sábado, 13 de agosto de 2011

TEMA DE REDAÇÃO PARA DISCUSSÃO EM AULA NOS DIAS 17 E 18 DE AGOSTO

PROPOSTA DE DISSERTAÇÃO:

Lugar comum de todos os discursos, há décadas, a melhoria da Educação brasileira continua sendo uma fascinante promessa de políticos em campanha eleitoral e de governantes dos mais diferentes matizes ideológicos. Todos, do mais elitista e rico empresário ao mais explorado trabalhador, admitem que o investimento em Educação é urgente e essencial para tirar o Brasil de vergonhoso atraso secular. Mas será mesmo que a educação tem esse potencial transformador?


Levando em consideração o excerto abaixo, escreva um texto dissertativo argumentativo discutindo o tema a seguir:


Os limites e potencialidades da educação como agente de transformação social



Há muitos anos nos Estados Unidos, os estados da Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz com os Índios das Seis Nações. Ora, como as promessas e os símbolos da educação sempre foram adequados a momentos solenes como aquele, logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns de seus jovens às escolas dos brancos. Os chefes da tribo responderam agradecendo e recusando o convite. A carta acabou conhecida porque Benjamim Franklin adotou o costume de divulgá-la. Eis o trecho que nos interessa:
“... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações tem concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.
... Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros. Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão, oferecemos aos nobres senhores da Virgínia, que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens”.
De tudo o que se discute hoje sobre educação, algumas das questões entre as mais importantes estão escritas nesta carta dos índios. Não há uma forma única nem um único modelo de educação. A escola não é único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor. O ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é seu único praticante.
Tratar de educação é tratar de formação humana, das formas encontradas pela humanidade para transmitir, socializar, seus conhecimentos acumulados, sua cultura. Por isso, diferentes sociedades têm formas distintas de educação que correspondem às necessidades, aos valores e às especificidades de sua organização social. Por isso mesmo – e os índios sabiam – a educação do colonizador, que contém o saber de seu modo de vida e ajuda a confirmar a aparente legalidade de seus atos de domínio, na verdade, não serve para ser educação do colonizado. Não serve e existe contra uma educação que ele, não obstante dominado, também possui como um de seus recursos, em seu mundo, dentro de sua cultura.
Senso assim, a educação tanto pode ser instrumento de emancipação dos indivíduos quanto de manipulação dos mesmos. Por um lado, ela pode ser empregada para os que sujeitos de uma sociedade sejam capazes de compreender as relações pertencentes ao seu meio (códigos, símbolos, valores), para socialização dos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade, para expandir, enfim, os limites impostos pela natureza, na apreensão de um conjunto infindável de conhecimentos que possibilitem uma vida melhor. Por outro lado, essa mesma educação pode ser instrumento de manipulação ocultando idelologias, impedindo a reflexão, pode ocultar as relações de denominação e exploração, legitimar a ordem estabelecida por governos autoritários, naturalizar as desigualdades e injustiças existentes entre os indivíduos de uma mesma sociedade. Em suma, a mesma educação que ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que faz, ou do que pensa que pode fazer.



(Adaptado de “O que é educação”, Carlos Rodrigues Brandão)

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