terça-feira, 27 de março de 2012

GÊNERO TEXTUAL - EDITORIAL

(UNICAMP 2011) - Redação 3: Coloque-se na posição de um jornalista que, com base na leitura do texto abaixo, deverá escrever um editorial, isto é, um artigo jornalístico opinativo, para um importante jornal do país, discutindo o crescimento do e-lixo no Brasil. Seu texto deverá, necessariamente:

• abordar dois dos problemas relacionados ao crescimento do e-lixo no Brasil levantados pelo texto abaixo;
e
• apontar uma forma possível de enfrentar esse crescimento.

Atenção: Por se tratar de um editorial, você deverá atribuir um título ao seu texto. Lembre-se de que não deverá recorrer à mera colagem de trechos do texto lido.

Aumento na geração de e-lixo e responsabilidade compartilhada

Quando você descarta um equipamento eletrônico, você está gerando o que se conhece como “e-lixo”. São materiais tais como pilhas, baterias, celulares, computadores, televisores, DVD’s, CD’s, rádios, lâmpadas fluorescentes e muitos outros que, se não tiverem uma destinação adequada, vão parar em aterros comuns e contaminar o solo e as águas, trazendo danos para o meio ambiente e para a saúde humana. Com a rápida modernização das tecnologias, os aparelhos tornam-se ultrapassados em uma velocidade assustadora. Na composição dos equipamentos eletrônicos existem substâncias tóxicas como mercúrio, chumbo, cádmio, belírio e arsênio – altamente perigosos à saúde humana.
A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu em 22 de fevereiro de 2010 medidas urgentes contra o crescimento exponencial do lixo de origem eletrônica em países emergentes como o Brasil. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) apresentou um relatório que ressalta a urgência de estabelecer um processo ambicioso e regulado de coleta e gestão adequada do lixo eletrônico uma vez que a geração desse lixo cresce mundialmente a uma taxa de cerca de 40 milhões de toneladas por ano.
Casemiro Tércio Carvalho, coordenador de planejamento ambiental da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, credita a posição do Brasil à ampliação da inclusão digital no país e ao aumento do poder aquisitivo das classes C, D e E. Para o professor Fernando S. Meirelles, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), a questão do lixo eletrônico no Brasil não é necessariamente um problema de governo. "É um fator cultural. O mercado de reciclados ainda é muito incipiente e não há coletores suficientes."
Embora ainda tramite no Senado o projeto de lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (aprovado pela Câmara dos Deputados em março de 2010 após 19 anos de tramitação), é possível fazer alguns comentários sobre o conjunto de obrigações legais que estruturarão juridicamente, no Brasil, a Logística Reversa (o retorno do equipamento usado para o fabricante ou comerciante), que tem como implicação a Responsabilidade Compartilhada entre os Produtores/Fabricantes, os Comerciantes e Distribuidores, e os Consumidores. Está visto que não adianta a boa vontade dos consumidores se não existir uma infraestrutura de recolha do lixo eletrônico. É essa falta de estrutura que representa o grande entrave na política de gestão prevista na PNRS. Não podemos ignorar que a nossa cultura de gestão de resíduos é "zero". Daí porque o planejamento de política pública é o ponto inicial para qualquer medida que pretenda ser eficaz nessa área.


(Adaptado das seguintes fontes: http://www.e-lixo.org/elixo.html (acessado em abril de 2010), www.uol.com.br por Juan Palop (publicada em 22.02.2010) e http://lixoeletronico.org por Diogo Guanabara (publicado em 20.04.2010))


EXEMPLO DE EDITORIAL


Cuba e os direitos

Dilma Rousseff desembarcou em Cuba no penúltimo dia de janeiro. O Brasil concedera, dias antes, um visto de entrada para a blogueira cubana dissidente Yoani Sánchez, que pretendia participar do lançamento, na Bahia, de um documentário sobre a liberdade de imprensa em Cuba e em Honduras. Contudo, o gesto brasileiro circunscreveu-se à emissão do visto. A presidente nem sequer respondeu a uma solicitação da blogueira por um encontro em Havana. O assessor de política externa Marco Aurélio Garcia afirmou que a obtenção da indispensável autorização cubana de viagem era “um problema de Yoni”. A dissidente não obteve a autorização, na sua 19ª tentativa.
A visita de Rousseff coincidiu com a realização de uma aguardada conferência do Partido Comunista Cubano (PCC), que debateu a continuidade das reformas no país. O discurso de Raul Castro perante a conferência dissolveu as parcas expectativas existentes. Castro reafirmou, para surpresa de ninguém, que as reformas não alterariam em nada o sistema unipartidário cubano. Porém, avançando um pouco além, o ditador explicou que o PCC é a representação única da nação cubana, pois outros partidos ou outras correntes políticas seriam, inevitavelmente, expressões dos interesses estrangeiros operando dentro de Cuba.
No passado, regime de partido único do “socialismo real” justificavam-se com o argumento de que outros partidos expressariam os interesses das “elites” ou da “burguesia”. Afirmar, entretanto, que expressariam interesses “estrangeiros” é mais grave, pois abre caminho para definir qualquer atitude de contestação política como ato de guerra ou espionagem. Cuba engaja-se em reformas econômicas que implicam a demissão de centenas de milhares de funcionários empregados pelo Estado. Quando o regime recusa autorização de viagem para Yoani, uma cidadã contra a qual não pesam processos judiciais, está violando o direito de ir e vir, consagrado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, de todos os cubanos. Quando Castro identifica o PCC à nação cubana, está dizendo que protestos contra as demissões em massa poderão ser classificados como gestos de traição à pátria. As duas atitudes devem merecer um mesmo repúdio. (Mundo - Geografia e Política Internacional. Março/2012)

Nenhum comentário: