sexta-feira, 28 de setembro de 2012

PARALELISMO

"PARALELISMO: MAIS UM RECURSO DE COESÃO TEXTUAL


•Os paralelismos são também recursos de coesão textual. Sua função é veicular informações novas através de determinada estutura sintática que se repete, fazendo o texto progredir de forma precisa. Tomemos a seguinte frase: Falava-se da chamada dos conservadores ao poder e da dissolução da Câmara. O conector e soma duas informações vinculadas ao verbo falar (falava-se de). Ambas vêm precedidas da mesma preposição (de), constituindo assim um paralelismo. Se esquematizarmos a frase, veremos com mais clareza a construção:

Falava-se

da chamada dos conservadores ao poder

e

da dissolução da Câmara

Os dois segmentos de frase formam, portanto, construção paralelas. Se sempre observarmos esse tipo de construção, o texto se tornará mais coeso e, consequentemente, mais claro.


•Os paralelismos mais frequentes ocorrem

1.com as conjunções

a)e; nem – Ele conseguiu trnasformar-se no comandante das Forças armadas e no homem forte do governo.
b)não só/mas também – O projeto não só será aprovado, mas também posto em prática imediatamente.
c)mas – Não estou descontente com seu desempenho, mas com sua arrogância. -;
d)ou – O governo ou se torna racional ou se destrói de vez.
e)tanto…quanto – Estamos questionando tanto seu modo de ver os problemas quanto sua forma de solucioná-los.
f)isto é, ou seja - Você devia estar preocupado com seu futuro, isto é, com sua sobrevivência.

2.com as orações justapostas - aquelas que são coordenadas sem conectivos – O governo até agora não apresentou nenhum plano para erradicar a miséria, não criou nenhum programa de emprego, não destinou os recursos necessários para a educação e a saúde.

Paralelismo sintático e semântico - No paralelismo sintático, as formas devem ser paralelas (substantivo com substantivo, verbo com verbo, oração com oração, artigo com artigo etc.), como, por exemplo, em Depois do período militar brasileiro, de 64 a 79, o excesso de liberdade e a falta de rigidez na instrução dos filhos surgem como consequência da repressão e do autoritarismo que os pais vivenciaram décadas atrás. No paralelismo semântico, os sentidos devem ser paralelos como, por exemplo, em Não só todos ficaram perplexos mas também partiram desesperançados.

•Os casos mais comuns de paralelismo ocorrem dentro da frase, mas podem ocorrer de uma frase para outra e até mesmo entre parágrafos. Nestes casos, o que se procura é tirar efeitos estilísticos de seu emprego, como mostraremos nos exemplos a seguir:

Paralelismo em sequência de frases: “Pobre só tem dinheiro. Chama-se cruzeiro. Pobre não tem casa, não tem carro. Pobre não tem emprego, não tem salário. Pobre só tem dinheiro do dia – exatamente o único valor não indexado da economia.” (Joelmir Betting)

Paralelismo entre parágrafos:

“(…) este livro traz uma boa e uma má notícia.
A má: agora mesmo, neste exato instante em que você está lendo este parágrafo, há um batalhão de candidatos, querendo seduzi-lo e trapaceá-lo, abocanhando seu voto. Ou seja, você corre o risco de fazer o papel de bobo.
A boa: agora mesmo, neste exato instante em que você está lendo este parágrafo, você começa a conhecer segredos e pode evitar as armadilhas preparadas por este batalhão de candidatos que disputam a presidência da República, governos estaduais, duas vagas para o Senado em cada Estado, Câmara dos Deputados e Assembléias Legislativas.” (Gilberto Dimenstein)


•Nem sempre a ausência de paralelismo significa erro de estruturação. Cláudio Abramo, um dos maiores jornalistas brasileiros, não observou o paralelismo na seguinte frase:

“Nos tempos modernos, devido a influências várias e por causa de jornalistas com pendores literários, a reportagem perdeu seu aspecto de narrativa fria (…)”. Ninguém pode dizer que o desrespeito ao paralelismo constitui aí um erro. Se Abramo o tivesse observado, teria escrito da seguinte forma: “Nos tempos modernos, devido a influências várias e a jornalistas com pendores literários, a reportagem perdeu seu aspecto de narrativa fria (…)”.

Compare as duas frases e verá que a primeira é melhor que a segunda, pois, ao mudar o conectivo, ele coloca em relevo a segunda causa, chamando nossa atenção para o papel de alguns “jornalistas” na mudança de estilo da reportagem moderna. Se o paralelismo tivesse sido observado à risca, as duas causas teriam o mesmo nível de importância e, assim, se perderia o efeito do sentido imaginado pelo autor.


Atenção: os paralelismos devem ser usados desde que tragam força, clareza e equilíbrio à frase. Caso contrário, não devem ser forçados."


Fonte: Roteiro de argumentação – lendo e argumentando

Nenhum comentário: