quarta-feira, 8 de junho de 2011

TEXTO 1:

Brasil Sem Homofobia


Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra GLTB e de Promoção da Cidadania Homossexual


http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---ed_protect/---protrav/---ilo_aids/documents/legaldocument/wcms_127701.pdf


TEXTO 2

Homossexualidades, homofobia e tentativas de suicídio em adolescentes LGBT

retirado do site:http://www.fazendogenero.ufsc.br/8/sts/ST50/Teixeira_Filho-Marreto_50.pdf)
Os estudos sobre as homossexualidades não desconsideram as implicações da homofobia na construção das identidades de gêneroe sua relação com os pensamentos e tentativas de suicídio entre adolescentes ditos lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual ou transgêneros (LBGT).
A histórica naturalização da heterossexualidade como referência à normalidade do comportamento e identidade sexual, também conhecida como heteronormatividade (BUTLER, 20003; RICH, 1999), favorece a emergência e reforça as relações machistas entre os gêneros (WELZER-LANG, 2001). Segundo Castañeda (2006, p. 18), o machismo “pode ser definido como um conjunto de crenças, atitudes e condutas que repousam sobre duas idéias básicas: por um lado, a polarização dos sexos, isto é, uma contraposição do masculino e do feminino segundo a qual são não apenas diferentes, mas mutuamente excludentes;por outro, a superioridade do masculino nas áreas que os homens consideram importantes. Assim, o machismo engloba uma série de definições sobre o que significa ser homem e ser mulher, bem como toda uma forma de vida baseada nele”. Tal superioridade é o que legitima a violência contra a mulher e/ou ao feminino que se atualiza no corpo masculino (ARILHA, 1998; BALDERSTON, 1997; CÁCERES et al, 2002; CECCHETTO, 2004; KIMMEL, 1998). Desses dois processos derivam, portanto, os processos de estigmatização em relação às identidades ditas não heterossexuais, que aqui chamaremos de homofobia.
Por homofobia, entendemos o descrédito, a opressão, a violênciaem relação aos homossexuais ou àqueles que são presumidos serem (BORRILLO, 2000; ERIBON &HABOURY,2003). A homofobia pode se manifestar tanto a partir da própria pessoa homossexual em relação a si própria, às outras pessoas homossexuais ou a tudo que fizer referência à homossexualidade em si ou nos outros, como também poderá partir de pessoas não homossexuais em relação à pessoa homossexual ou a tudo aquilo que remeta à homossexualidade (ERIBON, 1999) A homofobia aparece como uma defesa psíquica e social que visa afastar todo e qualquer questionamento ou desestabilização da heteronormatividade, fundando, assim, bases para a construção do masculino (CONNELL, 1995; 1997; 1998) e opressão, rejeição e exclusão à tudo que diverge à essa normativa. Por força da quantidade e qualidade desta opressão, aqueles ou aquelas que enfrentam o heterosexismo/machismo, em geral, são oprimidos, rejeitados e excluídos de muitos direitos e, ao que parece, quando se trata de enfrentar essa opressão na adolescência, em muitos casos, os efeitos podem ser o aparecimento de pensamentos e tentativas de suicídio (D’AUGELLI, 2001 et al; STURBIN, 1998; SAVIN-WILLIANS, 2005).


TEXTO 3

Brasil é campeão em homicídios homossexuais

(http://www.afolha.com.br/noticias.php?noticia=1996)

No ano passado, 260 gays, lésbicas e transexuais foram assassinados no país

Relatório divulgado no início dessa semana pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) mostrou números alarmantes da violência motivada pelo preconceito no Brasil. Segundo a entidade, 260 gays, travestis e lésbicas foram assassinados em 2010, uma média de uma morte a cada 36 horas. Entre as vítimas, 140 eram homossexuais do sexo masculino (54%), 110 eram travestis (42%) e 10 eram lésbicas (4%).
O número é 31% maior do que o registrado em 2009, quando 198 homossexuais foram assassinados. Nos últimos cinco anos, aumentou em 113% o número de assassinatos de homossexuais registrados no país. Apenas nos três primeiros meses de 2011, 65 homossexuais foram assassinados. Os números de 2010 colocam o Brasil em primeiro no ranking de países onde são cometidos mais assassinatos de homossexuais. O risco de um homossexual ser morto violentamente no Brasil é 785% maior que nos Estados Unidos.
Para Phamela Godoy, vice-presidente da ONG Visibilidade LGBT, os números retratam uma escalada da violência contra os homossexuais no Brasil. “Esse levantamento é feito com base nos casos que saem na mídia, mas têm muitos outros que ninguém fica sabendo” garante. Para ela, o grande número de assassinatos é em parte culpa da falta de legislação sobre o tema. Atualmente, ao contrário do que acontece com o racismo, a homofobia não é considerada crime. “Isso pode mudar caso o PLC [Projeto de Lei da Câmara] 122, que criminaliza a homofobia, seja aprovado” afirma Phamela. Hoje o projeto encontra-se em tramitação no Senado.
Para Alexandre Sanches, presidente da ONG, o índice de assassinatos de homossexuais é a homofobia levada a extremos. “Essa á apenas a ponta do iceberg. A homofobia não se manifesta apenas nos assassinatos, mas também nas piadinhas, xingamentos e agressões. O homossexual não tem para onde fugir, ele é discriminado na escola, no trabalho, e até em casa, já que muitas famílias não o aceitam” diz Sanches. Por isso, Phamela afirma que não basta só punir a homofobia, deve-se também encontrar formas de mudar a cultura que muitas vezes incentiva o ódio aos homossexuais. O caso recente do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que deu declarações homofóbicas em um programa de TV, reafirma sua avaliação. “Declarações como a do Bolsonaro só legitimam politicamente a homofobia. Tanto é que os casais homossexuais brasileiros atualmente não têm nem direito a união civil” diz Pamela, citando outra reivindicação, que juntamente com a aprovação do PLC 122, é uma das principais bandeiras dos homossexuais no país.
Para Phamela, os homossexuais de São Carlos vem galgando passos importantes na luta contra o preconceito nos últimos anos. Ela cita como exemplos a criação do Conselho Municipal da Diversidade Sexual e o apoio da Prefeitura a iniciativas como a Parada Gay da cidade, que vai para sua terceira edição. “Com esse trabalho nós estamos conscientizando a população da cidade que nós estamos aqui, somos muitos e exigimos os nossos direitos” diz Phamela. Segundo ela, um sinal de que isso vem dando certo foi o aumento no número de participantes da Parada Gay, que teve 22 mil pessoas no primeiro ano e saltou para 40 mil no ano passado. “E muitas pessoas que vieram prestigiar a parada não são somente da comunidade LGBT, mas também muitas famílias heterossexuais, com crianças, idosos” diz.
No momento, a ONG trabalha em parceria com o poder público na criação de um plano municipal de combate à homofobia e de uma divisão da Prefeitura para colocá-lo em prática.

Nenhum comentário: