segunda-feira, 31 de outubro de 2011

HORÁRIOS DO 3º SIMULADO DE REDAÇÃO

SEGUNDA-FEIRA (31 DE OUTUBRO)

TURMA 1: DAS 14H ÀS 16H

TURMA 2: DAS 17H30 ÀS 19H30


TERÇA-FEIRA (01 DE NOVEMBRO)

TURMA 3: DAS 14H ÀS 16H

TURMA 4: DAS 17H15 ÀS 19H15

TURMA 5: DAS 20H30 ÀS 22H30

HORÁRIO ESPECIAL: DAS 10H30 ÀS 12H30 (PERÍODO DA MANHÃ)


ATENÇÃO: NESTA QUINTA-FEIRA, NÃO HAVERÁ AULA.

sábado, 22 de outubro de 2011

COLOSSO (GOYA)





Famoso quadro "O Colosso" não é um Goya autêntico, diz o Prado

04/07/2008 | 16:24 | Agência Estado Fale conoscoComunicar errosRSSImprimirEnviar por emailReceba notícias pelo celularReceba boletinsAumentar letraDiminuir letraDurante anos, o Museu do Prado, na capital espanhola, teve suas suspeitas. Agora tem certeza: um dos quadros mais admirados do seu acervo, do pintor Goya, na verdade não é uma obra do artista.

O anúncio sobre o quadro "O Colosso", um quadro de grande dimensão que mostra o torso de um gigante, se levantando sobre as nuvens, enquanto marcha em direção a uma aldeia de pessoas e animais aterrorizados, provocou comoção nos especialistas.

Alguns criticam o Prado pela maneira como lidou com o assunto. Pelo menos um dos especialistas insiste que o quadro é uma obra do mestre espanhol da pintura do final do século XVIII e início do século XIX.

"O Colosso" de Francisco de Goya y Lucientes sempre foi uma das principais atrações do Prado, uma das pinturas mais expressivas da sua série sobre os horrores da guerra espanhola contra a invasão napoleônica da Península Ibérica, no final da década de 1800.

As dúvidas sobre a autenticidade do quadro apareceram no início da década de 1990. Chamou atenção o fato do museu ter excluído a obra da sua grande exposição "Goya nos tempos da guerra" que ficará aberta até 13 de julho.

Mas na semana passada, o museu - que recebeu a obra em doação de um colecionador em 1930 - informou que não considera o quadro um autêntico Goya.

Novos estudos indicam que "O Colosso" poderia ser uma obra de Asensio Julia, discípulo de Goya e ajudante no seu ateliê. Uma das descobertas mais importantes e que levaram o museu a essa conclusão é que as iniciais de Julia parecem ter sido gravadas no pé do quadro.

"O museu tem a certeza que não é um Goya. Isso é seguro. O que ainda não está claro é quem pintou o quadro," disse uma porta-voz do Prado à Associated Press.

Ela falou sob condição de anonimato.

O Museu do Prado informou oficialmente que os resultados finais da investigação só serão conhecidos no final deste ano.

"O quadro não foi pintado pelas mãos de Goya," disse recentemente Manuela Mena, conservadora chefe do acervo do século XVIII do museu.


http://www.gazetadopovo.com.br/cadernog/conteudo.phtml?id=783481

NECROCOMBUSTÍVEIS

Os "Necro-combustíveis" - Promovendo a fome mundial e a destruição da Natureza
« em: Julho 27, 2007, 11:31:34 »

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Os "Necro-combustíveis" - Promovendo a fome mundial e a destruição da Natureza

A realidade negra dos Bio-combustíveis


O prefixo grego bio significa vida; necro, morte. O combustível extraído de plantas traz vida? No meu tempo de escola primária, a história do Brasil se dividia em ciclos: pau-brasil, ouro, cana, café etc. A classificação não é de todo insensata. Agora estamos em pleno ciclo dos agrocombustíveis, incorretamente chamados de biocombustíveis.

Este novo ciclo provoca o aumento dos preços dos alimentos, já denunciado por Fidel Castro. Estudo da OCDE e da FAO, divulgado a 4 de julho, indica que "os biocombustíveis terão forte impacto na agricultura entre 2007 e 2016." Os preços agrícolas ficarão acima da média dos últimos dez anos. Os grãos deverão custar de 20 a 50% mais. No Brasil, a população pagou três vezes mais pelos alimentos no primeiro semestre deste ano, se comparado ao mesmo período de 2006.

Vamos alimentar carros e desnutrir pessoas. Há 800 milhões de veículos automotores no mundo. O mesmo número de pessoas sobrevive em desnutrição crônica. O que inquieta é que nenhum dos governos entusiasmados com os agrocombustíveis questiona o modelo de transporte individual, como se os lucros da indústria automobilística fossem intocáveis.

Os preços dos alimentos já sobem em ritmo acelerado na Europa, na China, na Índia e nos EUA. A agflação - a inflação dos produtos agrícolas - deve chegar, este ano, a 4% nos EUA, comparada ao aumento de 2,5% em 2006. Lá, como o milho está quase todo destinado à produção de etanol, o preço do frango subiu 30% nos últimos doze meses. E o leite deve subir 14% este ano. Na Europa, a manteiga já está 40% mais cara. No México, houve mobilização popular contra o aumento de 60% no preço das tortillas, feitas de milho.

O etanol made in USA, produzido a partir do milho, fez dobrar o preço deste grão em um ano. Não que os ianques gostem tanto de milho (exceto pipoca). Porém, o milho é componente essencial na ração de suínos, bovinos e aves, o que eleva o custo de criação desses animais, encarecendo derivados como carne, leite, manteiga e ovos.

Como hoje quem manda é o mercado, acontece nos EUA o que se reproduz no Brasil com a cana: os produtores de soja, algodão e outros bens agrícolas abandonam seus cultivos tradicionais pelo novo "ouro" agrícola: o milho lá, a cana aqui. Isso repercute nos preços da soja, do algodão e de toda a cadeia alimentar, considerando que os EUA são responsáveis por metade da exportação mundial de grãos.

Nos EUA, já há lobbies de produtores de bovinos, suínos, caprinos e aves pressionando o Congresso para que se reduza o subsídio aos produtores de etanol. Preferem que se importe etanol do Brasil, à base de cana, de modo a se evitar ainda mais a alta do preço da ração.

A desnutrição ameaça, hoje, 52,4 milhões de latino-americanos e caribenhos, 10% da população do Continente. Com a expansão das áreas de cultivo voltadas à produção de etanol, corre-se o risco dele se transformar, de fato, em necrocombustível - predador de vidas humanas.

No Brasil, o governo já puniu, este ano, fazendas cujos canaviais dependiam de trabalho escravo. E tudo indica que a expansão dessa lavoura no Sudeste empurrará a produção de soja Amazônia adentro, provocando o desmatamento de uma região que já perdeu, em área florestal, o equivalente ao território de 14 estados de Alagoas.

A produção de cana no Brasil é historicamente conhecida pela superexploração do trabalho, destruição do meio ambiente e apropriação indevida de recursos públicos. As usinas se caracterizam pela concentração de terras para o monocultivo voltado à exportação. Utilizam em geral mão-de-obra migrante, os bóias-frias, sem direitos trabalhistas regulamentados. Os trabalhadores são (mal) remunerados pela quantidade de cana cortada, e não pelo número de horas trabalhadas. E ainda assim não têm controle sobre a pesagem do que produzem.

Alguns chegam a cortar, obrigados, 15 toneladas por dia. Tamanho esforço causa sérios problemas de saúde, como câimbras e tendinites, afetando a coluna e os pés. A maioria das contratações se dá por intermediários (trabalho terceirizado) ou "gatos", arregimentadores de trabalho escravo ou semi-escravo. Após 1850, um escravo costumava trabalhar no corte de cana por 15 a 20 anos. Hoje, o trabalho excessivo reduziu este tempo médio para 12 anos.

O entusiasmo de Bush e Lula pelo etanol faz com que usineiros alagoanos e paulistas disputem, palmo a palmo, cada pedaço de terra do Triângulo Mineiro. Segundo o repórter Amaury Ribeiro Jr, em menos de quatro anos, 300 mil hectares de cana foram plantados em antigas áreas de pastagens e de agricultura. A instalação de uma dezena de usinas novas, próximas a Uberaba, gerou a criação de 10 mil empregos e fez a produção de álcool em Minas saltar de 630 milhões de litros em 2003 para 1,7 bilhão este ano.

A migração de mão-de-obra desqualificada rumo aos canaviais - 20 mil bóias-frias por ano - produz, além do aumento de favelas, o de assassinatos, tráfico de drogas, comércio de crianças e de adolescentes destinados à prostituição.

O governo brasileiro precisa livrar-se da sua síndrome de Colosso (a famosa tela de Goya). Antes de transformar o país num imenso canavial e sonhar com a energia atômica, deveria priorizar fontes de energia alternativa abundantes no Brasil, como hidráulica, solar e eólica. E cuidar de alimentar os sofridos famintos, antes de enriquecer os "heróicos" usineiros.



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(Artigo publicado em Agência de Notícias da América Latína e Caribe -Adital, em 20 de julho de 2007)
Frei Betto é dominicano e escritor.
Assessoria de Comunicação - (61) 3411.3349 / 2747



http://www.eco-gaia.net/forum-pt/index.php?topic=596.0

O BIOCOMBUSTÍVEL NO BRASIL

Novos Estudos - CEBRAP
Print version ISSN 0101-3300
Novos estud. - CEBRAP no.78 São Paulo July 2007
http://dx.doi.org/10.1590/S0101-33002007000200003



O biocombustível no Brasil





Rogério Cezar de Cerqueira LeiteI; Manoel Régis L. V. LealII

IFísico, é professor emérito da Unicamp
IIPesquisador do "Projeto Etanol"






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RESUMO

A busca por soluções alternativas para o consumo do petróleo, desde a década de 1970 até hoje, e a preocupação com a poluição ambiental e a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera reforçam cada vez mais a importância da produção comercial dos biocombustíveis. Este artigo analisa a evolução do etanol e do biodiesel no Brasil e examina a tecnologia disponível em direção a um desenvolvimento sustentável.

Palavras-chave: petróleo; efeito estufa; biocombustíveis;etanol; biodiesel.


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SUMMARY

The search for alternative solutions for the consumption of the petroleum, since the decade of 1970 until today, and the concern with environmental pollution and reduction of gas emissions in the atmosphere intensifies the importance of the commercial production of the biofuels. This article analyzes the evolution of ethanol and biodiesel in Brazil and examines the technology available towards a sustainable development.

Keywords: petroleum; greenhouse effect; biofuels; ethanol; biodiesel.


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As razões para o interesse pelos biocombustíveis são muitas e variam de um país para outro e também ao longo do tempo, sendo as principais as seguintes:

• Diminuir a dependência externa de petróleo, por razões de segurança de suprimento ou impacto na balança de pagamentos;

• Minimizar os efeitos das emissões veiculares na poluição local, principalmente nas grandes cidades;

• Controlar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.

A primeira razão acima foi a grande motivadora, após os dois choques de petróleo na década de 1970, que incentivou as nações importadoras de petróleo a buscarem alternativas para este insumo fóssil. Floresceram vários programas de desenvolvimento de energias renováveis, de economia de energia, de uso da energia nuclear, do gás natural e do carvão mineral. Este quadro se manteve até meados dos anos 1980, quando os preços internacionais do petróleo caíram a valores em torno de US$ 12 por barril e aí o interesse pelos substitutos de petróleo arrefeceu devido ao custo dos subsídios necessários para mantê-los no mercado.

Já nos anos 1970, a preocupação com a qualidade do ar nas grandes cidades e com os efeitos negativos das emissões veiculares nessa qualidade renovou o interesse pelos biocombustíveis. Os grandes produtores e usuários de álcool, os Estados Unidos e o Brasil, passaram a focar neste aspecto de uma forma séria e intensa, enquanto outros países, como o Japão e os da União Européia, mantiveram um interesse mais reduzido pelo assunto. A obrigatoriedade de adicionar componentes oxigenados na gasolina, para reduzir as emissões de monóxido de carbono e hidrocarbonetos, abriu mercado para o álcool, mas ele tinha de competir com outros oxigenados como o MTBE (Metil Tércio Butil Éter).

Na segunda metade da década de 1990, com a introdução da injeção eletrônica e do catalisador de três vias nos veículos automotivos, e a conseqüente redução drástica das emissões no escapamento, o efeito poluidor desses veículos deixou de ser uma grande preocupação mas continuou a motivar o uso do álcool. A competição entre o metanol e o etanol pelo mercado de álcool combustível terminou com a vitória total deste último.

Desde a década de 1980 os cientistas passaram a alertar os Governos sobre o fenômeno do aquecimento global, mostrando evidências cada vez mais convincentes de que a temperatura da Terra estava subindo a uma taxa maior do que a esperada pelos registros históricos, devido a ações do homem; a queima de combustíveis fósseis seria a principal causa desse fenômeno e os níveis de dióxido de carbono na atmosfera, o principal gás de efeito estufa, havia subido de 280 PPM (partes por milhão), índice que prevalecia antes da Revolução Industrial, para 380 PPM nos dias de hoje. A Convenção do Clima no Rio de Janeiro, em 1992, e a subseqüente assinatura do Protocolo de Quioto, em 1997, oficializaram essas preocupações com o clima global e estabelecerem responsabilidades para as nações signatárias da Convenção Quadro Sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas.

O Protocolo de Quioto foi finalmente ratificado em março de 2005, estabelecendo metas quantitativas para a redução da emissão de gases de efeito estufa pelos países desenvolvidos, referentes aos níveis de 1990. O primeiro período de verificação será de 2008 a 2012, e os países em desenvolvimento estão fora dessa obrigatoriedade.

Nos últimos três anos os preços do petróleo subiram sensivelmente, passando do patamar de US$ 20-30 por barril para um novo patamar entre US$ 50-70 por barril. As instabilidades políticas e sociais nas regiões produtoras e a convicção de que o pico de produção será atingido nos próximos dez ou vinte anos estão mantendo a volatilidade dos preços desse insumo estratégico.

É nesse quadro que os biocombustíveis vão se inserir no mundo com, no mínimo, uma dupla responsabilidade: ajudar a reduzir a emissão de gases de efeito estufa e substituir parcialmente o petróleo para alongar sua vida útil.

Hoje, os biocombustíveis em uso comercial no mundo são o etanol e o biodiesel, nos níveis de 50 bilhões de litros e 5 bilhões de litros por ano, respectivamente.



ETANOL NO BRASIL

O etanol vem sendo usado como combustível no Brasil desde os anos 1920, mas foi somente com o advento do Proálcool, em novembro de 1975, que seu papel ficou claramente definido a longo prazo, permitindo que o setor privado investisse maciçamente no aumento de produção. A motivação do governo para lançar o Proálcool foi o peso devastador da conta petróleo na balança de pagamentos do país, que importava na época mais de 80% do petróleo que consumia.

A produção anual, que estava em torno de 600 milhões de litros, aumentou rapidamente e ultrapassou a meta do programa, de 10,6 bilhões de litros anuais, em menos de dez anos. Com o aumento da produção interna de petróleo e com a queda de seus preços internacionais, o governo perdeu o interesse pelo programa, que passou a navegar à deriva. Os subsídios foram reduzidos e o etanol hidratado perdeu competitividade perante a gasolina; a obrigatoriedade do uso do anidro na mistura com a gasolina e a velha frota de carros a álcool mantiveram o programa vivo, apesar da falta de apoio do governo. Um ponto vital foi a manutenção da infra-estrutura de abastecimento — o etanol estava disponível em mais de 90% dos 30 mil postos de combustível instalados no país.

Em 2001 o mercado de etanol no Brasil foi totalmente desregulamentado, passando a prevalecer a livre competição entre os produtores. O governo não mais estabelecia preços nem cotas. Felizmente, em 2002 começou uma nova elevação nos preços internacionais do petróleo, e o conseqüente aumento de preço da gasolina, que trouxe de volta o interesse do consumidor pelo carro a álcool — as vendas antes não deslanchavam pelo receio que tinha a população quanto à garantia de abastecimento. Percebendo isso, as montadoras de veículos passaram a trabalhar no desenvolvimento do motor flexível ao combustível (FFV — Flex Fuel Vehicle), que poderia operar com gasolina, etanol ou qualquer mistura desses dois combustíveis. O uso de gasolina ou etanol nesses veículos depende do preço relativo entre eles, considerando que a equivalência em quilometragem é de 0,7 litro de gasolina por litro de etanol.

Analisando a situação do etanol combustível hoje no Brasil notam-se os seguintes pontos marcantes:

• O etanol representa cerca de 40% dos combustíveis para motores leves (ciclo Otto);

• Não existem subsídios para o etanol e, mesmo assim, ele consegue competir com a gasolina; os custos de produção foram reduzidos em cerca de 70% desde 1975;

• O Brasil é auto-suficiente em petróleo, importando diesel e exportando outros derivados;

• Cerca de 50% da cana moída no Brasil é usada para produzir etanol;

• Há uma crescente expansão do mercado externo tanto para açúcar como para etanol, sendo difícil hoje identificar o real potencial do mercado mundial de etanol;

• O setor sucroalcooleiro está em franca expansão: existiam 320 usinas em 2001, hoje já são 360, e 120 projetos estão em vários estágios de execução (expansões e novas usinas);

• O Brasil é o maior produtor de etanol de cana no mundo, mas, em produção total, fica atrás dos Estados Unidos, que usa o milho como matéria-prima;

• A tecnologia de produção de etanol no Brasil está totalmente madura, permitindo ainda alguns ganhos de produtividade na área agrícola e pouca coisa na área industrial; existem variedades de cana geneticamente modificadas que permitiriam grandes reduções nos custos de produção, embora não possam ser utilizadas pela morosidade do processo de liberação.

Com tudo isso, pode-se afirmar com muita convicção que a produção de etanol no Brasil está perfeitamente consolidada, podendo crescer ainda na substituição da gasolina caso a volatilidade dos preços do petróleo continue. Assim, o Brasil poderá vir a ser um grande exportador de etanol e gasolina.



BIODISEL NO BRASIL

O desenvolvimento de substitutos do diesel foi tentado com muito afinco no início do Proálcool, como forma de reduzir ainda mais o consumo de petróleo e de manter o perfil de produção de derivados de acordo com a capacidade das refinarias do país. O processo fracassou por várias razões, entre elas os baixos preços do diesel na época, e as atividades cessaram. Com isso, a substituição parcial da gasolina pelo etanol causou desequilíbrio no perfil de refino de petróleo com reflexos na qualidade do diesel, provocando a necessidade de importar cerca de 20% de diesel consumido e exportar parte da gasolina produzida. O governo voltou a se interessar pelo biodiesel quando sua produção e consumo passaram a crescer na Europa, principalmente na Alemanha; também vislumbrou uma forma de fortalecer a agricultura familiar e assim melhorar a inclusão social, um problema muito sério no Brasil. Em 6 de dezembro de 2004 foi lançado oficialmente o Programa Nacional de Produção de Biodiesel, regulamentado pela Lei nº- 11.097, de 2005. O programa estabeleceu a obrigatoriedade do uso de 2% de biodiesel misturado ao petrodiesel a partir de 2008 e de 5% a partir de 2013; esta última data poderá ser antecipada dependendo da capacidade de produção instalada. Para favorecer o pequeno produtor, o programa definiu impostos diferenciados dependendo da origem da matéria-prima, sendo o maior desconto para a produzida por pequenos produtores no Norte-Nordeste. O grande produtor não teria benefícios fiscais, sendo a taxação igual ao do diesel mineral. O produtor de biodiesel, para receber os benefícios fiscais no preço de venda nos leilões, precisa possuir o Selo Social que assegura o atendimento dos requisitos impostos pela lei.

A grande esperança do governo em viabilizar a produção de óleos vegetais e biodiesel na região semi-árida do Nordeste é a cultura da mamona. Alguns projetos foram implantados nessa linha, merecendo destaque a unidade da Brasil Ecodiesel com a usina em Floriano e a plantação de mamona em Canto do Buriti, ambas no Piauí. A usina tem capacidade de produção de 7 milhões de litros por ano usando o processo de transesterificação. O módulo agrícola foi implantado inicialmente em 5 mil hectares, divididos em lotes de 25 hectares por família; cada família deverá cultivar mamona consorciada com feijão, ou outra cultura da escolha da família, em quinze hectares. Os dez hectares restantes serão usados para área de preservação e outros cultivos da família. No final da implantação do projeto serão 40 mil hectares plantados. Cada módulo de produção agrícola contará com ampla infra-estrutura, com escola, posto médico e área de lazer.

O projeto, aparentemente bem estruturado, com um bom conceito de inclusão social e tecnologia industrial de boa qualidade, não está operando como planejado, pois a matéria-prima utilizada tem sido principalmente a soja importada da região Centro-Oeste. Isso prova que não bastam boas intenções e que uma realidade não pode ser desfeita simplesmente com o estabelecimento delas. Tudo indica que faltou tecnologia na parte agrícola do projeto. A mamona recebeu muito pouca atenção nos últimos trinta anos e de repente foi lançada como a grande solução para a inclusão social via agricultura familiar. Há apenas duas variedades comerciais para as condições nordestinas e as técnicas de cultivo e manejo não parecem estar suficientemente desenvolvidas, sem contar com a falta de preparo e treinamento dos agricultores. A mamona precisará de pelo menos mais dez anos, com base na experiência com outras culturas, para ser desenvolvida como uma opção comercial de matéria-prima para a produção de biodiesel. Isso vale também para outras culturas ainda sem experiência de plantio comercial, como o pinhão-manso.

A soja, com uma tecnologia agrícola já bem desenvolvida e perto de 25 milhões de hectares plantados no país, é hoje a principal matéria-prima na produção de biodiesel. É uma opção ruim do ponto de vista do balanço energético, da ocupação de terras e da inclusão social, mas é a melhor do ponto de vista econômico e de disponibilidade, tendo, portanto, predominado sobre as outras alternativas de matéria-prima. Todo país que inicia um programa de biocombustíveis sempre se baseia nas opções já em pleno desenvolvimento comercial. Assim foi no Brasil com o etanol de cana-de-açúcar, nos Estados Unidos com o etanol de milho e o biodiesel de soja, na Europa com o etanol de trigo e beterraba e o biodiesel de colza. Uma cultura exótica ou pouco conhecida precisará de tempo e recursos para ser desenvolvida como opção comercial.



O FUTURO DOS BIOCUMBUSTÍVEIS

Como já foi mencionado acima, a maior motivação para o uso de biocombustíveis é seu potencial de reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE) de uma forma sustentável. No entanto eles terão de competir com outras formas de energia renováveis e também com tecnologias de seqüestro de carbono, como a injeção e o armazenamento de dióxido de carbono em poços exauridos de petróleo. A economia de energia é uma alternativa de redução de GEE que terá de ser utilizada, mas enfrentará dificuldades em alguns casos por exigir mudança de hábitos, como o uso do veículo particular para transporte. Dessa forma, torna-se muito importante o balanço energético da cadeia produtiva do biocombustível e a quantidade de gases de efeito estufa emitidos na sua produção, incluindo as fases agrícola e industrial. Nesse aspecto, o etanol de cana-de-açúcar tem se mostrado a melhor opção até o momento, pois consome 1 unidade de energia fóssil para 8 unidades de energia renovável produzida; para o etanol de milho ou de trigo essa relação é de 1,1 a 1,5 (dependendo de como se leva em conta o valor energético dos subprodutos). Para o biodiesel, esse balanço indica que a relação entre a energia renovável do biocombustível e a energia fóssil gasta na sua produção só excede o valor 3 para o caso do dendê.

Outro ponto importante na sustentabilidade do biocombustível é a necessidade de terras para produzi-lo. Comparando o etanol de cana-de-açúcar com o biodiesel de mamona vemos que um hectare cultivado com cana produz mais de 6 mil litros por ano de etanol, ao passo que esse mesmo hectare plantado com mamona proporciona apenas 500 litros de biodiesel. Dessa forma, os 13 bilhões de litros de etanol combustível que substituem cerca de 40% da gasolina utilizam pouco mais de 2 milhões de hectares de cana; para substituir 40% do diesel consumido no Brasil, ou seja, 16 bilhões de litros, seriam necessários 32 milhões de hectares plantados com mamona, o que representa cerca da metade da área cultivada no nosso país.

Toda a produção mundial de biocombustíveis se baseia hoje nas chamadas tecnologias de primeira geração, o que significa produção de etanol a partir de açúcares ou amidos (cana, beterraba, milho, trigo, mandioca) e biodiesel de óleos vegetais ou gordura animal (soja, mamona, dendê, sebo, óleo de fritura). Estão em desenvolvimento várias tecnologias que utilizam os materiais lignocelulósicos como matérias-primas (resíduos agroflorestais, madeira de florestas plantadas, culturas energéticas de curto ciclo, lixo urbano), que são mais baratos, mais abundantes e podem ser produzidos nas mais variadas condições de solo e clima.

A cana-de-açúcar será beneficiada com essas tecnologias emergentes, pois além do açúcar ela produz uma grande quantidade de fibras na forma de bagaço e palha; atualmente quase todo o bagaço é usado para fornecer a energia de que a usina precisa e a palha é queimada antes da colheita. Com a redução do consumo energético nas usinas, o fim das queimadas e o início do recolhimento da palha, a produção de etanol por tonelada de cana processada poderá crescer em torno de 50% com a produção de etanol dos resíduos da cana.

O etanol já é hoje um grande sucesso no Brasil com substituto da gasolina e seu futuro é promissor com o advento das tecnologias de segunda geração. O biodiesel ainda tem um árduo caminho pela frente com as tecnologias de primeira geração e o futuro dependente de outras matérias-primas para as tecnologias de segunda geração; não devemos desanimar, mas não há razões para ufanismo quando se trata de biodiesel.





Recebido para publicação em 24 de junho de 2006.



http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-33002007000200003&script=sci_arttext

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

TEMA: O PODER DAS MULHERES

Redações sobre o tema “mulher”

As águas do Colorado

Ao serem observadas do topo do Grand Canyon, as águas do rio Colorado aparentam uma incrível fragilidade. Tem-se a nítida impressão de sua impotência diante das gigantescas mon¬tanhas que as circundam. Quando, num primeiro momento, observamos as mulheres, ternos exatamente as mesmas ideias: serem frágeis e impotentes.
Assim como o rio, historicamente as mulheres sempre foram julgadas fracas e incapazes. Por esse motivo, até o início deste século, só possuíam um direito: não ter direito algum. Eram proibidas de frequentar faculdades, não tinham direi¬to ao voto e não podiam nem ao menos gerenciar a sua própria vida. A elas cabiam exclusivamente a educação dos filhos e os cuidados para a manutenção da casa ao gosto dos maridos.
Porém, com o final da Segunda Guerra Mundial essa situação sofreu grandes mudanças. As mulheres passaram a exigir igualdade de direitos e oportunidades. Assim, algumas chegaram a ocupar funções administrativas e até mesmo elevados cargos políticos, caso da inesquecível Dama de Ferro da Inglaterra e da grande Golda Meir de Israel.
Com a conquista de muitos direitos, as mulheres já competem diretamente com os homens provando sua força e capacidade. Não é mais raro vermos lares sustentados por mulheres e empresas por elas gerenciadas. Além disso, sua participação faz-se cada vez mais presente em países cuja economia mostra-se frágil. Como exemplo, temos a indispensável presença da mão-de-obra feminina em países cuja economia fora planificada e também no Brasil.
Desta forma, fica evidente a importância das mulheres no mundo moderno, bem como as grandes modificações por elas conquistadas no seu "status quo". Assim, sua aparente fragilidade e impotência sucumbem diante do seu poder modificador. Por isso, as mulheres são como as águas do Colorado: aparentam uma grande fragilidade, mas, pro meio de seu persistente movimento, são capazes de esculpir o Grand Canyon. (Ricardo Reis)

Por trás dos bastidores

Assim como a maquiagem disfarça imperfeições e propicia à mulher uma imagem desejável, a aparente e bela idéia de que o sexo feminino conquistou igualdade em relação ao gênero oposto é superficial, camuflando sua real situação. É inegável que certas concessões foram realizadas à mulher, como direito ao voto e liberdade sexual através dos métodos contraceptivos. No entanto, tais aquisições são veiculadas pela sociedade – aparentemente justa, mas de essência machista – para impor o conceito de que a mulher já garantiu direitos bastantes e, por essa razão, deve-se dar por satisfeita.
Equivocadamente, observa-se a face sorridente da sociedade para com a mulher - esta parece contentar-se por ocupar postos de trabalho anteriormente pertencentes somente ao sexo oposto e prega-se seu desvencilhamento do estereótipo doméstico. Em contrapartida, um olhar mais perspicaz e focado capta os poros obstruídos nessa imagem maquiada pela ideologia imposta.
É coerente a um mundo que diz ver a mulher como um ser intelectual, provido de capacidade e vencedor na luta por seus direitos, tolerar a publicidade que abusa da exploração do corpo feminino para a venda de cerveja, reduzindo a mulher a um pedaço de carne? Seguindo essa tendência de banalização da imagem feminina, não é casualidade encontrar mulheres sensuais rodeando carros em salões do automóvel.
A afirmação de que a mulher largou o pano de chão e saiu em busca de trabalho é parcialmente verdadeira. Em vários países terceiro-mundistas, isso está longe de ocorrer. E, onde ocorreu, não é raro estatísticas apontarem menor remuneração destinada ao sexo feminino. Também não se pode ignorar que anúncios de produtos de limpeza, utensílios domésticos e alimentos são dirigidos especialmente à mulher.
Há 34 anos, a ONU decretou o 8 de março como Dia Internacional da Mulher em homenagem às funcionárias de uma fábrica de tecidos em Nova York que morreram queimadas num protesto por igualdade de direitos em 1857. Ano após ano, por trás das inúmeras homenagens repletas de flores que a mídia veicula, esconde-se a oprimida e real face feminina. (Letícia)

MEDICINA PUCPR - CÂMPUS CURITIBA - APROVAÇÃO

PARABÉNS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Lígia Botelho De Moraes


PROFESSORES E ALUNOS DO CURSO DE REDAÇÃO DA PROFª MÁRCIA GARCIA

TEMA PARA DISCUSSÃO NAS AULAS DE 26 E 27 DE OUTUBRO: O BRASIL NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

TEMA DE REDAÇÃO (Adaptado do XV Concurso Nacional de Redação Mundo e H&C)

ENFIM, O PAÍS DO FUTURO - Os anúncios de que o Brasil sediará a Copa Mundial de Futebol de 20 14 e os Jogos Olímpicos de 2016 criaram uma sensação de euforia e ufanismo, reforçada pelo relativo bom desempenho do país em meio a uma crise global do sistema financeiro e pelas notícias de que foram encontradas vastas reservas de petróleo na camada pré-sal. Um novo Brasil parece acertar as contas com o seu próprio passado, para saltar rumo a um próspero futuro, após longos séculos de crises e frustrações. Considerando esse quadro geral, bem como os trechos abaixo, desenvolva uma dissertação que reflita sua opinião sobre o Brasil no mundo contemporâneo.

1.

• Pré-sal pode elevar crescimento a 6% ao ano, diz ex-presidente do BC - Segundo Carlos Langoni, país passa por período de transição econômica. Para ele, petróleo pode movimentar outros segmentos da economia. (http://g1.globo.com)

• A diversidade é a marca do Brasil. Em quinhentos anos de História, construiu-se uma nação formada por vários povos, dona de uma cultura variada e de um vasto território, atualmente dividida em 26 estados, um Distrito Federal e 5.563 municípios. (Brasil: um país sensacional. Brasil Turismo. Em: http://www.brasilturismo.com/brasil)

• Mais de 5 milhões de turistas visitaram o Brasil em 2010 - Maior número veio da Argentina e dos Estados Unidos. Estrangeiros elogiaram hospitalidade e gastronomia (...). (Jornal Nacional. 10/10/2011)

• "O Brasil foi o último a entrar e o primeiro a sair da primeira fase da crise porque tem como maior vantagem seu mercado interno". (Brasil não vai pagar por uma crise que não é dele, diz Dilma. Jornal do Brasil. 14.10.2011)

• Brasil será 5ª maior economia do mundo em 2025, aponta pesquisa - O Brasil vai ser a quinta maior economia mundial em 2025, segundo pesquisa da consultoria PricewaterhouseCoopers divulgada nesta quinta-feira em Londres. A estimativa é de que o Brasil tenha ocupado a 8ª posição no ranking em 2009. Segundo o estudo, o Brasil ultrapassaria o Reino Unido e a França em 2013 e a Alemanha em 2025. Com isso, ficará à frente de países como Alemanha, França e Reino Unido. A China deve ocupar a primeira posição, seguida pelos Estados Unidos, Índia e Japão. (O Globo. 22.02.2010. Em:http://oglobo.globo.com/economia/mat/2010/01/22/brasil-sera-5-maior-economia-do-mundo-em-2025-aponta-pesquisa-915683682.asp)

2. Em seu imenso território, o Brasil abriga 12 por cento da água doce do planeta. (...) A água doce e potável é um recurso cada vez mais escasso que um dia valerá mais que o petróleo, e por isso é necessário avaliar o estado da que hoje dispomos, antes de decidir o que vamos a fazer com ela. Grupos ambientalistas advertem que o avanço da fronteira agrícola no Brasil é uma das grandes ameaças à preservação dos corpos de água. (...)
A economia do país de 174 milhões de habitantes se sustenta na agricultura intensiva, e a soja, junto com a cana-de-açúcar, a laranja e o algodão, são importantes fontes de divisas. Apesar de a expansão constante da agroindústria, o Brasil ainda conserva grande quantidade de águas não tocadas pelo homem (...). Segundo diversos estudos, em 25 anos duas em cada três pessoas no mundo sofrerão falta de água. (...) "O Brasil possui uma importante reserva estratégica de água doce e em alguns anos vai a ser o único lugar do mundo com importantes fontes de água não poluída.
(Adaptado de “Brasil: maior reserva de água doce do mundo avaliada em pleno vôo”. Fonte: http://noticias.uol.com.br/inter/efe/2003/11/28/ult1809u65.jhtm)

3. Com a descoberta do pré-sal, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 o Brasil está vivendo um momento de oportunidades sem precedentes - poderemos nos igualar às nações mais fortes e desenvolvidas do mundo. Poderemos erradicar a pobreza, ter uma economia forte e solucionar nossos problemas ambientais. Mas para isso precisamos primeiro garantir que as nossas grandes riquezas e os cofres públicos não sejam mais esvaziados por uma classe política criminosa (...) Vamos tirar os corruptos das eleições de 2010 onde iremos escolher os "gestores" dos investimentos da Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016. (Trecho do Manifesto da Campanha Ficha Limpa, desenvolvida pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral)

4. Violência: Brasil ocupa sexto lugar em ranking internacional - A violência existente no Brasil foi classificada como “bastante grave” em comparação com o cenário internacional, ocupando o sexto lugar entre os países mais violentos. A informação foi dada nesta semana pelo secretário-executivo da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Luiz Alberto Salomão, em palestra durante seminário no QG do Exército, intitulado Segurança Internacional: perspectivas brasileiras. Para Salomão, a violência é um dos fatores de vulnerabilidade à segurança interna e ao atual desenvolvimento brasileiro. Na tabela apresentada durante o seminário, Salomão, com base em dados colhidos entre 2004 a 2007, mostrou que o Brasil é um país quatro vezes mais violento que os Estados Unidos (27º lugar), e está, neste quesito, atrás da Guiana (9º), do Paraguai (12º), da África do Sul (16º), do México (19º), do Chile (28º), da Argentina (32º) e do Uruguai (35º). (Anjos e guerreiros. 05.06.2010. Em: http://anjoseguerreiros.blogspot.com/2010/06/violencia-brasil-ocupa-sexto-lugar-em.html)

5. O ministro da Educação, Fernando Haddad, classificou a Educação brasileira como regular em evento da revista EXAME na última sexta-feira. Em um debate com Gustavo Ioschpe, Maria Helena Guimarães de Castro e o empresário Marcelo Odebrecht, mediado pelo jornalista Ricardo Boeachat, o ministro foi questionado sobre a qualidade da Educação no Brasil. Haddad respondeu imediatamente que a considerava regular, mas que havia melhorado muito nos últimos anos. “Infelizmente o Brasil acordou tarde para a Educação”, disse.
Já os outros debatedores não hesitaram em classificar a Educação brasileira como “péssima” ou “ruim”. “Se éramos os piores do mundo, não havia como piorar. Mesmo com as melhorias, ainda ocupamos as piores colocações”, afirmou Gustavo Ioschpe, referindo-se ao Pisa, exame em que o Brasil ocupou a 53ª posição em 2009, 12 lugares a frente do último colocado. Maria Helena Guimarães de Castro também não poupou críticas. “A melhoria do ensino é pequena e seu ritmo é lento”, disse. (Para ministro, Educação no Brasil é regular. E para você?. 05.10.2011. Em: http://educarparacrescer.abril.com.br/)

6. No Censo de 2010, foi constatado um au¬mento no rendimento mensal do trabalho, no Brasil, em todos os níveis de renda, especialmente nos mais baixos (...). Esse processo é resultado de políticas de distribuição de renda na última década e do momento econômico pelo qual o pais passa. A população que não apresentava nenhum tipo de rendimento, por exemplo, caiu de 9,15% dez anos atrás para 4,27% em 2010. Mas, assim como nos dados de alfabetização, quando estamos falando de renda também há diferenças gritantes. Enquanto na Região Nordeste só 25,4% das famílias têm renda por pessoa acima de um salário mínimo, no Sudeste 52% recebem acima desse valor, e, no Sul, 54,6%.
Essas melhorias ajudam no fato de haver menos mortes na infância e de as pessoas estarem vivendo mais. O Censo de 2010 mostrou que existem 2.597 brasi¬leiros com mais de 100 anos. A tendência indica uma melhoria na qualidade de vida, mas também preocupa porque o envelhecimento populacional traz novos problemas: obriga a pensar no equilíbrio das contas públicas, como as da Previdên¬cia Social, responsável pelo pagamento das aposentadorias, e no sistema de saú¬de, já que um país formado por pessoas mais velhas necessita de mais assistência médica e previdenciária do que um país com pessoas mais jovens. (Guia do estudante Atualidades Vestibular + Enem 2012)

7. Paralelamente ao processo de deslocamento da riqueza, o mundo também passa por uma mudança na distribuição de sua população economicamente ativa, favorecendo os emergentes em detrimento dos países mais desenvolvidos. Um exemplo é o Brasil, que atravessa a chamada janela de oportunidade demográfica, fenômeno decorrente da mudança da estrutura etária de sua pirâmide populacional. Enquanto os países desenvolvidos estão preocupados com o envelhecimento de suas populações e o consequente aumento da demanda por serviços previdenciários, o Brasil dispõe de maior parte de sua população em idade economicamente ativa e fervilha de jovens ávidos por qualificação e inserção profissional.
Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, entre 2010 e 2020, a nação concentrará entre 67% e 70% de sua população em idades de 15 a 64 anos. A porcentagem de pessoas com idades entre 15 e 24 anos, onsideradas ingressantes na vida laboral pelo critério do IBGE, será de 17,41% em 2010 e 16,34% em 2020. Esse contingente de mão de obra será da ordem de 33,64 milhões em 2010 e 33,85 milhões em 2020, considerando a população total do país em 193 milhões aproximadamente em 2010 e 207 milhões em 2020. (É hora do Brasil aproveitar a janela demográfica. Antonio Gil. 12/01/2011)

8.

Brasil, meu Brasil Brasileiro,
Meu mulato inzoneiro,
Vou cantar-te nos meus versos:
O Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar;
O Brasil do meu amor,
Terra de Nosso Senhor.
Brasil!... Brasil!... Prá mim!... Prá mim!...
Ô, abre a cortina do passado;
Tira a mãe preta do cerrado;
Bota o rei congo no congado.
Deixa cantar de novo o trovador
À merencória à luz da lua
Toda canção do meu amor.
Quero ver essa Dona caminhando
Pelos salões, arrastando
O seu vestido rendado.
Brasil!... Brasil! Prá mim ... Prá mim!...
Brasil, terra boa e gostosa
Da moreninha sestrosa
De olhar indiferente.
O Brasil, verde que dá
Para o mundo admirar.
O Brasil do meu amor,
Terra de Nosso Senhor.
Brasil!... Brasil! Prá mim ... Prá mim!...
Esse coqueiro que dá coco,
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar.
Ô! Estas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar.
Ô! Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil Brasileiro,
Terra de samba e pandeiro.
Brasil!... Brasil!

(Aquarela do Brasil. Ary Barroso – 1939)

9. Macunaíma nasceu na floresta brasileira e desde pequeno já mostrava como tinha um caráter indigno. Sempre com preguiça acabou formando assim o seu slogan: ”Ai! Que preguiça!” (Macunaíma. Mário de Andrade. Em: http://vestibular.brasilescola.com)
Lançada em 1928, "Macunaíma", a obra-prima de Mário de Andrade, conta a vida do herói sem nenhum caráter, personagem síntese do homem brasileiro e ainda se mantém como um dos livros mais atuais da literatura brasileira. (Entenda Macunaíma, seus mitos e lendas. Em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u352099.shtml)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

SOCIEDADE FRACTAL (LEIA!!!)

Onze temas atuais que podem aparecer no Enem 2011

Onze temas atuais que podem aparecer no Enem 2011

Nathalia Goulart

As provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) costumam exigir do aluno a interpretação de temas atuais. Para garantir um bom desempenho na prova, ele deve se dedicar diariamente à leitura de sites, jornais e revistas. Os especialistas aconselham atenção especial a assuntos ligados a matrizes energéticas e questões sociais – áreas assíduas nas provas do Enem. “O candidato, porém, não deve se preocupar em decorar informações. O essencial é interpretar os fatos e ser capaz de compreender suas complexidades”, diz Alberto Nascimento, coordenador do Curso Anglo. Célio Tasinafo, coordenador do cursinho Oficina do Estudante, complementa: “A leitura diária do noticiário também dá subsídios para uma boa redação, prova de peso no Enem.” Com a ajuda dos dois especialistas, VEJA selecionou onze temas que podem aparecer nas provas de outubro. Confira a seguir quais são eles.


1. União civil entre homossexuais

Em maio, em decisão inédita, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união civil entre os homossexuais. A partir da decisão, casais formados por parceiros do mesmo sexo passaram a ter direitos como herança, pensão por morte ou separação e declaração compartilhada do Imposto de Renda (IR), entre outros. A conquista pode estimular temas de redação, exigindo que o aluno se posicione. Vale lembrar que também circularam pelo noticiário recente a lei que criminaliza a homofobia e o “kit gay” elaborado pelo Ministério da Educação (MEC).

2. Tragédia no Japão

O terremoto de 9 graus na escala Richter seguido de um tsunami que devastou a costa nordeste do Japão, em março, provocou a mais grave crise nuclear desde o desastre de Chernobyl, há 25 anos, na extinta União Soviética. Por isso, na prova de ciências da natureza, questões sobre energia nuclear devem aparecer. Nesse tema, é importante ter em mente os prós e contras dessa matriz energética e seus impactos ambientais nos países onde é utilizada – inclusive no Brasil. É bom se preparar também para questões básicas sobre placas tectônicas e desastres naturais.

3. Censo demográfico

Entre as marcas registradas do Enem está a intepretação de gráficos e tabelas. Com sua diversidade de dados, o censo demográfico é um prato cheio para questões dessa natureza. Divulgado este ano pelo IBGE, o estudo mostra, por exemplo, que o Brasil ultrapassou a marca dos 190 milhões de habitantes e que um em cada dez habitantes ainda vive na pobreza extrema. Temas como urbanização e janela demográfica também podem motivar os examinadores.

4. Ascensão da mulher no Brasil

Desde janeiro, o Brasil é presidido por uma mulher – fato inédito em nossa história. A conquista de Dilma Rousseff pode ser vista como mote para abordar a ascensão da figura feminina na sociedade. Mais uma vez, tabelas e gráficos podem aparecer e o assunto pode ser, inclusive, tema de redação.

5. Divisão de estados brasileiros

A divisão do Pará em três estados será objeto de inédito plebiscito organizado pela Justiça Eleitoral. A questão é polêmica: se forem criados, Carajás e Tapajós vão custar aos cofres públicos pelo menos 9 bilhões de reais só a título de manutenção administrativa. Questões históricas, como a comparação entre a atual discussão e a criação de Tocantins, no fim da década de 1980, podem surgir. É importante estar atualizado sobre as características da região Norte, marcada por conflitos agrários, violência urbana e riquezas minerais.

6. Código florestal

Meio ambiente é tema recorrente no Enem. Por isso, é importante atualizar-se sobre o novo código florestal, que tramita no Congresso Nacional. Além de dividir opiniões de ruralistas e ambientalistas, o assunto não é consensual dentro do próprio governo e permanece nebuloso para a sociedade civil. Questões sobre a ocupação do território nacional e desenvolvimento sustentável podem motivar perguntas de ciências humanas e a própria redação.

7. Aids

Há 30 anos, os Estados Unidos registravam o primeiro caso de aids do mundo. Em pouco tempo, o mal desconhecido passou a ser um caso de saúde pública mundial. O número de infectados, que era de um milhão em 1981, saltou para 27,5 milhões em 2010. Na prova de ciências da natureza, o candidato pode ser questionado sobre as características do vírus ou formas de contágio. Na prova de ciências humanas, as políticas públicas brasileiras de combate à aids, reconhecidas internacionalmente, podem aparecer.

8. Fuso-horário no Acre

Em outubro de 2010, um referendo alterou o fuso-horário no estado do Acre. Apesar de ter passado despercebida para a maioria da população, a votação pode motivar questões tradicionais no Enem, como a de cálculo de fusos em diferentes regiões do Brasil

9. Copa do Mundo e Olimpíada no Brasil

Apesar de pouco provável, os eventos esportivos sediados no Brasil em 2014 e 2016 podem motivar os examinadores. Caso apareçam, devem versar sobre os impactos das obras nos grandes centros urbanos brasileiros. O encalhe do projeto do trem-bala e as reformas urbanas no Rio de Janeiro, sede dos Jogos Olímpicos, merecem atenção.

10. Morte de Osama bin Laden

Depois de 3.519 dias, duas guerras e 1,18 trilhão de dólares em gastos militares, o homem mais procurado do planeta, mandante do maior atentado terrorista já executado no mundo, o 11 de Setembro, foi morto por forças americanas. A operação aconteceu nos arredores de Islamabad, capital do Paquistão, e levou milhares às ruas de Nova York e Washington. O episódio traz à tona discussões sobre o terrorismo como ferramenta política, além de suscitar discussões sobre a Guerra do Golfo. Como energia é tema prioritário no Enem, questões sobre o petróleo merecem atenção.

11. China

Apesar de temas internacionais terem pouca relevância na prova do Enem, o acelerado crescimento chinês pode motivar questões. A abordagem deve evidenciar as parcerias com o Brasil e os impactos na nossa economia. Mais uma vez, gráficos, tabelas e textos de apoio podem aparecer.

http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/onze-temas-atuais-que-podem-aparecer-no-enem-2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

GÊNERO TEXTUAL: DECÁLOGO

Decálogo do perfeito contista

Horacio Quiroga

I - Crê em um mestre - Poe, Maupassant, Kipling, Tchecov - como em Deus.

II - Crê que tua arte é um cume inacessível. Não sonhes alcançá-la. Quando puderes fazê-lo, conseguirás sem ao menos perceber.

III - Resiste o quando puderes à imitação, mas imite se a demanda for demasiado forte. Mais que nenhuma outra coisa, o desenvolvimento da personalidade requer muita paciência.

IV - Tem fé cega não em tua capacidade para o triunfo, mas no ardor com que o desejas. Ama tua arte como à tua namorada, de todo o coração.

V - Não comeces a escrever sem saber desde a primeira linha aonde queres chegar. Em um conto bem-feito, as três primeiras linhas têm quase a mesma importância das três últimas.

VI - Se quiseres expressar com exatidão esta circunstância: "Desde o rio soprava o vento frio", não há na língua humana mais palavras que as apontadas para expressá-la. Uma vez dono de tuas palavras, não te preocupes em observar se apresentam consonância ou dissonância entre si.

VII - Não adjetives sem necessidade. Inúteis serão quantos apêndices coloridos aderires a um substantivo fraco. Se encontrares o perfeito, somente ele terá uma cor incomparável. Mas é preciso encontrá-lo.

VIII - Pega teus personagens pela mão e conduza-os firmemente até o fim, sem ver nada além do caminho que traçastes para eles. Não te distraias vendo o que a eles não importa ver. Não abuses do leitor. Um conto é um romance do qual se retirou as aparas. Tenha isso como uma verdade absoluta, ainda que não o seja.

IX - Não escrevas sob domínio da emoção. Deixe-a morrer e evoque-a em seguida. Se fores então capaz de revivê-la tal qual a sentiu, terás alcançado na arte a metade do caminho.

X - Não penses em teus amigos ao escrever, nem na impressão que causará tua história. Escreva como se teu relato não interessasse a mais ninguém senão ao pequeno mundo de teus personagens, dos quais poderias ter sido um. Não há outro modo de dar vida ao conto.


Posted by Luiz Fernando Riesemberg at 5:13 PM Labels: Horacio Quiroga



http://riesemberg.blogspot.com/2006/10/declogo-do-perfeito-contista.html

domingo, 16 de outubro de 2011

LEITURAS E VÍDEOS IMPORTANTES PARA PRÓXIMA AULA

Proposta:

A proposta é estimular o debate sobre a Lei Maria da Penha, se ela pegou ou não, qual é o impacto dela após 5 anos de existência? O que mudou? O que precisa mudar? Quais avanços e quais retrocessos? Quais são os mitos existentes no imaginário coletivo?


Textos:


1. Lei Maria da Penha

A Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da CEDAW (Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres) e da Convenção de Belém do Pará (Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher); dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Até setembro de 2006, a violência doméstica no Brasil era julgada nos chamados “tribunais de pequenas causas”, que em geral terminavam em acordos e penas leves, como pagamento de multas ou de cestas básicas. A impunidade era tão grande que se tornou motivo de deboche e até estimulava mais agressões.
Um dos principais benefícios da Lei Maria da Penha foi definir com clareza quais são os tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher – física, psicológica, sexual, patrimonial e moral – e estabelecer os procedimentos que as autoridades policiais e judiciais devem seguir se a mulher fizer a denúncia e precisar de proteção.
Com a Lei Maria da Penha, o juiz passou a ter poderes para definir as chamadas “medidas protetivas” – afastamento do agressor, suspensão de porte de armas, entre outras – e também as “educativas”, obrigando o agressor a frequentar programas de reabilitação. Caso seja condenado, o juiz irá determinar uma pena, que pode variar de 3 meses a 3 anos de prisão e que será aumentada em um terço se o crime for cometido contra portadora de deficiência.
Determina que a violência doméstica contra a mulher independe de sua orientação sexual, isto é, pode ocorrer entre lésbicas.
Determina a criação de juizados especiais de violência doméstica e familiar contra a mulher com competência cível e criminal para abranger as questões de família decorrentes da violência contra a mulher.
Determina que a mulher somente poderá retirar a denúncia perante o juiz e que ela será notificada sobre o andamento do processo, em especial quando da entrada e saída do agressor da prisão. A mulher deverá estar acompanhada de advogado(a) ou defensor(a) em todos os atos processuais.
Altera o código de processo penal para possibilitar ao juiz a decretação da prisão preventiva quando houver riscos à integridade física ou psicológica da mulher e altera a lei de execuções penais para permitir o juiz que determine o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.
A autoridade policial pode requerer ao juiz, em 48h, que sejam concedidas diversas medidas protetivas de urgência para a mulher em situação de violência (suspensão do porte de armas do agressor, afastamento do agressor do lar, distanciamento da vítima, dentre outras), dependendo da situação.
O juiz do juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher terá competência para apreciar o crime e os casos que envolverem questões de família (pensão, separação, guarda de filhos etc.).
(texto retirado do site; http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=33&catid=30 )

Dados sobre Violência contra as Mulheres
A Agência Patrícia Galvão selecionou os números mais recentes das principais pesquisas sobre violência doméstica para compor sua pauta sobre os 5 anos de vigência da Lei Maria da Penha.

Seis em cada 10 brasileiros conhecem alguma mulher que foi vítima de violência doméstica.
- Machismo (46%) e alcoolismo (31%) são apontados como principais fatores que contribuem para a violência.
- 94% conhecem a Lei Maria da Penha, mas apenas 13% sabem seu conteúdo. A maioria das pessoas (60%) pensa que, ao ser denunciado, o agressor vai preso.
- 52% acham que juízes e policiais desqualificam o problema.
Esses são alguns dos achados da Pesquisa Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil, realizada pelo Instituto Avon / Ipsos entre 31 de janeiro a 10 de fevereiro de 2011
91% dos homens dizem considerar que “bater em mulher é errado em qualquer situação”.
- Uma em cada cinco mulheres consideram já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”.
- O parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais 80% dos casos reportados.
- Cerca de seis em cada sete mulheres (84%) e homens (85%) já ouviram falar da Lei Maria da Penha e cerca de quatro em cada cinco (78% e 80% respectivamente) têm uma percepção positiva da mesma.
A Pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado foi realizada em 2010 pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o SESC.
O medo continua sendo a razão principal (68%) para evitar a denúncia dos agressores. Em 66% dos casos, os responsáveis pelas agressões foram os maridos ou companheiros.
- 66% das brasileiras acham que a violência doméstica e familiar contra as mulheres aumentou, mas 60% acreditam que a proteção contra este tipo de agressão melhorou após a criação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006)
Realizado em 2011, o levantamento indica que o conhecimento sobre a Lei Maria da Penha cresceu nos últimos dois anos: 98% disseram já ter ouvido falar na lei, contra 83% em 2009.

Dados atualizados sobre Serviços de Atendimento à Mulher disponíveis no país
O Brasil tem mais de 5.500 municípios e apenas:
190 Centros de Referência (atenção social, psicológica e orientação jurídica)
72 Casas Abrigo
466 Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher
93 Juizados Especializadas e Varas adaptadas
57 Defensorias Especializadas
21 Promotorias Especializadas
12 Serviços de Responsabilização e Educação do Agressor
21 Promotorias/Núcleos de Gênero no Ministério Público
Fonte: Secretaria de Políticas para as Mulheres
(retirado do site: http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1975&catid=36)


2. Texto da Ana Cláudia Pereira : “5 anos de Lei Maria da Penha: comemoramos nossas conquistas exigindo direito para todas nós”

http://www.cfemea.org.br/images/stories/pdf/CincoAnos_LMP.pdf


3. LEI MARIA DA PENHA:
http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/images/stories/PDF/violencia/lei_maria_da_penha.pdf

4. LEI MARIA DA PENHA (LMP) EM CASOS DE LESBOFOBIA: Você sabia que a lei maria da penha (lei 11.340/06) não é só para casais, e muito menos só para casais heterossexuais?

5. Pacto Nacional de enfrentamento à violência contra à mulher


Vídeos:


6. "Acorda, Raimundo, Acorda" (http://vimeo.com/5859490)


Clip:


7. http://www.youtube.com/watch?v=0h2f6NaEOmI&feature=related) dela: Rosas do grupo Atitude Feminina

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

GÊNERO TEXTUAL: ARTIGO DE OPINIÃO

ARTIGO DE OPINIÃO


Características:


texto em que as informações são organizadas de forma a comprovar a veracidade de um ponto de vista;


argumentação que sustentada por experiências literárias, filosóficas e vivências do autor;


evitar o uso da primeira pessoa do singular;



possibilidade de uso de emoções e sensações do autor para atingir as sensações e emoções do leitor;



evitar oralidade.


(UNICAMP)

TEXTO 3
Coloque-se na posição de um articulista que, ao fazer uma pesquisa sobre as recentes catástrofes ocorridas em função das chuvas que afetaram o Brasil a partir do final de 2009, encontra a crônica de Drummond,publicada em 1966, e decide dialogar com ela em um artigo jornalístico opinativo para uma série especial sobre cidades, publicada em revista de grande circulação. Nesse artigo você, necessariamente, deverá:

a) relacionar três (3) problemas enfrentados recentemente pelas cidades brasileiras em função das chuvas com aqueles trabalhados na crônica;

b) mostrar em que medida concorda com a visão do cronista sobre a questão.


Os dias escuros

Carlos Drummond de Andrade

Amanheceu um dia sem luz – mais um – e há um grande silêncio na rua. Chego à janela e não vejo as figuras habituais dos primeiros trabalhadores. A cidade, ensopada de chuva, parece que desistiu de viver. Só a chuva mantém constante seu movimento entre monótono e nervoso. É hora de escrever, e não sinto a menor vontade de fazê-lo. Não que falte assunto. O assunto aí está, molhando, ensopando os morros, as casas, as
pistas, as pessoas, a alma de todos nós. Barracos que se desmancham como armações de baralho e, por baixo de seus restos, mortos, mortos, mortos. Sobreviventes mariscando na lama, à pesquisa de mortos e de pobres objetos amassados. Depósito de gente no chão das escolas, e toda essa gente precisando de colchão,roupa de corpo, comida, medicamento. O calhau solto que fez parar a adutora. Ruas que deixam de ser ruas,porque não dão mais passagem. Carros submersos, aviões e ônibus interestaduais paralisados, corrida a mercearias e supermercados como em dia de revolução. O desabamento que acaba de acontecer e os desabamentos programados para daqui a poucos instantes.
Este, o Rio que tenho diante dos olhos, e, se não saio à rua, nem por isso a imagem é menos ostensiva, pois a televisão traz para dentro de casa a variada pungência de seus horrores.
Sim, é admirável o esforço de todo mundo para enfrentar a calamidade e socorrer as vítimas, esforço que chega a ser perturbador pelo excesso de devotamento desprovido de técnica. Mas se não fosse essa mobilização espontânea do povo, determinada pelo sentimento humano, à revelia do governo incitando-o à ação, que seria desta cidade, tão rica de galas e bens supérfluos, e tão miserável em sua infraestrutura de
submoradia, de subalimentação e de condições primitivas de trabalho? Mobilização que de certo modo supre o eterno despreparo, a clássica desarrumação das agências oficiais, fazendo surgir de improviso, entre a dor, o espanto e a surpresa, uma corrente de afeto solidário, participante, que procura abarcar todos os flagelados.
Chuva e remorso juntam-se nestas horas de pesadelo, a chuva matando e destruindo por um lado, e, por outro, denunciando velhos erros sociais e omissões urbanísticas; e remorso, por que escondê-lo? Pois deve existir um sentimento geral de culpa diante de cidade tão desprotegida de armadura assistencial, tão vazia de meios de defesa da existência humana, que temos o dever de implantar e entretanto não implantamos,
enquanto a chuva cai e o bueiro entope e o rio enche e o barraco desaba e a morte se instala, abatendo-se de preferência sobre a mão de obra que dorme nos morros sob a ameaça contínua da natureza; a mão de obra de hoje, esses trabalhadores entregues a si mesmos, e suas crianças que nem tiveram tempo de crescer para cumprimento de um destino anônimo.
No dia escuro, de más notícias esvoaçando, com a esperança de milhões de seres posta num raio de sol que teima em não romper, não há alegria para a crônica, nem lhe resta outro sentido senão o triste registro da fragilidade imensa da rica, poderosa e martirizada cidade do Rio de Janeiro.

Correio da Manhã, 14/01/1966.


REDAÇÃO

O Rio de Janeiro dos poetas, das letras de bossa nova, do ideal de luxo tropical está bem distante da realidade descoberta pela temporada de chuvas do fim de 2009. Serve assim como metonímia da situação do Brasil como um todo. Mas o Rio de Janeiro de um cronista, mesmo que ainda poeta, fornece a melhor descrição da verdadeira situação da habitação brasileira e os serviços públicos relativos à sua manutenção.
Na sua terrivelmente atual crônica de 1966, Carlos Drummond de Andrade mostra o cenário que todos observamos pelo Brasil. A terrível destruição desoladora de “Os Dias Escuros” se projeta pela contemporaneidade de muitas cidades brasileiras. A precariedade que justifica o termo “ocupação” ao invés de “habitação” na referência aos “barracos que desmancham como armações de baralho” é perturbadora, e a causa prática da devastação enfrentada pela população aparentemente invisível ao olhar do governo, que pouco faz para dignificar suas condições. Assim o povo sofre a calamidade tripla: um governo ineficiente; condições de vida infortúnias, e a força da natureza.
O “raio de sol que teima em não romper”, o auxílio da população melhor posicionada e a mobilização de recursos improvisados, pode fornecer um ponto de luz no tema da crônica e na realidade, mas é de fato uma assistência que não deveria ser necessária. O governo que tarda em agir (pois a situação exige projetos de habitação em larga escala) já proporcionou comentários suficientes. Que sua falta de ação seja revertida antes que seja necessária outra publicação que se refira à mesma catástrofe, daqui a mais quarenta anos.



http://www.comvest.unicamp.br/vest_anteriores/2012/download/comentadas/redacao.pdf

GÊNERO TEXTUAL: CARTA DO LEITOR

CARTA DO LEITOR


Características:


gênero textual em que um leitor expressa opiniões (favoráveis ou não) a respeito de assunto publicado em revistas, jornais, ou a respeito do tratamento dado ao assunto;


nesse gênero textual, o autor pode também esclarecer ou acrescentar informações ao que foi publicado;


apesar de ter um destinatário específico – o diretor da revista, ou o jornalista que escreveu determinado artigo –, a carta do leitor pode ser publicada e lida por todos os leitores do meio de comunicação para o qual ela foi enviada;


na carta ao leitor, a linguagem pode ser mais mais pessoal (empregando pronomes e verbos em 1ª pessoa) ou mais impessoal (empregando pronomes e verbos na 3ª pessoa) ou ainda pode utilizar os dois tipos de linguagem; a menor ou maior impessoalidade depende da intenção do autor: protestar, brincar ou impressionar, por exemplo.

ATENÇÃO: NAS CARTAS, DEVEM CONSTAR: DATA, VOCATIVO, DESPEDIDA, SAUDAÇÕES, ASSINATURA (SEMPRE A ABREVIAÇÃO DO NOME, CASO NÃO HAJA INSTRUÇÃO DE COMO ASSINAR)

Cartas publicadas sobre o artigo de opinião "Baleias não me emocionam", publicado na edição de 01/09/2004, da Revista Veja



Num tempo em que a hipocrisia e a mídia, de mãos dadas, ditam nosso modo de agir e pensar, fico muito feliz ao ler o último artigo de Lya Luft ("Baleias não me emocionam", Ponto de vista, 25 de agosto). Nós nos sensibilizamos com aquilo que não nos causa esforço. Como nos sensibilizar com um mendigo na calçada quando poderíamos tê-lo auxiliado? Melhor pensar nas baleias, coitadinhas. Como também são coitadinhos aqueles que passam fome na África, nunca os famintos de nossas ruas. Passo, a partir de hoje, a ler seus textos com outros olhos. A senhora ganhou meu respeito e minha admiração.
Gilberto Carlos Nunes
Brasília, DF



Estou decepcionada com o Ponto de vista escrito por Lya Luft. Não esperava um texto tão frio de uma escritora que havia demonstrado tanta sensibilidade anteriormente. Sou defensora dos animais e acredito que os seres humanos têm uma idéia terrivelmente equivocada de que são prioridade na Terra. Somos apenas elementos que compõem a vida no planeta. Acredito que a humanidade é responsável pelas maiores tragédias do nosso planeta, desde baleias encalhadas até a miséria brasileira de todos os dias.
Frida Frick
Cascais, Portugal



Comungo com Lya Luft em sua opinião sobre os animais. Compartilho respeito e amor por eles e abomino o trato de gente que tantos bichos recebem enquanto seres humanos não recebem a ínfima parte desse trato. Comovem-me, sim, notícias como a de seres humanos queimados vivos por viverem nas ruas à falta de um teto. Entristece-me, sim, saber que tantos passam frio, não têm o que comer, o que vestir ou que não têm acesso a assistência médica. Quanta criança privada de futuro por já nascer condenada, excluída da sociedade, sem direito a um lar, alimentação, creche, escola, educação... As prisões aí estão abarrotadas e, dentro delas, quantos artistas, médicos, professores, mecânicos, comerciantes, empresários que não tiveram o direito de "nascer" pela falta de mínimas oportunidades. Enquanto isso, verdadeiras somas são direcionadas aos animais... O que é isso? Que inversão é essa? Se a sociedade fosse realmente tão boa e solidária quanto acredita ser, pelo que oferece de amor e dinheiro aos animais, certamente colocaria as prioridades humanas num plano de maior respeito.
Diolásia de Lima Cheriegate
Rio de Janeiro, RJ



A exemplo de tantas outras espécies, as baleias cada vez mais encalham nas praias de todos os lugares, mais por conseqüências das ações dos homens do que por seus instintos ou mera fatalidade. Nossos oceanos estão se tornando verdadeiras latas de lixo; empresas e governos realizam testes submarinos cada vez mais intensivos que desnorteiam baleias e outras espécies e a senhora acha que tentar salvar as que encalham é coisa de quem não tem mais o que fazer. Ora, que demagogia achar que devemos abandonar causas que protegem os animais por achar que poderíamos agir mais a favor do ser humano. Um erro não justifica outro. Não é porque há miseráveis e crianças abandonadas que devemos deixar os animais à mercê de sua própria sorte. Toda vida merece ser salva. O homem extermina a natureza e animais por ações criminosas, mas aceitáveis na sociedade, tudo em nome do progresso humano que, infelizmente resume-se aos interesses do poder econômico. Devemos sim, cuidar dos nossos irmãos humanos, porém, jamais abandonar nossos irmãos irracionais, não medindo esforços nem sacrifícios para servir tanto a um quanto a outro, porque todo problema requer cuidados, seja ele qual for. Os animais, como seres espirituais em evolução, são nossos companheiros de jornada, merecendo ser respeitados e, sobretudo, amados.
Sylvia Gatto
Itanhaém, SP



As emoções brotam nas pessoas por razões diferentes. Há quem chore ao ver um quadro de Picasso e quem não liga a mínima. Eu prefiro baleias a Picasso. Se uma baleia encalhasse na praia onde moro eu ficaria torcendo por sua volta ao mar. Só vi duas até hoje, mesmo assim ao longe. Sei que são enormes e que empurrá-las de volta ao mar exige força, trabalho em equipe, decisão e compaixão. Se encalhasse um ser desses por dia a rotina mataria a emoção e trataríamos baleias como tratamos os velhos, os pobres, os loucos, os doentes... Torçamos para que isso não aconteça. Há algum tempo um tubarão (ou seria um golfinho?) foi morto a pauladas numa praia do Rio. Pergunto-me por que alguém deu a primeira paulada. Não é de assustar? Por que o enjôo com quem se dispõe a salvar, seja lá o que for? É doloroso saber da fome das pessoas e é possível, ao mesmo tempo, se comover com baleias, pessoas e até com corujas condenadas a ausência do par. Os sentimentos não se excluem e envolvem muitos outros detalhes. Vamos torcer pelas baleias e por quem as salva. Torcer pelos que nada têm e pelos que os ajudam. Sobre a coruja de sua infância, prisão é prisão. Coruja quer viver com coruja, solta na mata.
Georgeta Gonçalves
São Sebastião, SP

GÊNERO TEXTUAL: CARTA DE RECLAMAÇÃO

"No geral, pudemos perceber a existência de 10 componentes textuais que podem ser encontrados no corpo de uma carta de reclamação. São eles:

1) indicação do objeto alvo de reclamação (ex: “os buracos existentes nas ruas”; “atraso na entrega do imóvel”);

2) Indicação das causas do objeto alvo da reclamação (Provável causa para o desgaste do calçamento - “(ele) suporta diariamente o peso dos ônibus e carros”);

3) justificativa para convencimento de que o objeto pode ser (merece ser) alvo de reclamação;

4) indicação de vozes que não consideram que o objeto pode ser alvo de reclamação;

5) resposta ao contra-argumento relativo à pertinência da reclamação (Mala que sofreu avarias - “Os objetos que sofreram estragos são relativamente fáceis de serem substituídos” – “Porém o fato que desapontou foi a maneira relapsa com que o diretor foi tratado quando reclamou verbalmente no balcão de informações da companhia”);

6) indicação de sugestões de providências a serem tomadas (“Reparar ou substituir o frigorífico no prazo de 10 dias”);

7) justificativa para convencimento de que a sugestão é adequada;

8) levantamento de vozes que não consideram que as sugestões são boas;

9) resposta ao contra-argumento quanto à pertinência da sugestão de providências (Ex:sugestão dada na carta - “Devolver o pagamento da roupa”; contra-argumentação: “A Empresa está em fase de recuperação do software de gestão financeira”; Refutação:“Mesmo com dificuldades, a empresa tem o dever de cumprir com as obrigações legais”);

10) saudação (“Esperamos, sinceramente, que nossas reclamações sejam ouvidas com mais atenção desta vez” e “Esperando que esse órgão cumpra com seu papel...”); outras, com agradecimentos à atenção dada (“Desejo, na oportunidade, mostrar minha satisfação com a gentileza e seriedade com que meus apelos e reclamações são recebidos”) e aquelas em que o escritor apenas cumprimentava o destinatário (“Com os melhores cumprimentos”)."

ATENÇÃO: COLOCAR DATA NO INÍCIO DA CARTA E VOCATIVO

Modelo 1 - Indica e argumenta a respeito do objeto da reclamação

Neste modelo percebemos um cuidado em defender a relevância do que está sendo reclamado. Mas, os autores das cartas que adotaram este modelo optaram em não dar sugestões para a resolução do problema denunciado. Cerca de 30% dos autores adotaram este modelo textual. A seguir apresentamos uma dessas cartas:

Eu, Bruno Rodrigues, sou Cliente desta empresa desde maio/2006. Foi instalado na minha moto o rastreador da Graber-Mobisat. Durante este curto período em que utilizei seus serviços foram feitas manutenções no equipamento e a última manutenção feita foi no dia 11/11/06 as 14:00 horas, pelo Técnico da empresa, Sr. Ricardo Oliveira. Ocorre, que poucas horas após a liberação do equipamento e minha moto pelo técnico da Graber, fui roubado a mão armada e minha moto foi levada.
Imediatamente liguei para vocês e pedi que fosse feito o rastreamento/bloqueio de minha moto, uma Kawazaki 750. Porém, até o momento, e já se passaram muitos dias, nenhuma notícia me foi dada sobre o bloqueio e rastreamento da minha moto. A Empresa não efetuou o rastreamento nem o bloqueio de minha moto.
Até o momento vocês não me deram nenhum retorno sobre o ocorrido, falando somente que não houve o rastreamento nem o bloqueio da minha moto. Instalei o equipamento justamente para me assegurar em caso de roubo, fui roubado e a empresa não cumpriu sua função.
Ora, a função da empresa é justamente rastrear e bloquear a minha moto. Não houve o rastreamento, nem o bloqueio e nem mesmo me deram qualquer satisfação a respeito. Fiz o contrato com vocês por ser reconhecida no mercado, porém quando precisei o serviço não foi efetuado. Paguei pelo serviço que não foi prestado e fiquei no prejuízo tanto da moto, como pelo serviço que paguei e não foi prestado.


Como vemos, o objeto alvo da reclamação foi o descumprimento pela empresa de suas funções. O reclamante justifica a relevância de sua reclamação dizendo que contratou a empresa, mas o serviço não foi feito. A argumentação foi desenvolvida, mas o autor preferiu não dar sugestões explícitas para a solução do problema.

Modelo 2 - Indica e argumenta a respeito do objeto da reclamação, indica sugestões

Ao contrário das cartas do grupo anterior, nestas, além de indicar e argumentar sobre o objeto a ser reclamado, há também uma indicação de providências a serem tomadas. No entanto, ainda não sem a preocupação de argumentar em favor de sua adequação. 25% das cartas analisadas foram escritas dentro deste modelo.
A carta abaixo nos ajuda a entender o movimento realizado. Veremos que o escritor reclama de objetos perdidos durante uma viagem e também pela forma que foi tratada o dono da mala ao reclamar verbalmente. Argumenta que embora tais objetos sejam relativamente fáceis de serem substituídos, o caso mereça atenção e sugere reembolso, mas sem argumentar a favor dessa sugestão.

Lamentamos informar que em vôo realizado por essa Companhia, no trecho Maceió/ São Paulo no dia 21/01/05, detectamos que a mala de viagem pertencente a nosso Diretor-Presidente, Dr. YY sofreu sérias avarias, o que terminou por danificar permanentemente alguns de seus mais estimados pertences. Estamos cientes de que os objetos que sofreram estragos são relativamente fáceis de serem substituídos, porém, o fato que nos desapontou de maneira significativa foi a maneira relapsa com que nosso ilustre Diretor foi tratado quando de sua reclamação verbal junto ao balcão de informações da Companhia.
E, sendo assim, informamos que entraremos com pedido de reembolso junto ao Departamento Financeiro de sua empresa para podermos recuperar, pelo menos, o prejuízo material, porque quesito confiança, a relação entre nossa empresa e a XX sofreu um considerável abalo.


Modelo 3 - Indica e argumenta sobre o objeto de reclamação, indica e argumenta sobre as sugestões

Aqueles que adotaram esses modelos para as suas cartas inseriram no corpo do texto mais componentes textuais próprios de uma carta de reclamação.Trata-se de cartas que não só indicam e argumentam em favor do objeto alvo da
denúncia, como também apresentam sugestões e argumentam a seu favor. A maioria das cartas de reclamação do nosso estudo (45%) foram analisadas como pertencentes a este modelo.
Na carta abaixo, separada para ilustrar o referido modelo, o autor desenvolve a cadeia argumentativa em favor do objeto alvo de reclamação (a não entrega de um colchão e de um fone de ouvido). Argumenta dizendo que a entrega estava prevista para o dia 08-12-06, já era dia 05-01-07 e nada.
Além de ressaltar a relevância de sua denúncia, o escritor apresenta uma provável solução “oferecer um produto de igual ou superior qualidade” e ainda reforça que sua idéia é a mais sensata, afinal, o próprio PROCON afirma ser esta a atitude esperada.

Inicialmente gostaria de deixar claro que o atendimento de vocês é precário. Estou desde dia 08/12/06 para receber um colchão que me foi entregue rasgado. Após uma semana foi retirado apenas o BOX rasgado e
depois de 10 dias fui avisado que não havia mais o produto para me atender. Para eu receber o crédito vocês enrolaram mais 10 dias para retirar o colchão e me dar o crédito integral.
Após isso fiz nova compra e estou esperando entregar até hoje. Coloquei o fone de ouvido na compra para completar o valor e vocês novamente não tem a mercadoria para me entregar. Até quando vocês vão tratar os clientes dessa forma? Por que o fone de ouvido continua disponível no site (conforme figura anexada)? Que site tabajara é esse?
Quero uma solução para isso hoje, caso contrário vou entrar no PROCON com uma reclamação, afinal das contas está tudo pago e vocês que estão causando problemas. Estou de saco cheio. Não há um similar para o fone de ouvido, sendo assim conforme código do consumidor, vocês são obrigados a me oferecer um produto de igual ou superior qualidade. Cansei de ser palhaço!!!!!!!!!!!!!!!

Como vemos, a carta de reclamação tem suas peculiaridades. É comum neste gênero não apenas expor o objeto de reclamação, mas, sobretudo, justificar sua pertinência e mostrar de forma clara as conseqüências do problema. Mesmo acontecendo poucas vezes, vimos também que usar o recurso de enfraquecimento da posição contrária é um ótimo meio para fortalecer a reclamação e assim, quem sabe, vê-la atendida o mais rápido possível. Notamos, a partir do estudo acima, que é essencial o modo como o escritor organiza sua carta de reclamação e distribui seus argumentos nela. Acreditamos que esse seja um fator importante para o convencimento do outro.




http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/sem10pdf/sm10ss12_07.pdf

GÊNERO TEXTUAL: RESUMO

RESUMO - "resumir é identificar as idéias centrais e secundárias de um texto; é apresentar uma síntese do texto que corresponde à compreensão do que foi lido."

(UFPR) Faça um resumo do texto abaixo, com 12 (doze) linhas, no máximo.


Definindo teoria


A palavra "teoria" vem aparecendo bastante na mídia, em parte devido ao debate entre criacionismo e ciência. Existem usos diferentes do termo, que acabam criando confusão. No seu uso popular, o termo descreve um corpo de idéias ainda incerto, baseado em especulações não demonstradas. Teoria, para muitos, significa um corpo de hipóteses esperando ainda por confirmação. Às vezes, o uso popular do termo distancia-se ainda mais do científico, significando idéias que são meio absurdas, fora da realidade: "Ah, esse cara sempre foi um inventor de teorias, não sabe do que está falando", ou "isso aí não passa de uma teoria, provavelmente é besteira".
Teoria em ciência significa algo completamente diferente. O termo mais apropriado para uma idéia de caráter especulativo é hipótese, e não teoria. Uma hipótese é justamente uma suposição ainda não provada, aceita provisoriamente como base para investigações futuras. Por exemplo, a panspermia é uma hipótese que sugere que a vida na Terra veio de outras partes do cosmo. Não sabemos se está certa ou errada, mas podemos tentar comprová-la ou refutá-la. Já uma teoria consiste na formulação de relações ou princípios descrevendo fenômenos observados que já foi verificada, ao menos em parte. Ou seja, uma teoria não é mais uma mera hipótese, tendo já passado por testes que confirmam suas premissas.
Quando cientistas falam de uma teoria, falam de um corpo de idéias aceitas pela comunidade científica como descrições
adequadas para fenômenos observados. A confirmação é por meio de observações e experimentos, o que cientistas chamam de método de validação empírica. Quanto mais sucesso tem uma teoria, maior o número de fenômenos que pode descrever. Quanto mais elegante, mais simples é.
Uma teoria de enorme sucesso em física é a teoria da gravitação universal de Newton. Ao propor que objetos com massa exercem uma força de atração mútua cuja intensidade cai com o inverso do quadrado da distância entre as massas, Newton e seus sucessores foram capazes de explicar as órbitas planetárias em torno do Sol, o fenômeno das marés, a forma oblata da Terra (achatada nos pólos), o movimento de projéteis na Terra e no espaço etc. Quando a Nasa lança um foguete da Terra ou o faz colidir com um cometa, a teoria usada no planejamento das missões é a de Newton. Testes em laboratórios e observações astronômicas mostram que a teoria funciona extremamente bem em distâncias que variam de décimos de milímetros até milhões de trilhões de quilômetros, a escala em que galáxias formam aglomerados atraídas por sua gravidade mútua.
Isso não significa que a teoria (ou qualquer outra) seja perfeita. Sabemos que ela deixa de ser válida quando objetos estão muito próximos de estrelas como o Sol. Correções são necessárias, no caso fornecidas pela teoria da relatividade geral de Einstein, que, em 1916, generalizou a teoria de Newton. O fato de teorias não serem perfeitas é fundamental para o progresso da ciência. Caso contrário, não nos restaria nada a fazer. E é justamente aqui o lugar da hipótese em ciência, tentando, através de idéias ainda não demonstradas, alavancar o conhecimento, desenvolver ainda mais nossas teorias. Para construir a teoria da relatividade, Einstein supôs que a velocidade da luz é sempre constante e que a matéria curva o espaço. Quando isso foi confirmado, a formulação ganhou o título de teoria. A pesquisa agora gira em torno dos limites dessa teoria e de como pode ser melhorada.
(GLEISER, Marcelo. Folha de S. Paulo, Mais!, 02 out. 2005.)

RESUMO


A popularização da palavra teoria tem distorcido o seu significado. Popularmente, o termo implicaria em hipóteses não confirmadas, sendo basicamente idéias sem base sólida e distantes do real. Para a ciência, o termo adequado para uma idéia especulativa é hipótese. Uma hipótese é uma suposição que pode ser questionada representando uma base para estudos posteriores. Um exemplo de hipótese é a panspermia. Uma teoria apresenta princípios sobre fenômenos confirmados já observados por cientistas formando um conjunto de idéias aceitas cientificamente através do método de validação empírica, que as comprovam por meio de experimentos. Uma teoria de grande êxito é a teoria da gravitação universal de Newton, que através de testes e estudos astronômicos tem comprovado a sua utilidade. Embora tenha funcionado bem, isso não quer dizer que uma teoria não apresente falhas. Esse fato funciona como uma alavanca para o progresso científico. É exatamente aí que a hipótese entra em cena, aperfeiçoando as teorias através de novos questionamentos.
Criação ou descoberta?

Fala-se muito no grande abismo entre ciência e arte, a primeira lógica, objetiva, enquanto a segunda é intuitiva, subjetiva. O poeta inglês John Keats acusou seu conterrâneo Isaac Newton de ter "desfiado o arco-íris" com suas explicações físicas sobre a difração da luz. Ou seja, explicar racionalmente algo de belo que existe no mundo é insultar a sua existência, tirar a sua poesia.É o velho problema das "Duas Culturas", que o escritor e físico inglês C.P. Snow, em um pronunciamento de 1959, acusou de estar levando à desintegração sociocultural, à fossilização da criatividade moderna. Segundo ele, apenas a reintegração das duas culturas levará a humanidade a novas respostas para alguns de seus maiores desafios.Um leitor desta coluna me escreveu recentemente pedindo que eu esclarecesse a distinção entre descoberta e criação. Mais especificamente, a diferença entre as duas dentro da ciência.Nós criamos ou descobrimos a ciência? Será que as nossas teorias e os nossos teoremas estão codificados de algum modo na natureza e tudo o que faz um cientista é "des-cobri-los", levantar a coberta que os esconde, revelando seu significado? Ou será que os criamos, usando nossa intuição, observação e lógica?Complicada, essa pergunta. E profundamente ligada à questão das duas culturas. Se fosse prudente, parava por aqui, citando a minha sábia avó, que dizia que "criar é coisa de Deus, descobrir é coisa de gente". Mas por que não tentar inverter isso, fazer do homem criador e não só criatura? Afinal, descobrir é emocionante, mas bem mais passivo do que criar.Comecemos pelo "Aurélio". "Criar" significa dar existência a; dar origem a; formar; imaginar. "Descobrir" significa tirar cobertura que ocultava, deixando à vista; encontrar pela primeira vez; revelar etc. À primeira vista, a distinção entre as duas culturas está nessas definições.O artista é o criador, ele ou ela dá existência a algo que não existia, enquanto o cientista é o descobridor, aquele que revela o significado oculto das coisas, sem criá-las. Beethoven criou a sua Nona Sinfonia, certo? Ela não existia antes de ele existir. Já Newton descobriu as três leis do movimento --elas estavam lá, escondidas na natureza, esperando para serem reveladas pela mente certa.Muita gente pode se contentar com essa explicação e dar o caso por encerrado. Mas eu não. Para mim, a ciência é uma criação, tão criação quanto uma obra de arte. O fato de arte e ciência obedecerem a critérios de validade diferentes, de a ciência ter uma aceitação baseada no método científico, que provê meios para que teorias sejam testadas frente a observações, não muda a minha opinião. Ciência é criação do homem, fruto de nossos cérebros e de nosso modo de ver o mundo. Para entender isso, basta examinarmos um exemplo de sua história.Aristóteles dizia que a gravidade vinha da tendência dos corpos de voltarem ao seu lugar de origem: uma pedra caía no chão porque foi de lá que ela tinha vindo. Newton, no século 17, propôs que a gravidade era uma força entre quaisquer corpos materiais, com intensidade proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado de sua distância. Einstein, em 1916, disse que a gravidade vem da curvatura do espaço em torno de um corpo maciço, reduzindo-a a um efeito geométrico.Todas essas teorias foram propostas para explicar os mesmos fenômenos. Imagino que Einstein não terá a última palavra: a gravidade será explicada de formas diferentes, na medida em que o conhecimento científico avançar. Junto com novas tecnologias e novos conceitos surgem novas representações do mundo natural. Pode-se descobrir um novo fenômeno, mas sua explicação é criada.Pensemos agora em uma outra história, a da representação gráfica da crucificação de Cristo. No século 13 era uma coisa, na Renascença, outra, no século 18, ainda outra, e no 21, outra completamente diferente. O evento é o mesmo, mas a sua representação gráfica muda, porque muda a perspectiva artística. É perfeitamente razoável para um artista recriar a crucificação como um amálgama do seu subjetivismo e dos valores culturais da época em que vive. A visão artística está sempre em transformação.A científica também está. Ciência é uma construção humana, criada para que possamos compreender o mundo em que vivemos. O que se descobre são novos modos de criar.Marcelo Gleiser é professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "O Fim da Terra e do Céu"
RESUMOS


Em seu texto publicado na Folha de São Paulo, Marcelo Gleiser levanta a seguinte questão: Afinal a ciência é uma criação humana ou apenas uma descoberta?
Para muitos, cientista é aquele que revela o sentido oculto das coisas pré-existentes, enquanto que o artista cria o que não existia antes. No entanto Gleiser acredita que a ciência é uma criação do homem, assim como a arte o é, apesar de obedecerem a critérios diferentes. Como exemplo ele cita a gravidade, que ao longo da história foi explicada de maneiras distintas por Aristóteles, Newton e Einstein, mas que poderá encontrar novas possibilidades de explicação à medida em que o conhecimento científico avança. Portanto, finaliza Marcelo, a visão científica é uma construção humana em constante transformação, e o que se descobre são novos modos de criar.



Marcelo Gleiser, que aqui desenvolve uma dialética entre arte e ciência, rejeita a idéia de que esta, por seu caráter lógico e objetivo, não constitua fruto de criação, como a arte. Para o autor, a ciência pode ser essencialmente uma obra de arte. O próprio cérebro humano é capaz de conceber o pensamento artístico tanto quanto o científico. Para sustentar seu ponto de vista cita o fato de que cientistas diferentes em épocas diferentes explicam o mesmo fenômeno de modos diversos. A concepção de mundo evolui em função do tempo e do conhecimento, os quais, equacionados pela extraordinária capacidade humana de pensar, convergem para uma criação que se renova.

GÊNERO TEXTUAL: ATA

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

2º SIMULADO DE REDAÇÃO - ENEM

INSTRUÇÕES - Há a seguir 2 (dois) temas; escolha apenas um para desenvolver sua redação; escreva seu texto à tinta, na Folha de Redação; desenvolva seu texto em prosa: não redija narração, nem poema; será considerado em branco texto de até 8 (oito) linhas escritas ; escreva, no máximo, 30 linhas; faça o Rascunho da redação no espaço apropriado.


TEMA 1


Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa em que se discuta A NECESSIDADE DE REVISÃO DO CÓDIGO FLORESTAL, VISANDO ALCANÇAR O POSSÍVEL EQUILÍBRIO ENTRE O RESPEITO À NATUREZA E O DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA, apresentando experiência ou proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, Argumentos e Fatos para defesa de seu ponto de vista.



1. Diante da iminência de revogação do Código Florestal vigente e instituição de uma nova lei que regulamente a supressão e a recuperação de ecossistemas no Brasil, instalou-se inquietação generalizada, que se resume em uma única questão: o projeto de lei (PL) a ser votado em breve, se aprovado, trará avanços ou retrocessos em relação à lei vigente? (O futuro do cerrado mediante o Código Florestal. Giselda Durigan).

2. O relator do projeto de reforma do Código Florestal (PLC 30/2011) nas comissões de Ciência e Tecnologia (CCT) e de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), espera que o texto esteja pronto para votação em Plenário até meados de novembro. (Código Florestal estará em Plenário no Senado em meados de novembro, prevê Luiz Henrique 05/10/2011 - 16h45)

3. CÓDIGO FLORESTAL - Legislação que trata das florestas e demais ecossistemas, define os limites da Amazônia Legal, os direitos de propriedade e restrições de uso e o desmatamento em cada região do país. O código atual é de 1965 (Lei 4771). A MP 2166/67, de 2001, entre outras questões, aumentou a área de Reserva Legal nas propriedades com vegetação de floresta Amazônica de 50% para 80%, e com vegetação de Cerrado, de 20% para 35%.

4. MUDANÇA NO CÓDIGO - Representantes dos produtores rurais no Congresso Nacional propuseram mudanças na lei para atender à maior parte das propriedades que não cumprem a legislação atual. O texto da nova lei foi aprovado na Câmara dos Deputados. Em julho de 2011, ainda precisava ser aprovado no Senado, antes de ir para a sanção da presidente da República.

5. PONTOS CONFLITANTES - O texto aprovado anistia produtores que não mantiveram áreas protegidas com cobertura de vegetação nativa, como a lei prevê, e desmataram além do permitido. Também autoriza lavoura em Áreas de Preservação Permanente, próxima de margens de rios, nos topos e encostas de morros e passa para os estados a decisão sobre o que se pode desmatar.

6. IMPORTÂNCIA - A aprovação do novo Código Florestal, dependendo dos termos, pode aumentar o desmatamento. Além disso, pode prejudicara biodiversidade e a própria agricultura, ao favorecer o empobrecimento do solo, a erosão e as mudanças do clima.

7. DESMATAMENTO - Biomas brasileiros sofrem com a perda da vegetação desde os tempos coloniais. Da mata Atlântica, campos sulinos e ambientes costeiros, ao Cerrado, Caatinga, Pantanal e Amazônia, a ocupação desordenada com fins econômicos e de povoação atingiu duramente os ambientes nativos. Isso ajudou a reduzir a biodiversidade no território nacional. Cientistas defendem menos destruição de matas nativas e mais eficiência na produção para conciliar a preservação e a agropecuária. (Trechos de 3 a 7: extraídos do Guia do Estudante Atualidades 2012 – Vestibular + ENEM)

8. O Código Florestal aplica-se às propriedades privadas. Nele é definido que todas as glebas agrícolas precisam manter áreas de preservação permanente (APP) e reservas legais (RL). As APP são de interesse prioritário para preservação dos recursos hídricos e suas áreas de recarga. Elas incluem uma faixa de terras ao longo das margens dos rios, nascentes, lagos e reservatórios de águas, as áreas muito íngremes, topos de morro e altitudes elevadas. Trata-se de áreas de preservação exclusiva, não podendo ser utilizadas para atividades agropecuárias, extração florestal ou uso recreativo. Sua definição é independente do tamanho da propriedade e é igual em todo Brasil.
As reservas legais não fazem parte das áreas de preservação permanente; devem ser mantidas com vegetação natural nas fazendas com o propósito geral de preservação da flora (diversidade e valor ecológico na paisagem). O tamanho das reservas legais é variável e definido como uma porcentagem das glebas rurais, variando de no máximo 80% nas florestas situadas na Amazônia Legal, até 20% nas áreas fora da Amazônia Legal. Elas permitem algum uso de baixo impacto, mas sem remoção completa da cobertura vegetal natural. As restrições de uso impedem que estas áreas sejam utilizadas para atividades agrícolas mecanizadas como o cultivo de soja, milho, cana e a pecuária com base em pastagens plantadas.
No Código Florestal atual, as propriedades rurais que não estejam em conformidade com os requisitos de APP e RL têm como principal opção restaurar estas áreas, ou seja, reverte o uso a elas destinado para sua condição florística natural por meio do plantio ou indução da regeneração. Alguns mecanismos de redução de exigência e compensação de não conformidade de reserva legal estão previstos no Código, mas, devido a restrições decorrentes de sua definição e regulamentação, estes não são aplicados de forma abrangente. A lógica do Código Florestal atual é a da restauração. As áreas de áreas de preservação permanente e de reserva legal são definidas, e quem não cumpre as determinações do código deve restaurá-las por meio do replantio de vegetação natural. Para resolver as situações de não conformidade de RL há também opções de redução de exigências na Amazônia Legal (baseadas em estudos comprobatórios de sua procedência), e a possibilidade de compensação fora da propriedade na mesma microbacia hidrográfica (MBH), ou seja, nas imediações do déficit. Existem outras possibilidades de compensação, mas de aplicação difícil, e por isto pouco efetivas. A ideia de permitir a compensação na MBH justifica-se pelo princípio ecológico de que a medida compensatória deve ser aplicada perto de onde ocorre o impacto. Na prática, essa concepção gera restrições enormes para a aplicação do mecanismo. Numa região em que não há conformidade com a RL, quase todas as propriedades possuem passivos; se um proprietário desmatou demais, seus vizinhos devem ter feito o mesmo. Como consequência, não serão encontradas áreas suficientes para compensar nas imediações de onde ocorrem os déficits. O mesmo raciocínio vale para o inverso: onde há sobra de VN que pode ser usada para compensação, não haverá déficits, ou seja, demanda suficiente para despertar o interesse pela compensação.
(...)
Na proposta do Substitutivo esta lógica foi completamente alterada. A ênfase é na redução de exigências e na ampliação expressiva dos mecanismos de compensação. Este efeito foi alcançado graças à redução de exigências em RL e estendendo a possibilidade de compensação para APP, além de levar os mecanismos de compensação para uma escala de mercado. Restaurar foi trocado por compensar e exigir menos. Como resultado, haveria pouca restauração nas áreas em que ocorrem as não conformidades, e parte importante da enorme área de vegetação natural atualmente não protegida poderia ser inserida na proteção do Código via compensação de RL fora das propriedades, mas longe delas. Há também uma moratória de cinco anos, prorrogável por até mais cinco, para que todos (estados, União, produtores) se adaptem às novas regras. Neste período não haveria novas licenças de desmatamento, mas também não haveria punição àqueles que não cumpriram as exigências da atual legislação no período anterior a 22/7/2008. (A revisão do Código Florestal brasileiro. Gerd Sparovek; Alberto Barretto; Israel Klug; Leonardo Papp; Jane Lino)

9. Especificamente no Direito brasileiro, a reestruturação da relação ser humano/meio ambiente tem na Constituição Federal de 1988 (CRFB/88) um de seus marcos mais importantes, justamente por se tratar da principal norma do ordenamento jurídico nacional. De maneira inovadora, a CRFB/88 dedicou um capítulo específico para a questão ambiental, reconhecendo expressamente que "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações" (art. 225). A constatação de que o meio ambiente assume papel de destaque na CRFB/88 não deve levar ao tratamento da legislação ambiental de modo isolado, ou seja, sem considerar os demais direitos fundamentais também reconhecidos no âmbito dessa Constituição. Segundo Eros Roberto Grau, "não se interpreta a Constituição em tiras, aos pedaços [pois] uma norma jurídica isolada, destacada, desprendida do sistema jurídico não expressa significado normativo algum". O estudo sistemático da CRFB/88 permite identificar parâmetros que norteiam as interpretações constitucionais viáveis, ou seja, que buscam conciliar a proteção ambiental com os demais direitos fundamentais, visando a "[...] coordenação e combinação dos bens jurídicos em conflito ou em concorrência de forma a evitar o sacrifício (total) de uns em relação aos outros". A Constituição de 1988 elegeu expressamente objetivos fundamentais para o Brasil, os quais norteiam toda e qualquer atividade de interpretação do texto constitucional e estão plasmados nos valores inscritos nos arts. 1º e 3º, tais como soberania, dignidade da pessoa humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, garantia de desenvolvimento nacional, erradicação da pobreza e redução das desigualdades sociais e regionais. Esses formam princípios estruturantes fundamentais, assim entendidos por indicarem "[...] as ideias diretivas básicas de toda a ordem constitucional" e, portanto, também aplicáveis à tutela jurídica do meio ambiente. A produção da legislação que disciplina a atividade do ser humano em relação aos recursos naturais também deve considerar, portanto, as suas consequências para a promoção de um ambiente socialmente justo e economicamente viável. (A revisão do Código Florestal brasileiro. Gerd Sparovek; Alberto Barretto; Israel Klug; Leonardo Papp; Jane Lino)


TEMA 2

Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa sobre o tema É POSSÍVEL PREVENIR MASSACRES COMO O DA ESCOLA DE REALENGO?, apresentando experiência ou proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, Argumentos e Fatos para defesa de seu ponto de vista.



1. Em abril, o Brasil ganhou destaque internacional devido a um crime semelhante a outros já ocorridos mundo afora. O chamado massacre de Realengo chocou o país, principalmente por vitimar crianças dentro de um espaço de crescimento e proteção. Também provocou discussões sobre as causas da atitude do atirador: genética, religião, doenças mentais, bullying. Não faltaram opiniões sobre medidas preventivas a tomar: proibição do porte de armas no país, instalação de detector de metais nas escolas, criação de programas de saúde pública para casos de distúrbios mentais. Passado o primeiro impacto, no entanto, especialistas começam a atribuir o comportamento do atirador a um conjunto de fatores (e não a apenas um), o que também pediria um conjunto de soluções.

2. Tiros em Realengo - Wellington Menezes de Oliveira fez mais de 60 disparos com um revólver calibre 38 contra os alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira. Durante o ataque, anteontem (07 de abril), ele recarregou a arma nove vezes, diz a polícia. O atirador, que matou 12 estudantes, tinha ainda um revólver calibre 32 com o qual efetuou poucos disparos. Segundo o delegado Felipe Ettore, da Divisão de Homicídios, foram achadas 62 cápsulas de 38 na escola. (...) Um primo e uma irmã adotiva do atirador disseram à polícia que a mãe biológica dele sofria de esquizofrenia. Os policiais investigam ainda se o assassino participava de uma seita religiosa. O revólver 38 usado no ataque tinha a numeração raspada. O outro foi roubado há mais de 15 anos. No mercado ilegal, um revólver é vendido por até R$ 450. [Folha de S. Paulo, 09 de abril de 2011, p. C3]

3. O assassino foi o único culpado? Tudo decorreu de um “monstro” movido por transtornos mentais? A sociedade que engendra esse tipo de pessoa não tem nenhuma responsabilidade? Um gesto brutal como o do rapaz que matou à queima-roupa 11 meninas e um menino não é fruto de geração espontânea. Há um histórico de distúrbios familiares, humilhações escolares (bulliyng) e discriminações sociais, indiferença dos adultos frente a uma criança com notórios sinais de desajustes. (...) O que esperar de uma sociedade que exalta à criminalidade, os mafiosos, a violência, através de filmes e programas de TV, e quase nunca valoriza quem luta pela paz, é solidário aos pobres, trabalha anonimamente em favelas, para, através do teatro e da música, salvar crianças de situação de risco? (Tragédia carioca. Frei Betto)

4. O jornalista Duarte Ferreira faz uma excelente síntese do que foi a cobertura da tragédia: “A mídia negligencia as informações de que Wellington passou por vexames e humilhações por causa de sua introversão e bizarrices, quando era aluno da escola. Não aborda a falta de acompanhamento e tratamento adequados de um paciente diagnosticado de esquizofrenia há muito tempo, o que agravou a evolução de sua enfermidade. Não trata das informações de atentados e manejo de armas que podem ser acessadas facilmente na internet. Não reavalia a divulgação maciça, cotidiana e acrítica dos mais variados atos e formas de violência praticados por grandes potências e contumazes delinquentes, reproduzidos em filmes de sucesso e até mesmo em jogos eletrônicos. Não esclarece como Wellington conseguiu as armas e munições, sem as quais não poderia ter feito seus disparos cruéis e desvairados. Não alerta para a atmosfera envenenada de individualismo e competição em que a infância e a juventude vêm sendo forjadas. (...) São poucos também os professores e mais reduzidas ainda as entidades de magistério que têm vindo a público para lembrar a violência que se tornou endêmica nas escolas, principalmente nas escolas públicas, rebatendo a idéia de que a tragédia de Realengo possa ser considerada um fato isolado e imprevisível. (...)” (“A culpa é do Islã”. José Arbex Jr. Caros Amigos. Maio de 2011)

5. (...) em abril de 1999: o massacre da Columbine High School, em Littleton (Colorado). Dois jovens armados com pistolas semiautomáticas e explosivos mataram 12 estudantes e um professor antes de cometerem suicídio. O caso foi levado ao cinema: inspirou "Tiros em Columbine", de Michael Moore, vencedor do Oscar de melhor documentário de 2003, e o drama "Elefante", do cineasta americano Gus Van Sant.
Depois disso, as cenas se repetiriam em vários Estados americanos e em outros países: Japão, Alemanha e Argentina, por exemplo. [Texto adaptado. Folha de S. Paulo, 9 de abril de 2011, C5]

6. Um filósofo analisa o massacre de Realengo - [...] O mal não seria algo originário, mas efeito de condições anteriores. Há uma vasta gama de possíveis causas para o crime. Mas não interessa aqui qual explicação se dê. O que importa é que se deem explicações, talvez algumas delas genéticas, mas que terão sido ativadas por razões de convívio (ou sua falta) e por carência de tratamento especializado. Ou seja, o mal é produto de algo que, em si, não é mal. Não haveria "o Mal", menos ainda o demônio. Há problemas de ordem humana e que o homem, isto é, a sociedade, pode resolver. [...] Como pode alguém massacrar inocentes? Ora, há um grande exemplo histórico nessa direção, que foi o nazismo. Muitos indagaram como a Alemanha, país tão civilizado, fora capaz de matar 6 milhões de judeus, bem como ciganos, em menor número, e eslavos, mais numerosos. Há explicações: a humilhação do Tratado de Versalhes, imposto aos alemães (em 1919, após a 1.ª Guerra Mundial), um antissemitismo presente em várias camadas da população, o autoritarismo prussiano. Mas não bastam. Outras culturas tiveram elementos comparáveis, separados ou reunidos, e nem por isso realizaram holocaustos. Daí que vários estudiosos digam que, em última análise, a análise não consegue explicar o horror. As causas e razões apontadas ficam muito aquém do sofrimento gerado. Daí que se possa e se deva contar o que aconteceu, mas sem jamais entender como tanto mal pôde ser feito pelo homem - ou tolerado por Deus, se Ele existe. Se o horror é inexplicável, que seja, então, narrado: que, pelo menos, não se torne inenarrável. E sabemos que contar o horror pode aumentá-lo, mas também pode aliviá-lo. [Renato Janine Ribeiro, professor de Ética e Filosofia Política da USP, em O Estado de S. Paulo, 10 de abril de 2011 (texto adaptado)]

7. O divã de Einstein - Questionada sobre as razões que motivaram o atirador de Realengo, a psicóloga Ana Arantes, mestre em Educação Especial, expõe seu parecer: Sinto informar: não sei. E digo mais: não sabemos. E afirmo categoricamente: Ninguém sabe. Não mesmo. Nem os especialistas do Jornal Nacional, da Discovery, do Datena, e nem ninguém sabe, realmente, as razões que levaram à tragédia no Rio de Janeiro. Temos, no máximo, um levantamento de hipóteses explicativas, algumas mais plausíveis do que outras e diversas delas excludentes entre si. Isso não quer dizer que a gente não deve procurar as possíveis causas do acontecido. Mas é um alerta para que não compremos qualquer discurso sobre o fato como verdadeiro, único, definitivo. Por exemplo, a explicação causal da "doença mental" do atirador. Sim, dado que seja confirmada a informação de que a mãe biológica sofria de esquizofrenia, há uma grande probabilidade de que ele também fosse portador desse transtorno. Quando um parente em primeiro grau (pais ou irmãos) apresenta o diagnóstico da doença, a probabilidade de que o indivíduo também seja suscetível à doença é cerca de 10% maior do que a probabilidade de uma pessoa sem histórico familiar ser suscetível à esquizofrenia (Kendler & Walsh, 1995).[blog O Divã de Einstein (texto adaptado)]

Tema 2: adaptado da proposta elaborada por Sueli de Britto Salles para o UOL - Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação


http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/e-possivel-prevenir-massacres-como-o-da-escola-de-realengo.jhtm