorrer apagamento de um termo – elipse – para evitar a repetição desse termo, por ser facilmente depreendido pelo contexto.

Em “Prudêncio, um moleque da casa, era o meu cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão (...), eu trepava-lhe ao dorso (...)”
(Machado de Assis), há elipse ou apagamento da palavra “Prudêncio” em relação ao verbo “punha”, uma vez que essa palavra pode ser facilmente depreendida pelo contexto.

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